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Alex Dreyfus: Como consolidar o futuro dos esportes por meio da blockchain

Um produto baseado na blockchain que queira mudar a indústria esportiva precisa ter utilidade, deve melhorar a experiência dos torcedores e tem de ser escalável

Empresas de tecnologia precisam repensar como vivenciar o esporte (Blackdovfx/Getty Images)

Empresas de tecnologia precisam repensar como vivenciar o esporte (Blackdovfx/Getty Images)

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Publicado em 21 de novembro de 2022 às 18h26.

Tive a oportunidade de participar de dois painéis no Web Summit deste ano, que ocorreu em Lisboa. O primeiro deles foi focado no que acontece quando os universos do esporte e dos criptoativos colidem e, mais tarde, no palco principal, eu estive ao lado do nosso embaixador global – e lenda do futebol –, Alessandro Del Piero, para falar com mais profundidade sobre como a tecnologia blockchain vai mudar o futuro das torcidas.

As fortes luzes do palco principal, o centro das atenções de toda a mídia global, as ideias provocativas, as conversas estimulantes em todos os painéis, tudo isso tinham uma coisa em comum: o foco na tecnologia. O Web Summit me deu a oportunidade de falar sobre as qualidades da tecnologia blockchain que podem melhorar a experiência para torcedores e times.

A participação no evento fortaleceu minha convicção de que a narrativa sobre os esportes e sua relação com a blockchain até agora tem sido injusta. Compreensível, já que a atenção tem se voltado para os acordos financeiros que foram feitos e todo o dinheiro neles envolvido, mas existe pouca visibilidade sobre o impacto positivo que esta tecnologia pode gerar.

É fácil ver como isso aconteceu. Em 2021, clubes esportivos estavam fechando parcerias milionárias sem precedentes com corretoras e outras empresas de blockchain. Os esportes de alto nível ofereceram um canal óbvio para que essas empresas alcançassem enorme audiência e para que os times tivessem uma nova fonte de renda muito relevante.

Ainda que esse hype de 2021 venha diminuindo nos últimos 12 meses, assim como a velocidade com que as parcerias têm sido fechadas, os esportes ainda são vistos como o melhor caminho para a exposição massiva da indústria blockchain. Os eventos recentes no setor de criptoativos também mostram que a narrativa ganha espaço para além das parcerias.

Nós veremos ainda mais evidências sobre isso durante o maior espetáculo do futebol, que acaba de começar. Com certeza vamos ler mais manchetes sobre “o esporte se aproximando da indústria blockchain”. Mas ceder direito de divulgação e marketing para uma corretora ou qualquer outra empresa de blockchain não é o mesmo que se aproximar da tecnologia. Exposição é uma coisa. Adaptação e integração são outras.

É hora de balancear a narrativa e começar a falar mais sobre as empresas que estão dedicadas a investir neste primeiro estágio tecnológico da blockchain para gerar mudanças positivas, que vão melhorar a experiência para torcedores e times em longo prazo. Precisamos considerar as qualidades que a tecnologia blockchain possui e como elas podem ser aplicadas à indústria do esporte e,definir o que constitui o “uso definitivo de blockchain” no universo esportivo.

Definindo “o uso definitivo de blockchain” nos esportes

Com relação às características que um produto baseado na blockchain deve ter para trazer impactos positivos e mudar a indústria esportiva, acredito que existem 3 critérios principais que precisam ser preenchidos: ele precisa ter utilidade, deve melhorar a experiência dos torcedores e tem de ser escalável.

Sobre utilidade

Durante o percurso do ponto mais alto da parábola das NFTs, em 2021, um número significativo de clubes e atletas se envolveram com projetos da área que, desde então, desapareceram. Mas o que causou isso? A imensa maioria dessas NFTs não tinha utilidade, uso ou valor além do hype que estava sendo criado em torno delas, uma espécie de “NFT mania”. Esses ativos não tinham como objetivo usar a tecnologia para agregar valor ao produto.

Aqueles projetos que ainda sobrevivem só existem porque há uma visão por trás deles, uma rede de parceiros e a oferta de um produto forte, com real utilidade. Sorare é um ótimo exemplo disso. A empresa de fantasy game de esportes baseados em NFTs continuou a construir e fortalecer seu propósito, oferecendo aos fãs de futebol, NBA e NFL, além da possibilidade de colecionar NFTs, a chance incomparável de jogar e vencer, com os torcedores criando times de acordo com suas coleções para resgatar recompensas.

Não é sobre fazer dinheiro fácil. É sobre ter uma visão de longo prazo e é por isso que a NBA e a liga de beisebol americana assinaram parceria de vários anos com a Sorare. A empresa buscou seu nicho  assim como  nós, da Socios.com, buscamos o nosso. Os Fan Tokens são um produto via blockchain que vai superar os desafios de tempo e espaço já que oferecem utilidade e resolvem uma dor real dos torcedores e dos clubes: como cativar e engajar 99% dos torcedores que não podem assistir aos jogos nos estádios?

