Mônica Sousa está à frente do projeto “Donas da Rua” (Bússola/Divulgação)
Bússola
Publicado em 24 de março de 2021 às 11h37.
Última atualização em 3 de novembro de 2022 às 19h45.
A Mônica, uma das personagens infantis mais queridas do país, tem contribuído desde a sua origem, há quase 60 anos, para mostrar às meninas que elas podem ter seu espaço e que não é preciso corresponder a determinados padrões considerados “adequados” a elas pela sociedade. É o que afirma Mônica Sousa, diretora-executiva da Mauricio de Sousa Produções, filha do Mauricio e inspiração para a criação da Mônica dos quadrinhos, em entrevista ao Bússola Líderes, na edição especial do mês das mulheres.
“Como sempre achei que poderia fazer tudo o que quisesse mesmo sendo menina, assim também é a Mônica, que tem conquistado a admiração do público feminino desde a sua primeira aparição, em 1963. Ela surgiu num momento em que as mulheres começavam a ter um pouco mais de espaço e a lutar cada vez mais para sua voz ser ouvida na sociedade. A Mônica tem um papel importante no empoderamento das meninas desde os anos 60”, declarou a executiva, destacando que todas as personagens femininas da Turma da Mônica têm personalidade forte e reforçam a ideia de que as garotas devem se aceitar e ser felizes como são.
Criada quatro anos depois dos primeiros personagens masculinos, a Mônica logo roubou a cena, mostrou a força das meninas e se tornou a líder de uma galeria de tipos inesquecíveis, que fazem da Mauricio de Sousa Produções a maior produtora nacional de conteúdo infantil, com mais de 1 bilhão de exemplares de quadrinhos já vendidos e 3 mil produtos licenciados.
A Mônica de carne e osso é responsável pela área comercial da companhia e está à frente do projeto “Donas da Rua”, que usa as figuras femininas da Turma da Mônica para inspirar garotas no Brasil e no mundo a serem suas próprias heroínas. Criado em 2016, o programa, que conta com a parceria da ONU Mulheres, produz conteúdos para promover o empoderamento feminino e a igualdade de oportunidades, além de ensinar as meninas desde muito novas que elas podem ser o que quiserem.
“Numa palestra da ONU Mulheres, eu fiquei muito tocada quando explicaram que, conforme as meninas vão crescendo, suas referências deixam de ser femininas e seus heróis são todos masculinos. A sociedade tem a história contada por homens. As figuras masculinas que marcaram época ganham destaque, mas as mulheres que fizeram a diferença não têm visibilidade. Eu voltei para empresa e reuni o time para fazer algo a respeito. E, ao criar o ‘Donas da Rua’, o primeiro passo que a gente deu foi mostrar as mulheres empoderadas da história que são referências em toda as áreas de atuação. Para homenageá-las, colocamos as meninas da Turma da Mônica vestidas dessas personagens importantes da vida real. A fila de figuras femininas a serem representadas no projeto é gigante, e estamos só no começo”, explicou Mônica Sousa.
Ela ressaltou que o “Donas da Rua” tem mobilizado toda a empresa desde o lançamento. Os roteiristas não só tratam frequentemente do tema do empoderamento feminino nas histórias como têm trabalhado na redefinição de papeis dos personagens, incluindo os pais e as mães da turminha, com divisão mais igualitária das tarefas dentro e fora de casa. Segundo Mônica Sousa, a aceitação do projeto tanto na Maurício de Sousa Produções quanto pelo público é um sucesso. “Tem quem chame esse tema de ‘mimimi’, mas só quem passa por isso sabe. Como acontece com a maioria de nós, eu também já sofri muito preconceito por ser mulher. A gente ainda tem um chão para trilhar e, por isso, o ‘Donas da Rua’ não tem prazo para acabar”, concluiu.
Confira a entrevista completa da Mônica Sousa a Rafael Lisbôa, diretor da Bússola, e Cauê Madeira, autor da coluna Bússola Geekonomy, no Bússola Líderes – o canal de entrevistas em vídeo com grandes lideranças empresariais do país. O bate-papo é sempre publicado no YouTube da Bússola e no portal da Exame.
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