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Alisson Goulart: Mercado de crédito avança de maneira lenta

Pedir crédito ajuda a antecipar compras sem precisar reunir todo o montante

Endividamento dos brasileiros chegou a registrar 77,9% da população (Getty Images/Getty Images)

Endividamento dos brasileiros chegou a registrar 77,9% da população (Getty Images/Getty Images)

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Publicado em 26 de maio de 2023 às 16h00.

Por Alisson Goulart*

Quantas vezes você já precisou pedir crédito? Ultimamente, isso é mais comum do que se imagina e pode ser feito de maneira bem mais simples do que anos atrás. Dessa forma, é possível antecipar uma compra sem precisar reunir todo o montante para efetuá-la, além de possibilitar a movimentação de dinheiro e novos investimentos.

O mercado de crédito foi visto por muito tempo como um forte aliado de crescimento na economia do nosso país. Além disso, ele tem passado por diversas transformações, como a migração para o digital, o surgimento do PIX, a autorregulação e o Open Banking. Tudo isso fez com que o Brasil construísse uma sólida jornada neste segmento. No entanto, apesar do mercado de crédito ser hoje muito mais importante em nossa sociedade do que há quatro décadas, ainda precisamos melhorar a maneira que lidamos com esse assunto. Afinal, do mesmo modo que há um aumento na oferta de crédito, vemos na mesma proporção inúmeras pessoas que ainda não sabem fazer bom uso dele por diferentes fatores. Segundo dados da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento dos brasileiros alcançou o maior nível histórico já registrado: 77,9% da população. Além disso, os valores dos débitos também aumentaram 19% nos últimos cinco anos. Enquanto no início de 2018 a média das dívidas era de R$ 3.926,40, agora cada inadimplente deve cerca de R$ 4.612,30. Um valor bem acima do salário-mínimo de R$ 1.320,00.

Endividamento: como chegamos nesse estágio?

Vários fatores levaram a esse cenário que estamos hoje. Um deles foi impulsionado pela pandemia da covid-19 em 2020, já que a falta de liquidez gerada pela queda na circulação de pessoas (fruto da crise sanitária) obrigou a decisões de vasta liberação de recursos.

Outros pontos que vêm na sequência são o aumento de desemprego, a alta dos juros, a guerra entre Rússia e Ucrânia e a inflação, que fizeram as famílias ficarem endividadas e as empresas não se estabilizarem para ter recursos e acertar suas dívidas. Por isso, é bem provável que a inadimplência deve continuar crescendo até o final de 2023. Afinal, a mudança política também influencia o cenário macroeconômico, e, provavelmente, vai trazer alguns impactos, como um movimento mais conservador dos bancos na liberação de capital para empresas e consumidores. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) elevou de 8,2% para apenas 8,3% a projeção para o crescimento da carteira de crédito das instituições financeiras que atuam no país este ano.

Sendo assim, 2023 será um ano ainda desafiador para o mercado de crédito, já que entramos novamente em um período de recessão e sem previsão de quanto tempo ela deve durar, além da inflação e o custo dos produtos e serviços que vão continuar subindo. Tudo isso influencia diretamente nesse setor.

Já vemos uma diminuição radical de tomada de crédito nesses primeiros meses do ano tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica. Portanto, agora é um momento em que as empresas e os consumidores precisam de reorganização para atravessar esse momento de maneira segura financeiramente.

*Alisson Goulart é Diretor de Inovação e Produtos do Pagou Fácil, da Paschoalotto

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