Venda de carros usados (Marcelo Camargo/ABr/Agência Brasil)
Bússola
Publicado em 10 de novembro de 2022 às 17h30.
A indústria de veículos automotores vem passando por mudanças radicais. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) divulgou seu Relatório de Frota Circulante deste ano com um dos dados mais sintomáticos dessa mudança: em dez anos, o número de veículos novos no Brasil caiu quase pela metade, enquanto os com tempo de uso entre 6 e 15 anos corresponde a 57,4% dos que estão em circulação.
As justificativas são muitas e já conhecidas no meio: crise econômica iniciada em 2014, efeitos da pandemia nas cadeias de produção global aumentando o valor de veículos de fábrica, novas tecnologias e fontes de energia sustentáveis impactando o setor etc. Com a escalada de preços dos novos, o mercado de usados ganhou novo impulso, com aumento de demanda, bem como do tempo de vida útil e de circulação dos veículos.
Este cenário tem atraído a chegada de novos modelos de negócios ao Brasil. Uma das empresas que vêm aproveitando os ventos de mudança do setor é a Copart, especializada na organização de leilões de veículos usados. A companhia iniciou suas operações no Brasil bem no início dessa transformação, há exatos 10 anos, quando operava apenas no estado de São Paulo. Hoje, já está presente em 10 estados, nas cinco regiões do país, sendo responsável pela organização de cerca de 3 mil leilões que viabilizaram a comercialização de mais de 400 mil veículos até o momento.
Entre seus clientes estão tanto pessoas físicas quanto seguradoras, bancos e locadoras de carros. Os veículos que a Copart coloca em leilão podem ter basicamente dois tipos de destinação: 1) retornar à frota circulante, neste caso em geral após reparos de danos já previamente conhecidos pelo arrematante; 2) servir por meio de suas peças e componentes a desmanches legalizados.
O CEO global da empresa, Jeff Liaw, afirma que, sem uma empresa como a Copart para facilitar essa reutilização de veículos que foram retirados das ruas devido a questões legais, acidentes ou desgaste, “esses carros teriam que sumir de alguma maneira ou serem destruídos”. Com a Copart garantindo ao comprador segurança na transação e uma avaliação assertiva dos veículos que disponibiliza, ele sabe exatamente o que está adquirindo, por um valor competitivo.
Como mais da metade da frota em circulação no país é de veículos usados, o modelo de negócio da Copart vem de necessidades alinhadas a práticas ESG, perseguindo uma das principais características da sustentabilidade: a de estender a vida útil de um bem durável pelo máximo tempo possível.
Jeff afirma que, em comparação com outros mercados, no Brasil, a Copart tem uma marca bem mais desenvolvida para pessoas físicas que nos mercados americano e europeu. Como a companhia também prioriza a experiência do consumidor (a empresa tem certificado RA 1000 do Reclame Aqui), “esse cliente vai levar a boa experiência de compra para outras pessoas, que também utilizarão novamente os leilões organizados pela Copart em suas futuras transações.”
Assim, a empresa consegue estender a vida útil de veículo enquanto engrena um efeito “flywheell” com sua base de clientes. O termo descreve o efeito do volante de inércia, que acontece quando pequenas vitórias para um negócio se acumulam com o tempo e eventualmente ganham tanto impulso que o crescimento quase parece acontecer por si só. Como uma das fontes de receita da Copart são as taxas cobradas por transações, pode conseguir a partir de um veículo mais de uma transação, enquanto estende ao máximo possível a vida útil desse bem durável.
Por seu modelo de negócios retardar a depreciação de veículos, mantendo-os úteis por mais tempo antes de virarem descarte, a empresa fez um levantamento interno para dimensionar a sustentabilidade do seu business. Basicamente, calculou quanto os veículos leiloados, ao voltar a circular, economizam em emissão de dióxido de carbono, caso a mesma quantidade de autos fosse fabricada. Considerou ainda, nesta base de cálculo, as emissões de todas as suas operações (da movimentação de transporte terrestre e aéreo de seus executivos, passando pela energia consumida em escritórios e eventos).
Como resultado deste levantamento, a Copart ajuda a evitar a emissão de 100 vezes mais dióxido de carbono na atmosfera, ao estender a vida útil de usados, equilibrando a demanda por novas unidades e evitando essa pegada de carbono que seria emitida ao longo do processo fabril.
O presidente da Copart no Brasil, Adiel Avelar, lembra que práticas ESG também passam pelo social, uma frente abraçada pelo modelo de negócio. “A nossa plataforma possibilita que pessoas possam adquirir meios de transporte por um valor mais acessível, retornando às ruas após algum reparo. Este conceito é replicado nas unidades da Copart pelo mundo: pessoas em busca de veículos baratos para trabalharem, estudarem, facilitarem as suas rotinas e serem produtivos.”
Ao completar 10 anos de operações no Brasil com crescimento constante e sustentável, a empresa quer seguir investindo no território nacional. Em curto prazo, quer expandir ainda mais as operações e o números de pátios. “O negócio da Copart é investir na prosperidade de nossos clientes por 10, 20, 50 anos à frente. Não é sobre a quantidade de dinheiro que conseguimos fazer nesta semana, neste ano. É sobre garantir que nossos parceiros tenham uma vantagem duradoura nessa relação, e que consigam o máximo de valor possível em todas as transações futuras que venham a fazer com um mesmo veículo”, dizJeff.
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