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A corrida pela vacina: o mar, os rochedos e o marisco

Coluna de Alon Feuerwerker lembra que a geopolítica nem sempre segue critérios econômicos e pode interferir na segurança do abastecimento farmacêutico dos países

Vacina covid-19 AstraZeneca/Oxford (GEOFF CADDICK/Getty Images)

Vacina covid-19 AstraZeneca/Oxford (GEOFF CADDICK/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 20h53.

Segundo a Reuters, a Índia começa amanhã a exportar a vacina AstraZeneca/Oxford para países que contrataram o imunizante. Começando por Brasil e Marrocos. Na sequência, África do Sul e Arábia Saudita. É a boa notícia do dia.

Todo esse episódio das vacinas para a Covid-19 deveria levantar um debate. Já faz algum tempo, os países depositam a segurança do abastecimento farmacêutico na conta da neutralidade da divisão técnica internacional do trabalho. Faz sentido economicamente.

O problema é que a geopolítica não segue estritos critérios econômicos, ainda mais em tempos de fricção crescente entre as potências pela hegemonia planetária. Por isso, recordando o antigo adágio, vem o risco de, na briga entre o mar e os rochedos, quem acabar se dando mal é o marisco.

Não dá para cada país produzir tudo o que precisa, é lógico. Mas tampouco é razoável que países da dimensão do nosso sejam tão dependentes de importar coisas tão estratégicas. Infelizmente, é mais uma consequência de quase quatro décadas de desindustrialização.

Ou, pelo menos, de falta de atenção à industrialização.

*Analista político da FSB Comunicação

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