Crescimento do número de pedidos foi de impressionantes 213% (Foto/Thinkstock)
Bússola
Publicado em 28 de abril de 2022 às 16h00.
Última atualização em 28 de abril de 2022 às 16h08.
Por Andréa Fernandes*
Entre as melhores coisas da vida, sem dúvida está comer e beber! Eu adoro reunir meus amigos em volta de uma mesa. E hoje vou escrever sobre esse tema — que é minha paixão — e que vem ganhando espaço no e-commerce, que é a categoria de Alimentos & Bebidas.
Já tive passagens tanto pelo setor de alimentos quanto o de bebidas. Comecei minha carreira como produtora de eventos e trabalhei para muitos players desse mercado. Depois, fui para a Ambev, onde pude mergulhar profundamente no universo de bebidas. Já prestei consultoria em alimentos para a BRF e para o mercado de chocolates. E na minha passagem pela Kraft Heinz trabalhei na área de Infant (alimentação infantil), o que me deu uma perspectiva diferente, de olhar para a comida por um outro viés, pensando não somente na questão da saúde mas também dos sabores, aromas e a relação afetiva que desenvolvemos com comidas e bebidas desde que somos pequenos.
Para mim, entender o ser humano por essa perspectiva é muito legal — e existe aí uma oportunidade maravilhosa para o e-commerce. Não por acaso, a Neotrust, nossa empresa de inteligência de dados, decidiu fazer um relatório específico sobre a categoria de Alimentos & Bebidas. E vou compartilhar alguns números aqui com vocês, meus leitores da Bússola.
Os dados mostram que a categoria teve um boom no primeiro ano da pandemia tanto em número de pedidos quanto em faturamento. O crescimento do número de pedidos foi de impressionantes 213%. As vendas saltaram de aproximadamente R$ 1 bilhão, em 2019, para R$ 2,4 bilhões em 2020. E o ritmo não caiu em 2021 — a categoria chegou a um faturamento de R$ 2,8 bilhões no e-commerce.
O relatório da Neotrust mostra que, na preferência dos brasileiros, quando o assunto é alimentos, tanto por número de pedidos quanto por faturamento, aparecem produtos de bomboniere, doces e sobremesas, frios e laticínios, carnes, aves e pescados, condimentos e hortifruti.
A análise dos dados de bebidas mostra que a liderança em pedidos ficou com cervejas e chope — que já fazem parte da cultura nacional e estão muito associadas a momentos de celebração. Mas, quando o assunto é faturamento, vinhos e whisky, que tem um tíquete médio mais elevado, se destacam. Mas os números indicam também que o brasileiro gosta de consumir em seu cotidiano refrigerantes e sucos.
O consumidor tem fome e sede de variedade de produtos, de novidades, de estratégias que melhorem cada vez mais a experiência de compra. E a projeção da Neotrust para este ano é de um novo crescimento de 18% em faturamento em Alimentos & Bebidas. Ou seja, há um mundo de possibilidades a ser explorado pelo varejo aqui.
Se tem uma categoria em que a qualidade do produto é fator primordial, essa categoria é Alimentos & Bebidas. Antes da pandemia, era até difícil acreditar que as pessoas comprariam frutas e verduras online sem olhar ou tocar os produtos. Mas o fato é que essa virada já aconteceu para muita gente. E aí as pessoas querem poder optar se compram uma banana mais verde ou mais madura, por exemplo, e esperam que o produto que chegue até elas tenha qualidade.
Tempo de entrega também se tornou um fator determinante na escolha do consumidor. É fato que existem muitas compras que são programadas, o que garante previsibilidade, mas essa é uma categoria em que as pessoas decidem adquirir algo porque querem consumir no mesmo dia, ou até mesmo dali algumas horas ou minutos. Quem nunca estava cozinhando e se viu sem um ingrediente? O que era um problema que demandava uma ida ao mercado e poderia até estragar uma receita que já estava no fogo, hoje pode ser resolvido a um clique, com uma entrega superágil.
Ampliar o leque de opções e ser transparente também é fundamental. Muitas vezes, nesse tipo de compra, estamos lá enchendo o carrinho e clicamos em algo que está com baixo estoque ou acabou. É nesse momento que é preciso dar outras opções de marca ou produto ou ter um reembolso que não traga dor de cabeça.
Acredito que ainda não há um aproveitamento total da tecnologia para trabalhar um universo tão rico quanto este. Vou fazer uma analogia que acho que traduz bem isso. Com a chegada da pandemia, e por uma questão de protocolos, os restaurantes deixaram de lado os cardápios de papel e optaram pelo menu em QR Code. Nessa migração, o que aconteceu na quase totalidade dos casos foi que o cardápio no QR Code é uma simples réplica da versão de papel, quando, na verdade, há na tecnologia um mundo de possibilidades, de fotos que poderiam compor o menu, com histórias do prato, do chef, do restaurante — mas que sequer foram exploradas. O cardápio em QR Code cumpre sua função? Sim. Mas poderia ser muito melhor? Com certeza.
É esse o paralelo que traço com o que temos hoje em Alimentos & Bebidas. O e-commerce conseguiu atender a uma demanda crescente dos brasileiros nessa categoria e fez um trabalho incrível diante da pandemia. Mas chegou a hora do próximo passo, de explorar um mundo de conteúdos que podem deixar ainda mais saborosa essa experiência de compra desses produtos. E aí o céu é o limite.
*Andréa Fernandes é CEO do TGroup
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