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Aquecimento global: somos inertes e ignorantes, porém conscientes

Pesquisa com brasileiros sobre mudanças climáticas mostra que as mulheres e os jovens estão mais antenados ao problema

Emissões: aumento das concentrações de dióxido de carbono contribui para o aquecimento do Planeta (starekase/Thinkstock)

Emissões: aumento das concentrações de dióxido de carbono contribui para o aquecimento do Planeta (starekase/Thinkstock)

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André Martins

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 16h26.

Última atualização em 15 de abril de 2021 às 14h01.

A pesquisa divulgada na semana passada pelo Ibope sobre a percepção dos brasileiros em relação às mudanças climáticas revelou que somos um bicho estranho diante do aquecimento global. Trouxe um importante alerta para as empresas e apontou onde possivelmente reside nosso poder de transformação.

Vamos por partes. Apesar de uma elevada consciência do problema (92% sabem que o aquecimento global está em curso, 88% acreditam que ele vai prejudicar gerações futuras e 72% reconhecem que ele já será prejudicial a si e a suas famílias), os brasileiros não estão se mexendo muito para descascar o abacaxi: apenas 17% já tomaram alguma iniciativa como participar de protestos ou abaixo-assinados.

E mais: só uma em cada quatro pessoas afirma ter amplo conhecimento sobre mudanças climáticas ou aquecimento global. É o tal negócio: sei que existe e que faz mal, mas não sei exatamente como funciona.

A reação do brasileiro fica mais assertiva quando a pergunta é sobre hábitos de consumo. Mais da metade dos entrevistados (59%) deixou de comprar ou usar algum produto que prejudique o meio ambiente.

Este é o importante recado às empresas que mencionei na abertura: aquelas que ainda titubeiam em incorporar a agenda ESG na essência do negócio certamente enfrentarão problemas cada vez mais graves de credibilidade e reputação daqui em diante.

Para completar, a grande maioria da população (77%) considera mais importante proteger o meio ambiente, mesmo que isso signifique menos crescimento econômico e menos empregos. Somente 14% defendem o contrário, ou seja, que o crescimento econômico deve vir em primeiro lugar, mesmo que prejudique o meio ambiente.

O desassossego com o tema não é uniforme na população. As mulheres e os jovens se mostraram mais conscientes e mais preocupados. Na turma de 18 a 24 anos, 86% dos entrevistados consideram a questão do aquecimento global muito importante. O percentual cai para 65% entre os que têm mais de 55 anos.

O público jovem, como já demonstraram outros estudos, é justamente o mais propenso a cobrar as empresas pelo o que estão fazendo para melhorar a vida no planeta.

A pesquisa atestou também que as mulheres dão mais atenção que os homens ao assunto: 68% delas se dizem muito preocupadas com o meio ambiente, contra 53% deles.

Na vida prática, essa diferença é visível. Em dezembro do ano passado, escrevi neste espaço a respeito de um estudo da Bloomberg que mostrava a evolução das emissões de gases de efeito estufa entre empresas com e sem mulheres no conselho (leia).

O que nos permite concluir, com uma certa base científica e uma réstia de esperança, que as mulheres e os jovens salvarão o mundo.

*Sócio-diretor da Loures Comunicação

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