Além de estimular funções importantes para seu desenvolvimento, ele também coleta dados comportamentais. (Thitaree Sarmkasat/Getty Images)
Bússola
Publicado em 20 de abril de 2022 às 19h27.
Fundado em 2018, o Jade Autism se propõe a ajudar a desenvolver a habilitação cognitiva de pacientes autistas por meio da gamificação. Para isso, o aplicativo reúne uma ampla gama de jogos e fases que consegue atender pacientes dos mais diversos graus dentro do espectro autista.
“O autismo é uma condição cujo tratamento não pode ter seus resultados mensurados por simples comparação entre pacientes. Cada um tem sua própria jornada e precisa ser acompanhado individualmente”, afirma Ronaldo Cohin, CEO e fundador da startup.
O aplicativo oferece mais de 1.500 níveis diferentes de jogos nos quais as crianças participam por si só. Além de estimular funções importantes para seu desenvolvimento, ele também coleta dados comportamentais que se tornam relatórios de prognóstico e de desempenho, que podem ser analisados pelos professores e terapeutas.
No último dia 2 foi comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), é estimado que exista atualmente um caso de autismo a cada 110 pessoas no mundo. Dessa forma, o Brasil, com um pouco mais de 200 milhões de habitantes, tem cerca de dois milhões de autistas. O Jade Autism foi criado para atender a todas essas pessoas ao redor do mundo.
O aplicativo foi desenvolvido como um Trabalho de Conclusão de Curso de graduação e foi vencedor do prêmio Campus Mobile da Universidade de São Paulo (USP), que reconhece talentos desenvolvedores de aplicativos para dispositivos móveis.
“Depois dessa premiação, as coisas aconteceram muito rápido. Nosso primeiro investimento foi resultado disso, ainda em 2018. No segundo semestre daquele ano, entramos para a aceleração do InovAtiva Brasil e mergulhamos nas mentorias e oportunidades do programa”, diz Ronaldo.
O aplicativo pode ser baixado individualmente nos smartphones, mas o foco principal do empreendedor é na sua implementação em escolas, políticas públicas e instituições como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), que os apoiou no desenvolvimento inicial do produto.
“Determinações de políticas públicas são a principal característica que buscamos para avaliar nosso fit com mercados internacionais. Nós procuramos a oportunidade de fechar um contrato com uma organização pública ou privada que seja capaz de distribuir o serviço para uma grande base de usuários”, afirma Ronaldo.
O Jade nasceu com o propósito de ser global, e foi criado em português, espanhol e inglês. Em 2019, Ronaldo participou do ciclo Toronto do StartOut Brasil e hoje atua em 149 países, com mais de 110 mil usuários ativos. “Estamos atualmente baseados em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos”, diz o empresário.
Chamado de “mês azul”, abril é o mês mundial do autismo. Para o CEO, é importante existir um período em que o autismo é discutido globalmente. Ele é uma condição que parte de um espectro onde é impossível discutir a evolução de pacientes de forma generalizada. O tratamento é sempre feito individualmente.
“É essencial que o poder público compreenda que ações de apoio a famílias que lidam com crianças no espectro são indispensáveis. Tivemos avanços, mas mais investimentos precisam ser feitos nesse quesito”, declara Cohin.
O profissional ainda fala sobre o poder transformador da tecnologia na sociedade e a importância do desenvolvimento de soluções inovadoras para este público. “Nosso trabalho é solucionar problemas que as pessoas já até se acostumaram, mas precisamos melhorar sua qualidade de vida”, declara Ronaldo.
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