Burnout é um problema ascendente na saúde mental corporativa
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Publicado em 14 de março de 2025 às 15h00.
Por Nayara Teixeira*
Com avanço da tecnologia e do conhecimento, a saúde mental tem se tornado um dos tópicos mais importantes na vida das novas gerações, especialmente no contexto do ambiente de trabalho. Não à toa, de acordo com um levantamento da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores sofrem com o burnout em território nacional, síndrome essa que passou a ser considerada uma doença ocupacional pelo Ministério da Saúde em 2024. Devido a esse número, o Brasil detém a segunda posição no ranking mundial de casos.
Diante desse contexto, é importante entender que o esgotamento, além de prejudicar a saúde dos trabalhadores, também afeta o seu desempenho e, consequentemente, a qualidade da produção e entrega da organização. Estudos revelam que mais de 50% dos casos de burnout estão ligados às funções administrativas, além de muitas horas de trabalho e pressão das empresas, mas essas são algumas das causas relevantes, dentre muitas outras possibilidades. Devido ao nexo ocupacional, ao pensarmos em tratativas em relação ao burnout, é preciso focar na organização do trabalho e das atividades, bem como nas relações sociais que impactam na execução.
Para lidar com esse cenário, a tecnologia é ótima aliada. Atualmente, diferentes soluções visam facilitar não só o dia a dia e automatizar tarefas corriqueiras, mas também contribuir para um melhor planejamento e outros cuidados que impactam positivamente na saúde mental. Além disso, as plataformas e ferramentas online têm se mostrado instrumentos assertivos no processo de identificação dos riscos psicossociais que permeiam o contexto laboral.
Em 2020 foi realizada uma pesquisa pela Oracle, em que os resultados mostraram que 64% dos brasileiros em ocupação ficam mais confortáveis em falar sobre a sua saúde mental com uma tecnologia do que com o seu gestor ou o RH, por medo de julgamentos. Visto isso, ferramentas online de identificação do cenário psicossocial podem ser úteis para compreender a visão dos trabalhadores, que é algo essencial quando se trata do levantamento dos riscos psicossociais.
Após um diagnóstico organizacional abrangente, que permita identificar com precisão os fatores psicossociais presentes no ambiente de trabalho, torna-se viável planejar e implementar ações eficazes para mitigar riscos. Com isso, é possível promover um ambiente mais saudável e mentalmente sustentável.
Programas voltados ao desenvolvimento individual também podem ser benéficos, ajudando os colaboradores a expandir seu repertório para lidar com a ansiedade e o estresse diário. Além disso, as empresas podem utilizar ferramentas tecnológicas para a prevenção do burnout, disponibilizando plataformas de atendimento remoto com psicólogos e outros profissionais da saúde.
A tecnologia também pode contribuir significativamente para a otimização de serviços diários e o aumento do bem-estar dos profissionais. Isso permite que a equipe dedique mais tempo a tarefas estratégicas, por exemplo, processos criativos e tomadas de decisão mais assertivas. Atualmente, há uma ampla variedade de aplicativos desenvolvidos especificamente para o ambiente corporativo, oferecendo mais conforto e agilidade às operações das empresas e de seus colaboradores.
Por fim, ressalto que a tecnologia evoluiu a ponto de se tornar uma grande aliada na promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis, contribuindo para a redução dos alarmantes índices de burnout e para a melhoria do fluxo de trabalho. Além disso, é fundamental que as empresas repensem suas estratégias, avaliem a organização do trabalho, o comportamento das lideranças e o contexto das relações profissionais. Ajustar o ritmo e a dinâmica laboral é essencial para garantir um ambiente que favoreça a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores.
*Nayara Teixeira é Diretora de Produto e Operações da Mapa HDS. É Psicóloga, Mestre em Psicologia pela PUC-MG, e pós-graduada em Psicologia Organizacional e do Trabalho pela PUC-MG.
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