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A inesperada e tortuosa jornada pessoal é única, mas pode haver trocas

Ainda que cada pessoa tenha seu caminho único, existem alguns fatores mais comuns que podem ajudar nesse processo e servir de bússola para nossa rota

Na vida é preciso mirar um Norte e aceitar que ele pode não sair exatamente como o planejado. (tobias machhaus/Thinkstock)

Na vida é preciso mirar um Norte e aceitar que ele pode não sair exatamente como o planejado. (tobias machhaus/Thinkstock)

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Publicado em 11 de setembro de 2021 às 09h00.

Por Rafael Catolé*

É muito comum olharmos para outros profissionais e imaginarmos como seria nossa vida se tivéssemos feito esta ou aquela escolha ou trilhado tal trajetória. Porém, isso é impossível e improdutivo, já que cada um de nós é um microuniverso, único em todas as maneiras, seja física, mental ou espiritual.

Trago um pouco da minha experiência pessoal e o que tenho tido contato em literaturas específicas para comentar que, ainda que cada pessoa tenha o seu caminho único, existem alguns fatores mais comuns que podem ajudar na jornada de cada um. A partir desta vivência, compartilho cinco pilares que podem dar mais segurança sobre o caminho e funcionar ainda como um micro bússola, quando a rota parecer incerta.

1) O Norte nunca é preciso

Nenhum Norte nunca é preciso e certo, já que estamos em constante mudança. Além disso, a nossa capacidade de tomar decisões com os dados que temos em mãos hoje podem — e devem — ser completamente diferentes se olharmos para três ou quatro anos à frente. Não se apegue ao ponto de chegada exato. Você deve definir uma “Zona de Aterrissagem”, como se fosse arremessar uma bola de golfe num buraco bem distante e o seu objetivo inicial é ficar o mais próximo possível do buraco, sabendo que você ainda pode não ter as habilidades necessárias para atingir o buraco de primeira.

No caminho de mirar um Norte e aceitar que ele pode não sair exatamente como o planejado, você estará em posição de aceitar os reveses que irão acontecer e terá tranquilidade para ver os problemas e oportunidades com um outro olhar.

2) No processo de falha

Cada vez mais se fala sobre abraçar seus erros e aceitá-los como a pavimentação de uma rodovia de vitórias, mas é essencial não olhar para o lado filosófico, e sim para o lado prático da coisa. Diante de um revés, é importante termos linhas de ações que podem ser úteis: se não souber resolver o problema, procure alguém que saiba e o acompanhe de perto, esse conhecimento é importante e fará diferença nas próximas tomadas de decisão; e foque nos problemas difíceis de cara, não procrastine e use sua energia para resolvê-los rapidamente.

Tenha claridade e consciência do que você sabe fazer e do que não sabe fazer. E busque sempre obter habilidades técnicas, pois os hard skills são essenciais na construção ou em uma abordagem mais crítica. Quando se tem pouco tempo, dinheiro e paciência do investidor ou do seu chefe, normalmente as pessoas dispensam um discurso motivacional e valorizam muito mais a capacidade de fechar uma grande conta, ou montar uma estratégia de impostos mais eficaz. Foco no resultado sempre vai trazer paz de espírito e reconhecimento que você realmente está no controle.

3) Coleção de habilidades

Comentei acima que, em momentos de sufoco, as soft skills são menos valorizadas. Não digo isso por ver menos importância nas soft skills, mas acredito que elas são o segundo andar de uma casa. Os fundamentos de uma casa são as hard skills e funcionam como os pilares que vão sustentar as soft skills.

Quando falamos sobre o Norte ser impreciso, existe uma zona gigante de oportunidades que é coletar novas habilidades, já que cada revés esconde uma gama vasta de habilidades a serem aprendidas. Como a vida não é uma linha reta, toda curva lhe mostra um ângulo único, você deve aprender a vê-los e se aprofundar em suas belezas.

4) As pessoas ao meu redor

Mesmo no modelo de home office, sempre temos que lidar com pessoas, sejam chefes, clientes, fornecedores, colaboradores, pares ou equipe direta. Mas você sabe como pode aproveitar ao máximo essa troca diária com pessoas com vivências e experiências tão diversas das suas?

Quais habilidades ou atitudes você admira ou respeita nessas pessoas? Você já se fez essa pergunta? Para além de se perguntar sobre isso, recomendo o seguinte exercício, mais profundo:

  • Faça uma lista de habilidades que acha importante para chegar na sua Zona de Aterrissagem;
  • Enumere de um a cinco essas habilidades, sendo um muito baixo e cinco muito alto. Coloque em uma planilha de excel as habilidades em linhas e seu nome e de pessoas que você admira, respeita e odeia nas colunas;
  • Pontue de um a cinco todos. É muito interessante ter pelo menos dez habilidades listadas e dez pessoas, contando com você;
  • Veja quem são as pessoas com maior pontuação e trace planos práticos para aprender as habilidades que você precisa dessas pessoas da sua lista.

Essa tática simples e realista vai abrir um novo mundo, repleto de novidades e desafios. Se você é a pessoa com a maior pontuação da sua lista, você está no lugar errado e precisa mudar rápido.

5) Na prática

Você já está começando a colocar seu plano em movimento, mesmo sem perceber, e está traçando caminhos claros para a sua Zona de Aterrissagem. Agora você precisa colocá-los em prática em escala menor, para ter mais controle. Teste suas teorias e hipóteses em baixa escala, errando e aperfeiçoando o processo, depois vá aumentando o ciclo e replicando mais rápido. Pessoalmente, tenho um modelo simples que me ajuda a direcionar meus planos, sejam pessoais ou profissionais e me guiam para não perder o foco.

Depois de responder aos questionamentos “O que eu quero”, “Como farei”, “Qual é o meu prazo” e “Qual é o meu recurso”, crio uma estratégia em três fases para a segunda pergunta, “Como farei”. A fase um é composta pela criação de um protótipo, um piloto. A fase dois me traz aprendizados do período teste, que serão fundamentais para a terceira e última delas: um rollout amplo. Este modelo é encontrado em diversas literaturas e é uma visão simples do PDCA, mas ele pode ser de grande ajuda a manter o foco e a executar com mais precisão.

Em resumo, a jornada é imprevisível e os caminhos são tortuosos — e isso não é ruim ou errado. Se você conseguir entender que o Norte exato é uma utopia, que nas curvas tortuosas da trajetória existem uma série de habilidades esperando para serem aprendidas, que existem pessoas ao seu redor que têm um conjunto de habilidades interessantes para te ajudaram a subir de nível e que colocar seu plano em movimento em ciclos menores podem ser vitais para mitigar seu risco, sua jornada pode ser mais interessante e mais incomum.

Quantas pessoas como você existem por aí? O que te faz diferente delas? O que te faz incomum?

*Rafael Catolé é General Manager International da Natural One

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