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Além da aula online: como a tecnologia pode impactar o processo educacional

Estamos passando por uma restruturação educacional com todo avanço tecnológico que tivemos nesse aspecto, e chegou a hora da adaptação

É preciso analisar qual a melhor tecnologia para a educação online (Carol Yepes/Getty Images)

É preciso analisar qual a melhor tecnologia para a educação online (Carol Yepes/Getty Images)

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Publicado em 27 de junho de 2022 às 18h00.

Última atualização em 28 de junho de 2022 às 15h09.

Por Rodrigo Calado* 

A sociedade brasileira viu de perto os desafios que a educação enfrentou na pandemia. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em 2020, cerca de 48 milhões de estudantes do ensino básico deixaram de frequentar as atividades presenciais em todo o país em razão do fechamento das escolas. 

O isolamento social trouxe um debate que já estava atrasado aqui no Brasil. Foi necessário questionar o modelo tradicional de ensino e refletir sobre novas possibilidades para a educação. 

A tecnologia sempre esteve presente na minha vida, mas, quando o mundo inteiro precisou se isolar, ela passou a ter um papel essencial. A forma de viver, trabalhar e estudar mudou. Na educação, o modelo de ensino à distância, que já era conhecido por estudantes do ensino superior, dos cursos profissionalizantes e preparatórios, assumiu o protagonismo. Tanto que, em 2020, pela primeira vez na história, os cursos de EAD no Brasil receberam mais matrículas que os presenciais nas redes pública e privada, de acordo com o Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação. As aulas remotas surgiram como solução e a função da tecnologia foi servir de ponte, mudando a forma do conteúdo chegar aos alunos. 

Baixo índice de aprendizado é ponto de atenção   

Mas, em pouco tempo, a preocupação com o rendimento dos estudantes no ensino à distância ligou um alerta. A pesquisa Perda de Aprendizagem na Pandemia, realizada pelo Insper em parceria com o Instituto Unibanco, mostrou que os alunos do ensino remoto aprenderam apenas cerca de 17% do conteúdo de matemática e 38% do de língua portuguesa, em comparação com o desempenho nas aulas presenciais. 

Quando falamos em educação moderna, acredito que o papel da tecnologia vai muito além de uma aula online. Para falar sobre isso, é necessário analisar como as ferramentas tecnológicas têm sido usadas no processo de aprendizagem. Se os estudantes apenas trocam a sala de aula por uma tela, a tecnologia entra simplesmente como plataforma, e isso limita todo o seu potencial transformador. 

Na fundação do Gran Cursos Online, lá em 2012, eu e meu sócio Gabriel Granjeiro já tínhamos a inovação como um de nossos pilares. Hoje, quase dez anos depois, somos uma edtech com mais de 470 mil alunos ativos e seguimos com a premissa de mudar vidas por meio da educação e da tecnologia.         

Nessa transformação, a tecnologia possui um papel muito maior que o de conectar pessoas. Em vez de substituir o quadro por uma câmera e o material impresso por um pdf, utilizamos a tecnologia para acelerar o aprendizado, democratizar e individualizar o ensino, sobretudo por meio da inteligência artificial (IA). 

Quando um aluno está se preparando para um concurso, por exemplo, é preciso criar estratégias para melhor aproveitamento do aprendizado, otimização do tempo e retenção do conteúdo. 

Usar a tecnologia a serviço da educação traz novas possibilidades. A inteligência artificial traz benefícios que facilitam a aprendizagem e ajudam a melhorar os resultados. Utilizando redes neurais artificiais e algoritmos, é possível criar programas que, de maneira autônoma, podem identificar habilidades, entender padrões e a capacidade de absorção de conteúdo. Tudo isso permite oferecer ao aluno um plano de estudo personalizado. 

Além disso, a tecnologia também ajuda na democratização do acesso à educação e na inclusão, pois, ao acolher as individualidades e se adaptar às diferentes realidades, permite que o aprendizado esteja ao alcance de todos. São os avanços tecnológicos que possibilitam recursos como a legendagem automática e a audiodescrição para que pessoas com deficiência auditiva e visual sejam incluídas nesse processo. 

Uma das formas que encontramos no Gran de tornar a educação mais inclusiva e democrática foi com o desenvolvimento de audiolivros. O Brasil tem mais de 6 milhões de pessoas com deficiência visual severa, de acordo com dados do IBGE. Nem sempre essas pessoas encontram recursos específicos e material pedagógico adequado para o processo de aprendizagem, e é esse tipo de inovação que a tecnologia pode trazer. 

Com técnicas avançadas de inteligência artificial, criamos um acervo com mais de 28 mil livros convertidos em 110 mil horas de áudio. Para que esses audiolivros sejam funcionais, contamos com material didático produzido pelo nosso corpo docente e processado de forma que possibilite melhor entendimento do conteúdo. A programação identifica cabeçalhos, rodapés e notas, além de controlar pausas na fala e ajustar a pronúncia de palavras em outros idiomas, tudo isso sintetizado em áudios com voz altamente humanizada. 

Para quem está correndo contra o tempo, os audiolivros ainda garantem até 20 horas por semana a mais de aprendizado, já que é um estudo passivo e o aluno pode aproveitar o tempo durante atividades físicas e domésticas além das horas que seriam desperdiçadas no trânsito, por exemplo. 

Nada disso aconteceria se a tecnologia fosse usada apenas como uma plataforma. 

É preciso utilizá-la em toda a sua potência, extraindo o máximo de suas ferramentas para garantir que a educação continue transformando vidas.  

*Rodrigo Calado é sócio-fundador, vice-presidente e CTO do Gran Cursos Online. 

  

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