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A cada 21 segundos nasce um 50+ no Brasil. Sorte das PMEs

Já passamos dos 54,8 milhões de brasileiros com mais de 50 anos, segundo o site Longevidade

É preciso ressignificar as formas de trabalho para os profissionais 50+. (Stephen Zeigler/Getty Images)

É preciso ressignificar as formas de trabalho para os profissionais 50+. (Stephen Zeigler/Getty Images)

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Publicado em 10 de maio de 2022 às 20h20.

Última atualização em 13 de maio de 2022 às 13h36.

Por Juliana Ramalho*

Já passamos dos 54,8 milhões de brasileiros com mais de 50 anos, segundo o site Longevidade, que a cada 21 segundos acrescenta mais um brasileiro cinquentão à população. Como as empresas, em especial as pequenas e médias, poderão se beneficiar dessa mão de obra sênior que vem crescendo e cada vez mais produtiva?

O Brasil tem mais de 28 milhões de idosos (acima de 60 anos), número que representa 13% da população do país. Esse número pode dobrar de tamanho nas próximas décadas, de acordo com as estatísticas do IBGE (2018). Em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de jovens até 14 anos será de apenas 16,3%. O “índice de envelhecimento” — relação entre a porcentagem de idosos e de jovens — deve aumentar de 43,19%, em 2018, para 173,47%, em 2060.

Além do aumento da expectativa de vida, a reforma da previdência também tem feito os profissionais com mais de 50 anos prolongarem suas trajetórias no mercado de trabalho.

O país ultrapassa os 12 milhões de pessoas sem trabalho (PENAD Contínua — IBGE) e os 50+ é um dos grupos mais impactados pela falta de emprego. A taxa de desemprego nessa faixa etária chegou ao seu nível mais alto em 2020, quando ultrapassou 7% pela primeira vez desde 2012. De 2019 até o fim de 2020, mais de 400 mil brasileiros acima de 50 anos ficaram sem emprego (IBGE).

Apesar da alta do desemprego, a falta de mão de obra qualificada vai acometer cada vez mais as empresas em diversas áreas. Quando a economia voltar a aquecer, não haverá jovens capacitados em quantidade suficiente para ocupar as vagas que o mercado vai demandar em vários segmentos.

Estamos vivendo mais e o mundo do trabalho vai precisar se acostumar com quadros funcionais 50+ e com a longevidade de forma muito mais colaborativa do que assistencial. Especialmente as médias empresas vão precisar contar com essa mão de obra sênior — já preparada e experiente — ao invés de abrir vagas para iniciantes que ainda demandarão treinamento e qualificação.

É preciso ressignificar as formas de trabalho para os profissionais 50+. Novos modelos de contrato e rotina de trabalho independente surgem para facilitar e colaborar com a empregabilidade dos profissionais maduros. As empresas ainda saem ganhando porque se beneficiam do conhecimento e experiência desses profissionais. Esses, também lucram com flexibilidade, trabalho híbrido, home-office, autonomia e possibilidades reais de ganhos além da CLT. Se bem planejado, os novos modelos já aprovados em lei, podem ser ótimas opções para o profissional e a marca empregadora.

A experiência e o conhecimento tácito são fundamentais para construir inovações. O profissional sênior tem sido grande agente da inovação nos formatos e conceito de contratos de trabalho e as empresas.

Deixando a CLT para trás, esse público tem apresentado um raciocínio inovador no qual o principal coeficiente é o tempo que esse profissional sênior vai dedicar a um projeto, a uma empresa. Ele passa a ser empreendedor de sua própria carreira, vendendo experiência por tempo dedicado, que não necessariamente precisa seguir o modelo da CLT de jornada integral.

Esse empreendedor de si próprio passa a atender mais clientes e as empresas passam a experimentar os benefícios de contratar por algumas horas na semana um profissional altamente experiente e qualificado.

Nesse modelo, empresas de porte menor podem se permitir contratar um CFO, de renome e com experiência à frente de multinacionais, bancos etc. a custo muito razoável. Exemplos não faltam. Vivenciamos uma experiência em que uma empresa de pequeno porte contratou um CFO “estrelado” para atuar 8 horas por semana (não por dia) a um custo totalmente viável. O modelo deu tão certo que a empresa já quer aumentar o total de horas contratadas desse profissional.

As nomenclaturas e experiências que constam no currículo de um profissional sênior, muitas vezes podem afastá-lo das novas oportunidades de trabalho, porque seus cargos anteriores acabam assustando o empresário. Ter atuado como CFO, CEO, diretor, superintendente etc. faz o novo empresário achar que não pode pagar por um profissional de tal gabarito.

Quebrar esse tabu da CLT é sem dúvida uma tendência que dá aos profissionais maduros oportunidades de aumentar a renda sem ‘abrir mão’ dos conhecimentos que adquiriu durante toda sua jornada profissional. É também uma alternativa para os que não desejam empreender em um novo negócio.

Essa flexibilidade de contrato de trabalho é uma alternativa para o profissional sênior dar continuidade a sua carreira profissional original, ajudando os outros negócios com sua experiência, mas trocando a meta da empresa por uma meta própria.

Ainda que mal aproveitada e desperdiçada pelas grandes empresas, esse público vem rompendo com os modelos tradicionais de trabalho, aumentando sua qualidade de vida como empreendedores da própria carreira, aprendendo a negociar sua força de trabalho, ampliando suas oportunidades de renda sem ‘deixar o PIB na mesa’.

*Juliana Ramalho é CEO da Talento Sênior, que atua na inclusão de profissionais 45+ no mercado de trabalho

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