Alexandre Sayão, CEO da Amais Educação (Bússola/Divulgação)
Bússola
Publicado em 21 de outubro de 2022 às 12h00.
Última atualização em 21 de outubro de 2022 às 13h10.
Idealizadas com o propósito de tornar o ensino mais eficaz e aumentar o engajamento dos alunos, as edtechs – startups focadas no segmento de educação que desenvolvem soluções tecnológicas para inovar o modelo de ensino tradicional – provocaram uma verdadeira revolução no Brasil nos últimos dois anos. No auge da pandemia, cresceram 26% e, em 2021, já representavam quase 6% das startups de maior destaque no país. De acordo com o levantamento da Distrito Report, devem movimentar mais de US$ 350 bilhões até 2025.
Nascida há pouco mais de quatro anos, a Amais Educação experimenta uma fase positiva, marcada por nova identidade visual e planos para o futuro após a consolidação de seu primeiro M&A, há um ano, quando anunciou a aquisição da catarinense Unimestre. O negócio significou a entrada da empresa no Ensino Superior e o salto de 30 para 350 mil alunos na carteira de clientes que passaram a desfrutar de um ecossistema completo de soluções de gestão educacional.
Em entrevista à Bússola, Alexandre Sayão, CEO da Amais falou sobre a jornada da edtech que tem planos de crescimento para o próximo semestre.
Bússola: Como nasceu a Amais Educação?
Alexandre Sayão: A Amais Educação é uma edtech criada a partir do diagnóstico de que todo o setor de educação é carente de ferramentas profissionais e integradas. Nosso foco é facilitar a gestão escolar e potencializar o ensino através de uma plataforma digital integrada e intuitiva. Isso permite que a equipe escolar foque no que mais importa: o relacionamento com as famílias e o engajamento e aprendizagem dos estudantes.
A Amais atua em quatro frentes: gestão educacional, comunicação, plataforma digital de ensino e conteúdos complementares. Desenvolvemos recursos que facilitam a digitalização das instituições de ensino de ponta a ponta e proporcionam agilidade aos processos administrativos. Também incluímos ferramentas que permitem acompanhar os dados administrativos e pedagógicos em tempo real, permitindo análises personalizadas e mais assertivas.
Bússola: Como é a presença da marca hoje no país e quais são os planos para o futuro?
Alexandre Sayão: Atualmente, atendemos mais de 400 instituições de ensino em 14 estados e 130 cidades, aproximando o relacionamento com as famílias e potencializando o engajamento e o aprendizado de mais de 400 mil estudantes. A Amais também está presente em instituições de ensino em Angola e Moçambique.
Com mais de 40 mil instituições de educação básica no ensino privado, muitas passaram a adotar e enxergar os benefícios do uso de sistemas de gestão administrativa e educacional nos últimos anos. Nossa meta é ampliar a aplicação de soluções nesse ecossistema no mercado nacional, temos planos de expandir as operações internacionais onde, inclusive, já atuamos no segmento do Ensino Superior, em especial em Moçambique e Angola.
Bússola: O que significou a aquisição da Unimestre em termos de ampliação do negócio?
Alexandre Sayão: Até meados de 2021, nosso foco estava direcionado para a Educação Básica. Há um ano anunciamos a aquisição da catarinense Unimestre, sistema de gestão educacional, presente no mercado há mais de 20 anos, consolidando a Amais como um dos maiores sistemas de gestão educacional do país.
A transação significou a entrada da Amais no Ensino Superior, já que 40% das instituições atendidas pela Unimestre são do segmento. Com o seu tamanho e relevância, o Ensino Superior é para a Amais uma oportunidade de crescimento e diversificação de receita, de forma complementar ao da educação básica.
Bússola: O que está incluso no portfólio da Amais educação?
Alexandre Sayão: Como comentei, a Amais Educação atua em quatro frentes. Na área da gestão educacional, temos o papel de resolver as rotinas e as dores dos gestores, tornando mais ágil a gestão acadêmica e financeira das instituições de ensino da educação básica ao ensino superior, integrando processos. A tecnologia da Amais permite a gestão, desde a captação do aluno de forma online, passando pela gestão acadêmica e financeira, controle de dados pedagógicos, até a emissão dos diplomas – físico ou digital, esse último para o ensino superior.
Com a plataforma de aprendizagem, personalizamos a jornada de conhecimento dos alunos, oferecendo aos professores as ferramentas necessárias para ensinar com base em dados. No início da pandemia de covid-19, nossas ferramentas deram suporte para mais de 60 escolas na virada para o ensino online, garantindo que cerca de 60 mil alunos tivessem acesso ao novo formato de ensino em 48 horas.
Na comunicação escolar, a tecnologia da Amais aproxima as famílias das escolas criando um canal seguro de troca de informações sobre o dia a dia dos estudantes.
Na área de conteúdos digitais, oferecemos opções de incremento pedagógico e diferenciação para as escolas, como é o caso da educação financeira, com o Educação Financeira com foco no ensino fundamental e o Futuros Investidores, focado no ensino médio. Também firmamos uma parceria com a BBC Learning para criar um conteúdo bilíngue focado nos brasileiros e totalmente alinhado às diretrizes da BNCC.
Bússola: E quais são os planos para o futuro?
Alexandre Sayão: Para os próximos dois anos, a Amais Educação planeja investir R$ 40 milhões em novas aquisições, tecnologias e conteúdos, além de reforçar sua aposta no desenvolvimento de novos produtos, que incluem conteúdos digitais para escolas. A Amais é um ecossistema completo de soluções para as instituições de ensino, garantindo em um único fornecedor diversas soluções, reconhecidas pelo seu padrão elevado e pela eficiência gerada para as instituições.
Bússola: Para finalizar, como você avalia a educação hoje no Brasil?
Alexandre Sayão: O setor educacional brasileiro tem espaço para ampliação da profissionalização administrativa, e melhoria constante das propostas pedagógicas, especialmente como resultado de mudanças recentes como a BNCC e a chegada de novas tecnologias.
O Pisa, por exemplo, já mostrava a necessidade de mudanças há algum tempo e este ano deve trazer um cenário menos favorável devido a pandemia, pois poucas instituições de ensino estavam preparadas para o ensino híbrido ou à distância. A pandemia acelerou o incremento da tecnologia na educação, mas agora precisamos focar na qualidade do que é oferecido e em mecanismos que permitam recuperar o atraso.
A Prova São Paulo realizada no final do ano letivo de 2021 mostrou que 94% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental estavam com nível de aprendizado abaixo do adequado para a série em matemática. Entre os que estão no 6º ano, 85% não aprenderam o que era esperado em todas as áreas do conhecimento.
Há um grande déficit que a tecnologia como aliada pode ajudar a solucionar já que as ferramentas tecnológicas já permitem o acompanhamento individual e personalizado do estudante. Contudo, no que diz respeito à rede pública temos dois entraves, o processo licitatório que nem sempre considera a expertise como o ponto mais importante e a falta de recursos tanto de equipamentos como de infraestrutura. É preciso lidar com esses pontos para buscarmos o avanço que o Brasil precisa.
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