Dinheiro do Brasil na América Latina (Thinkstock/Thinkstock)
Bússola
Publicado em 9 de setembro de 2022 às 17h00.
Última atualização em 9 de setembro de 2022 às 17h26.
Entre os mercados emergentes, a América Latina é vista como um dos mais promissores do mundo, principalmente em termos de inovação e empreendedorismo. E essa visão permanece, mesmo que precisando de pequenos ajustes. A região oferece grandes oportunidades, principalmente no médio e longo prazo.
Embora os cheques tenham diminuído, as startups evoluíram para um ecossistema de tecnologia crescente, e 2022 vem sendo um período de ascensão de negócios, com mais cautela e inteligência. E é justamente onde se faz necessário a experiência de mercado para enxergar o caminho dos investimentos em venture capital, visando auxiliar empresas e buscar esses investimentos e fechar negócios.
O que estamos vendo é uma adequação de capital, uma desaceleração das chamadas megarrodadas — que concentravam principalmente investimentos expressivos de poucas empresas — e uma visão voltada para a lucratividade como prioridade.
Segundo levantamento da plataforma de inovação Distrito, investidores não residentes participaram de 39% das 238 rodadas de aportes em startups brasileiras de janeiro a abril, ante 33% em igual etapa do ano passado. Ainda de acordo com o estudo, em 2021 as startups brasileiras receberam US$ 9,4 bilhões em investimentos, um recorde que impulsionou a valorização das startups.
Agora, as taxas de juro e o cenário macroeconômico podem ter causado a desaceleração dos investimentos em capital de risco e as avaliações estão sendo ajustadas. No entanto, a região também tem uma história cautelosa de ciclos econômicos de alta e baixa. É um movimento normal do mercado, no qual investidores com grande capacidade financeira miram nas pequenas empresas a fechar negócios com valor menor do que em períodos anteriores.
E com maior volume de negócios, os empreendedores que entenderem que é preciso paciência para alcançar o lucro, aliado a uma estrutura bem organizada e um bom plano de negócios, estes continuarão a prosperar e serão capazes de levantar capital, seja em rodadas seed até uma série C ou saída.
É sabido que empreendedores de mercados emergentes possuem uma habilidade nata de como fazer mais com menos recursos e têm uma mentalidade mais pragmática que leva a modelos de negócios resilientes e duradouros. A América Latina cumpre todos esses requisitos e, mesmo diante de novos desafios, verticais como as fintechs continuam a prosperar na região, que experimenta uma bancarização crescente, sobretudo no Brasil.
Além disso, poucos locais estão mais preparados para capitalizar os benefícios da Web3 do que a América Latina. É por isso que há um tremendo valor de retornos para explorar na região. Ou seja, os investidores nacionais e internacionais ainda olham com bons olhos e continuam buscando oportunidades para expandir suas operações na América Latina.
A percepção é que a soma de fundamentos sólidos de investimento e um círculo crescente de fortes parceiros locais de venture capital permitirão que a América Latina supere esses desafios e permaneça viável como um destino de longo prazo para investidores internacionais. E ter parceiros na região que forneçam consultoria precisa para rodadas com fundos internacionais é algo muito valioso.
O Brasil e a região guardam um grande potencial de empresas buscando rodada série, junto a investidores internacionais, e estas oportunidades precisam estar no radar de todos para enfrentar essa maré.
*Christel Moreno é advogada especialista em Startups e Venture Capital, cofundadora do escritório de São Paulo e sócia corporativa na Gunderson Dettmer Advogados.
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