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Ambição, mitigação, resiliência e transição: a COP29 e o vocabulário corporativo

O que já podemos afirmar com certeza é: nada é tão urgente quanto o futuro e o setor privado tem um papel fundamental a desempenhar no combate à emergência climática, escreve Danilo Maeda

A marca da conferência climática COP29 cobre a fachada de um edifício em reforma na capital do Azerbaijão, Baku, em 11 de setembro de 2024. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (UNFCCC COP 29) será realizada de 11 a 22 de novembro de 2024 em Baku, Azerbaijão (TOFIK BABAYEV / AFP/Getty Images)

A marca da conferência climática COP29 cobre a fachada de um edifício em reforma na capital do Azerbaijão, Baku, em 11 de setembro de 2024. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (UNFCCC COP 29) será realizada de 11 a 22 de novembro de 2024 em Baku, Azerbaijão (TOFIK BABAYEV / AFP/Getty Images)

Danilo Maeda
Danilo Maeda

Head da Beon - Colunista Bússola

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 17h00.

Às vésperas da COP29, o mundo corporativo se depara com um desafio: conciliar pensamento de longo prazo e gestão de impactos com riscos urgentes e ambientes sociopolíticos altamente imprevisíveis. Se por um lado a ocorrência de eventos climáticos extremos tem se tornado evidentemente mais frequente e de maior gravidade – o que reforça a necessidade de estratégias de mitigação e adaptação – por outro os conflitos, crises e riscos geopolíticos do presente demandam tempo, recursos e atenção para empresas de todos os setores e geografias.

Em meio a tudo isso, a sociedade civil demanda por compromissos climáticos mais ambiciosos e implementação mais eficaz para reverter a tendência atual da emergência climática, que encaminha para crises planetárias de magnitude inédita. Além de investimentos urgentes em resiliência e adaptação, de modo que seja reduzido o impacto negativo da parte já inevitável das mudanças climáticas antropogênicas.

O futuro da crise climática previsto pela ciência já chegou na forma de eventos extremos e mudanças em condições climáticas que representam riscos e impactos relevantes para os negócios. No campo da gestão empresarial, é fundamental estabelecer o entendimento de que esses temas afetam materialmente o negócio para então mapear no detalhe os ricos, sua magnitude, probabilidade e possíveis estratégias de mitigação.

Ainda assim, o mundo corporativo continua excessivamente focado no curto prazo. Os mecanismos de gestão e de incentivos estão estabelecidos para direcionar a busca por retornos no prazo mais curto possível, mesmo que às custas de externalidades negativas. Mesmo quando há métricas criadas para mitigar tais impactos, sua relevância é proporcionalmente menor, o que faz com que o longo prazo fique sempre para depois.

Não será surpresa dizer que tal modelo é insustentável. Claro que acompanhar os resultados do tempo presente é essencial, mas produzir retorno de curto prazo a qualquer custo leva a prejuízos futuros, para a própria empresa e para as partes impactadas por ela - que na maioria das vezes sequer tem responsabilidade pelas escolhas. Não à toa, estudos sobre crises corporativas indicam que a maior parte delas poderia ser prevista e mitigada. O mesmo vale para as crises planetárias, criadas pela lógica de exploração irracional de recursos, em velocidade crescente para acompanhar a sede de maximização de retornos imediatos. Em resumo, estamos roubando o futuro.

Nesse contexto, o mercado aprende em velocidade ainda lenta sobre temas que já deveriam compor o léxico dos conselhos de administração e diretorias executivas. Ao menos quatro conceitos precisam estar estabelecidos e direcionar planos de ação contundentes, num contexto em que a COP29 se propõe a avançar nas discussões sobre financiamento para transição energética e estabelecer as bases para compromissos climáticos mais ambiciosos:

Ambição:

As empresas são cada vez mais pressionadas a demonstrar ambição em suas metas de redução de emissões, alinhando-as com os objetivos do Acordo de Paris.

Mitigação:

A mitigação das mudanças climáticas se refere às ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. As empresas precisam identificar e implementar soluções para reduzir a pegada de carbono de suas cadeias produtivas.

Resiliência:

A resiliência climática é a capacidade de se adaptar e responder aos impactos das mudanças climáticas. As empresas devem desenvolver estratégias para minimizar os riscos e aproveitar as oportunidades geradas por um clima em transformação.

Transição:

A transição para uma economia de baixo carbono é um processo complexo que exige mudanças profundas nos modelos de negócios e nas cadeias de valor. As empresas precisam se preparar para essa transição e identificar novas oportunidades de crescimento.

Vamos acompanhar nos próximos dias como as negociações e debates da COP29 avançam e trazem impactos mais concretos para os negócios. De qualquer forma, o que já podemos afirmar com certeza é: nada é tão urgente quanto o futuro e o setor privado tem um papel fundamental a desempenhar no combate à emergência climática. Seja para contribuir com um objetivo compartilhado por toda humanidade ou para a própria subsistência dos negócios.

 

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