A biosseguridade deixou de ser apenas controle sanitário (Leandro Fonseca/Exame)
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Publicado em 3 de março de 2025 às 13h00.
Por João Zanardo*
A resistência antimicrobiana (RAM) exige estratégias que integrem saúde animal, segurança alimentar e sustentabilidade. Aditivos naturais à base de plantas – como óleos essenciais, extratos vegetais e outros compostos bioativos – emergem como eixo da biosseguridade moderna. Essas soluções não apenas substituem antibióticos, mas fortalecem a barreira intestinal dos animais, reduzem o estresse oxidativo e modulam a microbiota intestinal, criando ambientes hostis a patógenos.
Estudos da InsideSui (Granja Folhados) comprovam que suínos alimentados com fitogênicos ganharam até 2 kg adicionais no período de terminação, evidenciando ganhos produtivos sem riscos de resistência aos antimicrobianos.
A biosseguridade deixou de ser apenas controle sanitário para se tornar um sistema integrado. Sensores IoT monitoram parâmetros como temperatura e umidade em tempo real, enquanto algoritmos preditivos identificam sinais de estresse animal antes da manifestação de doenças. Nessa esteira, os fitogênicos agem como "vigilantes moleculares":
Esses mecanismos diminuem a dependência de medicamentos e ampliam a resiliência dos sistemas produtivos.
Desde 2022, a União Europeia barrou importações de proteínas animais tratadas com antibióticos promotores de crescimento – medida que afeta 30% das exportações brasileiras. O regulamento exige:
Para atender essas exigências, 65% dos frigoríficos brasileiros já adotaram certificações voluntárias, substituindo antibióticos por aditivos naturais e probióticos.
O Brasil avança em três frentes para reduzir antimicrobianos:
Investimentos em P&D atingiram R$ 6 milhões em 2024, com parcerias entre universidades e indústrias para validar novas formulações fitogênicas.
O mercado global de aditivos naturais para ração movimentará US$ 2,8 bilhões até 2026, com o Brasil ocupando a 4ª posição. A chave para escalar essas soluções está na economia circular:
O desafio permanece em viabilizar tecnologias para pequenos produtores, responsáveis por 40% do abastecimento interno. Programas como o ABC+ preveem financiar 8 mil propriedades até 2026, priorizando sistemas integrados e aditivos naturais.
*João Zanardo é CEO da 88 Agro-Vetech, especialista em nutrição animal e biosseguridade, com 12 anos de experiência no desenvolvimento de aditivos naturais para substituição de antibióticos. Lidera iniciativas que combinam pesquisa acadêmica e aplicação industrial, sendo referência em soluções sustentáveis para a pecuária.
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