O eleitorado brasileiro, em sua maioria, não possui vínculos fortes com nenhum dos lados, aponta pesquisa (Patricia Monteiro/Bloomberg)
Bússola
Publicado em 29 de julho de 2021 às 14h07.
Por André Jácomo*
Desde 2018, as análises políticas vêm apontando para o fenômeno da polarização política na opinião pública brasileira. De fato, há dois lados muito claros, antagônicos e que se dualizam nos principais temas da agenda política brasileira. O retrato tirado pelos institutos de pesquisa desse atual momento da corrida eleitoral passa a impressão que o eleitorado brasileiro é formado basicamente por petistas e bolsonaristas.
De fato, ambas as identificações políticas são as mais notáveis, uma vez que são eleitores com preferências mais intensas e mais motivadas. Mas será mesmo que os eleitores brasileiros estão divididos segundo essa divisão bipolar da disputa política presidencial?
Um estudo recente realizado pelo Instituto FSB Pesquisa, com uma amostra representativa dos eleitores do país, mostrou que o eleitorado brasileiro, em sua maioria, não possui vínculos fortes com nenhum dos lados mais salientes da disputa política.
Em uma classificação criada a partir do resultado agregado de duas perguntas, sobre a preferência e rejeição partidária, a pesquisa mostrou que a indiferença é traço mais característico do eleitor brasileiro.
Ao todo, são 38% do eleitorado que não preferem nenhum partido político, mas que também não rejeitam nenhum outro. Quase que sósias dos indiferentes, há também os apartidários. Estes, são classificados como o eleitor que não gosta de nenhum partido, mas que rejeita pelo menos uma agremiação política. Os apartidários representam 22% dos eleitores. Há, portanto, 60% da opinião pública que está fora da polarização política.
E bolsonaristas e petistas? A pesquisa mostrou que 28% são classificados como antiesquerda. Estes eleitores rejeitam partidos de esquerda, como PT ou PSOL, mas não necessariamente preferem algum partido de direita. Por fim, há 13% dos eleitores que inclinam suas preferências políticas mais aos partidos de esquerda. A soma dos percentuais soma 101% por conta dos arredondamentos.
Na disputa de rejeições entre Lula e Bolsonaro, vai se dar bem o candidato que conseguir fazer o eleitor se posicionar em um dos lados do muro (ou até mesmo em outro lado, talvez).
*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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