(Sawitree Pamee / EyeEm/Getty Images)
Mariana Martucci
Publicado em 1 de abril de 2021 às 09h00.
Se você é gestor de uma grande empresa, a essa altura é provável que o seu bônus já esteja atrelado a algum indicador de ESG. Se ainda não estiver, é bom ficar sabendo que muito em breve estará.
O alinhamento da remuneração variável de executivos a metas de sustentabilidade é uma das dez tendências de finanças sustentáveis para o Brasil em 2021, reunidas no relatório divulgado em março pela Sitawi, uma OSCIP (organização social de interesse público) brasileira que já foi eleita uma das cinco melhores fornecedoras de pesquisas socioambientais para investidores globais.
O relatório é denso, detalhado e muito técnico. Fala dos diversos instrumentos de financiamento, de avaliação de impacto, da diversificação de fundos, da mudança que deve ocorrer nos green bonds e de como o mercado de dívida sustentável do Brasil se consolidou de um jeito diferente em relação a outros países do mundo.
Você sabia que mudanças climáticas estão a caminho do compliance das instituições financeiras? Está lá no relatório.
Mas vamos nos ater à tendência de número 9, que fala do bônus do pessoal. Muitas organizações no mundo e no Brasil já atrelaram metas de sustentabilidade à remuneração variável dos executivos.
Não estamos falando de métricas de reputação e desempenho em SSO (Saúde e Segurança Organizacional), que são usadas há um bom tempo. De uns anos para cá, começaram a pipocar outras, como manejo de resíduos, emissões de carbono e diversidade em cargos de liderança.
O principal desafio das empresas neste quesito é tirar o foco do resultado no curtíssimo prazo para começar a mirar naquilo que será muito mais importante no decorrer do tempo.
Para garantir a perenidade nos compromissos, instrumentos de governança que incentivem o comprometimento dos executivos com a agenda ESG devem ser mais largamente utilizados. O relatório da Sitawi cita dois deles: o time vesting e o clawback.
O primeiro diz respeito ao tempo que o profissional deve esperar para poder alienar as ações recebidas como forma de remuneração variável. E o objetivo do segundo é garantir a devolução da remuneração caso o desempenho atrelado não se mantiver no longo prazo, por má gestão ou decisões temerárias. Ih, já pensou? Devolver o dinheiro? É isso mesmo.
A tendência de focar esforços – e bônus – em temas materiais para o negócio e atuais para as pessoas e o planeta é inexorável. Penso que as companhias que ainda não estão olhando para isso certamente serão impelidas a fazê-lo. Do contrário, a obtenção crédito será mais difícil, os ativos ficarão menos valorizados e a atração de gente boa para trabalhar se tornará mais árdua.
*Renato Krausz é sócio-diretor da Loures Comunicação
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TAGs: Bússola ESG, sustentabilidade, gestão, mudanças climáticas, compliance