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Ageless: desmistificando mitos sobre os 50+

Este mês, Mauro Wainstock fala sobre mitos populares e verdades pouco faladas sobre os profissionais acima dos 50 anos de idade

Há vários mitos em relação aos profissionais acima dos 50 anos que precisam ser urgentemente esclarecidos (Ridofranz/Thinkstock)

Há vários mitos em relação aos profissionais acima dos 50 anos que precisam ser urgentemente esclarecidos (Ridofranz/Thinkstock)

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Publicado em 13 de outubro de 2023 às 08h00.

Por Mauro Wainstock

De acordo com o relatório “Age-Friendly Employers Guide”, produzido pela The Encore Network, uma comunidade norte-americana presente em outros 11 países além dos EUA, há vários mitos em relação aos profissionais acima dos 50 anos que precisam ser urgentemente esclarecidos. Vou abordar alguns deles:

MITO: Trabalhadores mais velhos têm desempenho pior do que os jovens

VERDADE: Um estudo da Harvard Business School, publicado em 2019, que analisou dados de produtividade de mais de 400.000 profissionais em 2.000 empresas nos Estados Unidos, revelou que profissionais com mais de 50 anos eram, em média, 20% mais produtivos do que os que têm menos de 30 anos.

A experiência propicia mais assertividade nas tomadas de decisão e os mais velhos também possuem habilidades sociais mais desenvolvidas e maior controle emocional. As soft skills são diferenciais cada vez mais relevantes neste acelerado e dinâmico mercado de trabalho.

MITO: A mão de obra sênior não é capaz de aprender ou se manter atualizada.

VERDADE: Curiosidade, interesse e capacidade de aprendizado, assim como habilidades e competências, não têm vínculo com idade, gênero, raça, religião, etnia, estado civil, profissão ou com o local em que a pessoa vive, mas com os valores que interiorizou, a educação que obteve, os aprendizados que absorveu, a cultura que adquiriu, os erros que cometeu, os obstáculos que superou, enfim as vivências que acumulou.

MITO: Os mais velhos são menos engajados e é maior a chance de abandonarem o emprego.

VERDADE: É o contrário: eles faltam menos, são mais leais e menos propensos a trocarem de empresa. Veja os números divulgados pelo Ministério do Trabalho/Brasil:

  • Média de tempo que um trabalhador fica no mesmo emprego: 19,3 meses.
  • De 18 a 24 anos: 9,1 meses.
  • Acima de 50 anos: 6,2 anos.

Uma pesquisa desenvolvida pela escola de negócios FIA (Fundação Instituto de Administração) com mais de 200 mil funcionários de 293 empresas apontou que os funcionários com mais de 50 anos formam o grupo mais estável, fiel e satisfeito com seu trabalho.

Já a consultoria Robert Half, em parceria com a startup Labora, acaba de divulgar o estudo “Etarismo e inclusão da diversidade geracional nas organizações”, que entrevistou 258 empresas de diferentes portes, e concluiu que, apesar de 48% das organizações contarem com programas relacionados à diversidade geracional, 70% delas contrataram pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos nos últimos dois anos; essas contratações seriam apenas 5% do total.

MITO: A mão de obra madura é mais cara.

VERDADE: Atributos como maior desempenho, maturidade e amplos relacionamentos, somado a um conhecimento institucional mais amplo e a erros cometidos no passado que se transformaram em aprendizados, são contribuições de enorme valor para qualquer empresa que compensam o custo mais elevado de alguns benefícios. O tempo para encontrar soluções mais adequadas é encurtado com estas vivências e são fundamentais em ambientes em que tempo é dinheiro.

MITO: inovação é associado à juventude.

VERDADE: já está mais do que comprovado que a diversidade da equipe e a troca harmônica entre as gerações possibilitam mais inovação, ideias para criativas, ambiente mais acolhedor e, no final das contas, mais lucratividade. De acordo com Jeff Bezos, de 59 anos, fundador e CEO da Amazon, afirma: "a diversidade geracional é uma força poderosa para a inovação e a criatividade".

Você sabia que 87,2% da riqueza dos EUA está nas mãos de pessoas acima dos 42 anos e que 32% deste total está concentrado na “geração silenciosa” (os mais velhos), apesar de eles representarem apenas 6% da população do país?

No Brasil, apesar do mercado da longevidade movimentar mais de R$2 trilhões/ano, mais de 45% do público acima dos 50 anos já manifestou em diversas pesquisas que se ressente de produtos específicos.

Inserir genuinamente os profissionais 50+ no mercado de trabalho, valorizando suas qualificações técnicas e comportamentais, e também perceber a importância destes consumidores, deixou de ser uma estratégia nichada de negócio e vem sendo entendido gradativamente como um enorme potencial lucrativo.

Por outro lado, rejeitar este público através de preconceito econômico, eliminá-lo disfarçadamente de processos seletivos ou adotar uma postura passiva quanto à discriminação etária, é tornar a empresa cada vez mais alijada das práticas do ESG, além de se arriscar juridicamente: em 2023, o Procon-SP já recebeu mais de 10.800 denúncias de etarismo nas relações de consumo apenas sobre serviços financeiros, alta de 20,4% sobre o ano passado.

A decisão está intrinsicamente associada à longevidade da organização. Cabe ao líder avançar ou dar ré. "A integração geracional é um desafio, mas também é uma oportunidade para construir equipes mais fortes e inovadoras", destaca Marc Benioff, CEO da Salesforce.

Bora fazer acontecer, impactar positivamente e dar o exemplo!

*Mauro Wainstock foi nomeado Linkedin TOP VOICE, é mentor de executivos, conselheiro de empresas, palestrante sobre diversidade etária e sócio-fundador do HUB 40+.

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