Se não oferecermos utilidade para nosso produto, o interesse se perde, e é isto que está acontecendo com muitos produtos baseados em blockchain atualmente. A Socios.com, na contramão, está aumentando diariamente sua base de usuários. Nosso time cresceu 70% apenas em 2022 e temos nove escritórios em todo o mundo. Estamos crescendo porque oferecer utilidade para melhorar a experiência dos torcedores é o core do nosso negócio.

Sobre melhorar a experiência dos torcedores

As formas com que as marcas estão engajando seus consumidores estão mudando. Os consumidores não querem mais que as marcas pensem por eles. Eles não querem mais só usar o produto ou serviço, eles querem moldar suas experiências ativamente. Eles querem que seus feedbacks sejam valorizados e usados para melhorias nos produtos. Nos próximos anos, a relação com as marcas será, inevitavelmente, uma via de mão dupla.

Como, então, criar um ambiente onde esta nova dinâmica baseada na reciprocidade pode florescer? Por meio de comunidades digitais, onde as audiências podem se sentir pertencentes e ter papel de influência nas marcas (ou times).

A Forbes Agency Council recentemente listou as oito marcas que, em 2022, criaram comunidades bem-sucedidas. Marcas que se destacaram por meio da construção, desde sua fase inicial, de comunidades “nichadas”. Marcas que se reinventaram, por meio da segmentação e de públicos-alvos específicos. Marcas consolidadas como Duolingo, GoPro e Wendy’s. Outras marcas relativamente novas no mercado, como Gymshark e Riot Games. Todas bem-sucedidas porque mantiveram o foco nas comunidades.

A questão é que a dinâmica da via de mão dupla vai até certo ponto. É a tecnologia blockchain que pode levar isso ainda mais longe, partindo das comunidades nas redes sociais para ambientes tokenizados, onde a influência de cada usuário é ouvida e reconhecida. Onde o engajamento com novas features e jogos conectam e levam até recompensas e experiências.

Isto é o que criamos para a indústria do esporte por meio da Socios.com e dos Fan Tokens. Uma comunidade para clubes e seus torcedores que é, fundamentalmente, gamificada, tokenizada, engajada e que recompensa seus membros. Onde os torcedores podem participar e competir, onde eles se sentem realmente parte de tudo.

No Web Summit, o craque Alessandro Del Piero disse: “Viajar por todo mundo com a Juventus e a seleção da Itália e jogar na Austrália e na Índia me deram uma visão diferente sobre o que é um torcedor. Nós jogamos para competir e para vencer, mas também para dividir essa alegria com a torcida. Construir uma via de mão dupla com os torcedores é maravilhoso.

Sobre a escalabilidade

Existem alguns projetos baseados em NFTs que podem funcionar em escala. Por exemplo, NFTs têm o potencial de funcionar como ingressos para os grandes eventos de esportes e entretenimento, alcançando valores inigualáveis. A empresa GET Protocol, focada em oferecer soluções para ingressos de eventos que contemplam todo o ciclo de compra e uso do consumidor, tem sido pioneira na nova geração de um setor que tem potencial para crescer exponencialmente.

Isto é um ótimo exemplo da aplicação da escalabilidade da tecnologia blockchain. Mas, os grandes clubes esportivos, assim como as marcas, têm como vantagem a vasta, diversa e digitalmente engajada audiência global, com diferentes ideias e necessidades únicas. Quando a questão é sobre descobrir o que é melhor para eles, o que pode ser atraente para a torcida, as poucas dezenas de NFTs disponíveis se tornam muito caras, o que acaba inviabilizando a escalabilidade.

Os Fan Tokens podem oferecer tal escalabilidade porque, ao contrário das NFTs, eles são totalmente fungíveis, permitindo aos clubes construírem comunidades que têm potencial de unir milhões de fãs em todos os cantos do mundo. É esta possibilidade de acesso e reconhecimento individual, para as audiências em grande escala, que coloca os Fan Tokens em outro patamar.

O que vem por aí

Nós criamos o que gostamos de chamar de “comunidades da Web 2.5” na Socios.com, por meio dos Fan Tokens, mas estamos mirando um futuro muito mais ambicioso, que vai além da própria empresa. Um relatório publicado recentemente pela Research and Markets, a maior empresa de pesquisas de mercado do mundo, mostrou que o valor global do Metaverso poderá atingir até US$ 1,2 trilhão até 2030 .

Estamos caminhando para que as interações uns com os outros, com os times e com as marcas que amamos sejam cada vez mais versáteis, imersivas e em tempo real, dentro das comunidades construídas na cadeia blockchain. Nós acreditamos que os Fan Tokens, com suas habilidades inerentes de possibilitar acesso em escala, podem ter uma maior participação nesta construção, permitindo também o acesso a novas comunidades para fãs de esporte.

O Web Summit reuniu algumas das mentes mais brilhantes do planeta em um mesmo espaço, mas existem muitas empresas inovadoras de tecnologia que vão precisar se transformar profundamente e melhorar a forma como nós vivenciamos o esporte e outros setores nos próximos anos. Precisamos começar a pensar mais sobre as mudanças empolgantes que estão despontando no horizonte. Precisamos balancear a narrativa e falar mais sobre tecnologia.

*Alexandre Dreyfus é fundador e CEO da Socios.com, maior empresa de engajamento para fãs do esporte via blockchain do mundO

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