Bombeiros apagam fogo em universidade após bombardeio de Kharkiv, na Ucrânia. (SERGEY BOBOK/AFP/Getty Images)
Bússola
Publicado em 4 de março de 2022 às 16h15.
Por André Jácomo*
No começo da guerra entre Ucrânia e Rússia, uma das cenas mais registradas pelos veículos internacionais que trabalham na cobertura do conflito são ucranianos hasteando ou vestindo bandeiras como forma simbólica de resistência.
O fenômeno do nacionalismo florescido em tempos de conflitos é um dos mais registrados por estudos de comportamento político e opinião pública desde meados do século passado. A ciência política chama esse fenômeno de rally around the flag ou o “efeito da volta da bandeira” causado por eventos importantes, internos ou externos, que abalam e unificam a opinião pública de um país.
Após dez dias do início do conflito em território ucraniano, algumas pesquisas de opinião conduzidas com a população do país mostram claramente como a população ucraniana reagiu com aumento da dose de nacionalismo após a invasão russa.
Uma pesquisa realizada no primeiro dia de março pelo Rating Group Ukraine, um instituto de pesquisas local, com uma amostra de 1.200 entrevistas e representativa da sociedade ucraniana, mostrou que o atual Presidente da República Volodymyr Zelensky atualmente goza de popularidade inédita, com taxa de aprovação de 93%.
Vale destacar que o presidente ucraniano praticamente triplicou sua popularidade desde de dezembro. O mesmo instituto mediu em dezembro e em fevereiro uma taxa de popularidade ascendente de 35% e 55% nos respectivos meses.
O nacionalismo também se revela em outros dados da pesquisa. Há uma grande maioria (80%) dos entrevistados que se diz disposta a defender a integridade do território ucraniano com armas, assim como também cresceu a aprovação da entrada da Ucrânia na União Europeia e na Otan.
Pouco se sabe sobre o destino da Ucrânia após o conflito, mas o nacionalismo local será um ingrediente a mais a qual a comunidade internacional precisará lidar.
Mais sobre a pesquisa realizada pode ser encontrada aqui.
*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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