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Alexandre Bassaneze: As perspectivas para um futuro sustentável

A melhor forma de garantir um futuro próspero para as próximas gerações é transformar a forma de atuação das indústrias

Usina solar: Indústrias devem promover um ambiente cooperativo para identificar temas importantes para o meio ambiente (Germano Lüders/Exame)

Usina solar: Indústrias devem promover um ambiente cooperativo para identificar temas importantes para o meio ambiente (Germano Lüders/Exame)

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Publicado em 6 de julho de 2022 às 13h00.

Por Alexandre Bassaneze*

Recente estudo dos acadêmicos holandeses da Vrije Universitiet, renomada por avaliações da relação da sociedade com eventos climáticos, indica um horizonte muito sério e crítico para uma população global que deseja ter progressos econômicos e sociais no longo prazo: crianças nascidas após 2021 viverão, em média, sete vezes mais ondas de calor, duas vezes mais incêndios florestais e quase três vezes mais secas, além de mais crises em safras e enchentes de rios em relação aos seus avós. Mesmo em regiões com desenvolvimento, como Ásia e Europa, 53 milhões de jovens poderão passar por 50 vezes mais ondas de calor e seis vezes mais eventos extremos ao longo da vida.

Como uma carreira inteira totalmente focada como gestor de grandes empresas, sempre defendi que a melhor forma para garantir um futuro próspero para as próximas gerações é transformarmos nossa forma de atuação como indústrias, promovendo um ambiente cooperativo entre colaboradores, fornecedores, distribuidores, população, governos, clientes e parceiros para que possamos identificar os temas mais importantes para o meio ambiente e a sociedade, com uma visão além dos negócios, entendendo de forma integrada como podemos trilhar esse caminho juntos. Será no diálogo entre todos estes públicos, especialmente indústrias e sociedade, que vamos encontrar um equilíbrio e um caminho para o futuro sustentável.

Existem muitos desafios ao longo da nossa jornada, como este momento que o planeta passa por diferentes transições, como a energética, já tão comentada, que impacta diretamente na forma como vivemos e precisa ser contemplada com iniciativas alinhadas às metas do Acordo de Paris e premissas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Neste processo, a consultoria McKinsey calculou o investimento necessário para atingirmos bons resultados: a descarbonização da economia global deve totalizar US$ 275 trilhões até 2050 — ou US$ 9,2 trilhões por ano, valor US$ 3,5 trilhões superior ao que é investido atualmente. Neste mesmo caminho, o estudo considera que há uma ampla perspectiva social na transição: ela deve gerar 200 milhões de empregos em todo o mundo, deixando um saldo positivo de 15 milhões de vagas.

Este é um aporte de recursos mais do que válido, porque estamos fomentando o equilíbrio social e consolidando uma relação de crescimento sustentável ao gerar novas oportunidades, que, possivelmente, determinarão um direcionamento favorável para a economia nas próximas décadas e séculos.

Mais do que desejar um planeta melhor, devemos procurar e debater quais são as premissas que determinarão nosso caminho para um futuro sustentável. Eu defendo que devemos estar totalmente em convergência e ter um compromisso com as melhores práticas de ética, saúde, segurança, diversidade, inclusão e inovação para o progresso humano em curto e longo prazos.

Procuramos fazer nossa parte como uma empresa comprometida com a cidadania e a responsabilidade corporativa com foco no bem-estar social e progresso econômico: adquirimos suprimento de fonte 100% renovável para nossas operações com certificação limpa (I-REC), planejamento para reduzir emissões em 43% com aquisição de caldeiras modulares que consomem 25% de gás a menos que equipamentos tradicionais do segmento, revisão do plano de manutenção e controle de refrigeração, implementação de detectores para evitar qualquer vazamento de gases para atmosfera, uso preferencial de etanol na frota leve da companhia, eletrificação de empilhadeiras, além de mais de 80% dos resíduos gerados nas nossas plantas terem destinação para reciclagem ou reutilização e aplicação de óleos básicos re-refinados – sem contaminantes – para produção de lubrificantes e aditivos com elevada performance.

Outros modelos também devem ser seguidos para um crescimento progressivo econômico e social: a modernização contínua da indústria de transformação, que representa 12% do PIB brasileiro e engloba o segmento de petróleo e gás, com maior incentivo para pesquisas. A China, por exemplo, se planejou em um amplo horizonte: prevê US$ 1,4 trilhão em investimentos para o desenvolvimento da infraestrutura de automação na indústria e a tecnologia 5G. Também é relevante ampliar a mentalidade de inclusão no ambiente corporativo em nosso país. Segundo estudo da consultoria Exec, 67,6% dos líderes de empresas localizadas no Brasil consideram que agregar diferentes perfis nas equipes contribui para atração e retenção de talentos.

No campo ambiental, estudo da ONU mostra que será necessário um investimento de US$ 8,1 trilhões na natureza entre agora e 2050 – enquanto o investimento anual deve chegar a US$ 536 bilhões – para enfrentar com sucesso as crises interligadas de clima, biodiversidade e degradação da terra. Nesta perspectiva, o papel da indústria é essencial para discutir e promover a evolução do diálogo de cúpulas relacionadas ao clima, biodiversidade, degradação da terra e sistemas alimentares na Década das Nações Unidas para Restauração de Ecossistemas (2021 – 2030).

Devemos ter consciência que, na jornada da sustentabilidade ou no tão comentado ESG, não há uma “linha de chegada”. Nosso caminho é uma evolução constante e requer a união entre empresa e sociedade, metas, compromissos e objetivos, bem como devemos trabalhar conjuntamente com as pessoas certas para nos ajudar! Por todos estes motivos, acreditamos que podemos transformar o nosso mundo e o daqueles que amamos em um futuro formado por uma geração comprometida com práticas para um futuro sustentável.

*Alexandre Bassaneze é presidente da ICONIC

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