A solução dos seus problemas pode estar embaixo do chuveiro (Carol Yepes/Getty Images)
Bússola
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 12h00.
Por Bússola
Quantas vezes situações difíceis que não conseguimos resolver depois de horas a fio quebrando a cabeça são quase magicamente solucionadas quando esvaziamos a mente após uma boa noite de sono ou depois de um banho quente demorado? Você já se perguntou por que isso acontece?
Pesquisas feitas nos EUA, no Canadá e no Reino Unido comprovam que a criatividade é facilitada quando deixamos nosso cérebro divagar aleatoriamente. Além disso, atividades rotineiras e divertidas, que incluem alguma movimentação, não exigem concentração e que são realizadas quase automaticamente, ampliam o fluxo de pensamentos instintivos.
Em vez de se debruçar sobre um problema ou buscar a todo custo uma inspiração resolutiva, pesquisas dos últimos 15 anos sugerem que as pessoas podem ter mais chances de ter descobertas criativas ou revelações quando estão realizando uma tarefa cotidiana que não requer muito esforço cognitivo, como aquelas em que você está basicamente no piloto automático.
Para Denilson Shikako, CEO da Fábrica de Criatividade, consultoria especializada em treinamento e desenvolvimento de pessoas por meio de atividades criativas, a neurociência pode ser usada de forma divertida para desbloquear a criatividade e liberar o processo criativo das pessoas, melhorar as relações humanas e aumentar a produtividade do time.
Em um mundo conectado, onde não se tem tempo para nada, e a tecnologia impõe um ritmo aceleradíssimo de produtividade, a ociosidade pode ser a melhor solução para deixar a mente mais tranquila e afiada para lidar com problemas.
Com isso em mente, durante a pandemia, a Fábrica da Criatividade criou o projeto Sacada Genial. "Muitas pessoas estavam trabalhando em casa e, além de resolver remotamente coisas do trabalho, ainda precisavam gerenciar várias atividades domésticas. Assim, criamos o projeto Sacada Genial e enviamos caixas com vários itens inusitados para as pessoas exercerem a criatividade em casa e realizamos workshops para ensinar como utilizar canetas com tinta transparente, relógios sem ponteiros, lousa de chuveiro, jogos, dentre outros apetrechos para estimular a criatividade”, diz Shikako.
A resolução de problemas rotineiros e complexos e a tomada de decisões estão presentes no dia a dia de todo gestor ou colaborador de uma organização. Nesse sentido, um mundo tecnologicamente conectado, complexo e dinâmico traz situações desafiadoras, que exigem de nós habilidades comportamentais mais do que técnicas para lidar com inovação e disrupção.
Criatividade, inovação, pensamento resolutivo e inteligência emocional deveriam ser habilidades ensinadas nas escolas, desde os primeiros anos de aprendizagem. Mas não é isso que acontece. Tampouco nas empresas, onde o ambiente profissional é permeado por hierarquias e cadeias de comando, poucas são as oportunidades do colaborador desenvolver criatividade e pensamento inovador.
"Nosso maior desafio e compromisso para com as novas gerações de profissionais é preparar, seja no trabalho, na escola ou em casa, um ambiente propício para o pensamento fora da caixa, criativo e com autonomia. Que tal propor reuniões de trabalho durante caminhadas pela natureza? Realizar brainstorms na praia? Promover concursos de fantasias às sextas-feiras no escritório e definir o orçamento anual durante uma sessão conjunta de ioga?", pergunta Shikako.
“Num ambiente onde os algoritmos se tornam partes cada vez mais importantes do nosso cotidiano, aprender a sonhar e agir fora da caixa será uma competência ainda mais relevante para desenvolver o pensamento criativo e aumentar a competitividade do seu negócio.”
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