Presidente da Rede Mulher Empreendedora tira dúvidas e dá dicas para quem quer abrir um novo negócio (Klaus Vedfelt/Getty Images)
André Martins
Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 13h01.
Última atualização em 21 de janeiro de 2021 às 13h43.
Nestes longos meses de pandemia e de crise econômica, quando muitas mulheres perderam seus empregos e suas rendas, tenho recebido inúmeras mensagens com perguntas e dúvidas sobre os primeiros passos para abrir um novo negócio.
A primeira coisa que respondo, e digo isto sempre que posso, é que empreender não é uma atividade glamourosa. Pelo contrário. Exige dedicação, sacrifício, riscos, paciência e muitas horas de trabalho. Separei aqui algumas questões e dicas que considero importantes. São experiências próprias e observações ao longo destes 13 anos de muita luta. Espero que sejam úteis para você também:
Existe um perfil pessoal para empreender?
No meu ponto de vista, não existe um perfil empreendedor. Qualquer pessoa pode ser uma empreendedora: jovens, mais velhos, até uma criança tem capacidade se for preparada e auxiliada para isso. Em muitos países, aliás, as crianças são incentivadas a empreender.
Mas, é claro, devemos fazer uma separação entre o que é o empreendedorismo como um negócio financeiro e o empreendedorismo como um comportamento pessoal e atitudinal, uma visão de mundo. Se você não tem um comportamento empreendedor no dia a dia, seja no trabalho, nos estudos e na vida, procurando soluções para seus problemas, você também não terá sucesso como um empreendedor profissional. Capacidade, no entanto, todos têm.
E como saber se minha ideia vai dar certo?
Como em muitas outras situações de nossa vida, nunca saberemos se uma ideia vai dar certo. Mas é possível se planejar para que essa probabilidade exista. Em primeiro lugar, é necessário avaliar se o seu negócio vai gerar valor para o cliente. Ou seja, é importante que o seu serviço ou produto satisfaça alguma necessidade, resolva algum problema ou atenda algum desejo.
Outro ponto importante é entender se você poderá entregar esse valor ao cliente. Isto é, se o seu futuro negócio terá capacidade de realizar o serviço ou produzir determinado produto. Aqui estamos falando de cumprimento de prazos, qualidade, estoque, satisfação final etc.
Por último, veja se a sua ideia é capaz de capturar valor. Em outras palavras, se existe um mercado disposto a pagar por seu produto ou por seu serviço. Muitas vezes, as pessoas aceitam receber determinada oferta, mas não querem pagar por ela. E não dá para trabalhar de graça.
Como eu disse, não há uma receita para o sucesso. Por outro lado, podemos nos rodear de determinadas avaliações e precaver riscos antes de iniciar um novo negócio.
Estou pensando em empreender. Por onde começo?
Esta questão está diretamente ligada à pergunta anterior. No mundo do empreendedorismo, ouve-se muito dizer que devemos trabalhar com aquilo que gostamos e com aquilo que temos afinidade. Em certo sentido, é verdade. Afinal, estaremos praticamente sozinhas à frente de um novo desafio. Portanto, precisamos conhecer e gostar do negócio que escolhemos. Mas conhecer e gostar não é tudo. É imprescindível que esse negócio tenha mercado, que gere valor para alguém e que esse alguém esteja disposto a pagar. Resumindo, comece com algo familiar, que te agrade e que te traga retorno financeiro.
Outro ponto importante é avaliar o mercado. Muitas vezes, nossa ideia atende à nossa satisfação pessoal, há clientes pagando por essa ideia, mas… há muita gente com a mesma ideia. E, pior, há muitos negócios já consolidados nessa área. Será que vale a pena ser mais um?
Para fugir dessa concorrência, costumo aconselhar as pessoas que estão pensando em empreender que olhem para o entorno, entendam o mercado, procurem os problemas e pensem em soluções de negócio que solucionem esses problemas. Gosto de dizer que todo bom problema tem uma boa solução e tem também uma ótima oportunidade de negócio.
Outro conselho importante para quem está começando: converse com alguém que já é ou já foi empreendedor; alguém que possa compartilhar experiências, oferecer dicas e te poupar contratempos. As principais dúvidas aparecem sempre no início dessa caminhada empreendedora. Então, é sempre bom ter alguém em quem possamos confiar para dividir essas questões.
Conhecimento e informação, aliás, são fundamentais no mundo empreendedor. Como em qualquer campo profissional, a sua atualização constante fará com que o seu negócio também progrida e não fique parado no tempo. Lembre-se: problemas mudam e mudam também as soluções.
É isso. Até o próximo mês.
*Ana Fontes é fundadora e presidente da Rede Mulher Empreendedora – RME: http://www.rme.net.br
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