(Anatel/ Bússola/Divulgação)
Bússola
Publicado em 20 de setembro de 2022 às 15h20.
Última atualização em 20 de setembro de 2022 às 15h41.
Levar conectividade para as regiões remotas do Brasil é apenas o primeiro passo. "É preciso capacitar e vocacionar as crianças do sistema público no desenvolvimento de habilidades para as profissões do futuro e para a vida nesse ecossistema digital", diz Carlos Baigorri, presidente da Anatel.
Em entrevista à Bússola, ele fala sobre os desafios de levar conexão para áreas remotas do Brasil como o interior da Amazônia, sobre soluções possíveis — como fibra óptica ao longo dos rios ou via satélite —, e sobre o projeto que prevê levar conexão para as 13 mil escolas ainda sem internet no país.
Esses e outros temas relacionados à chegada no Brasil da quinta geração de internet móvel serão debatidos na próxima quinta-feira, 22 de setembro, em Manaus, durante o seminário 5G.br Manaus, promovido pelo Ministério das Comunicações (MCom).
O evento, que acontece no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques, discute os benefícios da quinta geração de internet móvel e as perspectivas da evolução tecnológica na região amazônica, em especial na indústria e na educação. Para se inscrever, basta preencher um formulário no site do evento.
Bússola: Conectar regiões remotas como a Amazônia já é um enorme desafio. Porém, mais que conectar, é importante habilitar as pessoas para que possam usufruir da tecnologia. O Brasil está preparado para oferecer conectividade ao mesmo tempo que promove essa alfabetização digital para as populações das áreas mais remotas?
Carlos Baigorri: Levar a conectividade é apenas o primeiro passo para mudar a realidade da população da região amazônica. Diante disso, a política pública do governo federal, e o edital da Anatel, conforme essa política pública, previu a destinação de mais de R$ 3 bilhões do edital do 5G para viabilizar a conectividade em escolas públicas estaduais e municipais.
Não é a conectividade por si só, mas também a viabilização de um programa pedagógico digital de forma a capacitar e vocacionar as crianças do sistema público no desenvolvimento de habilidades para as profissões do futuro e para a vida nesse ecossistema digital.
A abordagem do Estado brasileiro é dupla. Ao mesmo tempo que, por meio do leilão se leva conectividade, 5G e uma velocidade muito grande de acesso à internet, por outro lado, se levam essas medidas para garantir que as crianças brasileiras estejam devidamente alfabetizadas e capacitadas para viver na plenitude o mundo digital.
O projeto de conectividade nas escolas prevê ainda a capacitação de professores e toda a comunidade escolar para que eles possam também estarem aptos para aproveitar todas as potencialidades do mundo digital.
Uma das soluções possíveis para levar a internet para locais de difícil acesso são os satélites de baixa órbita. A rede de satélites Starlink, da SpaceX, empresa de Elon Musk, já tem o aval da Anatel para oferecer serviço de internet por satélite no Brasil. Essa seria uma solução viável para oferecer internet para as áreas rurais na Amazônia?
De fato, as soluções satelitais são as principais formas de levar conectividade a regiões que são geograficamente desafiadoras, como são as da região amazônica. Hoje o Brasil possui diversas opções de conectividade por satélite, seja em satélites de alta órbita, média órbita ou baixa órbita. Essas satelitais são muito adequadas para levar rapidamente conectividade ao interior da região amazônica
Entretanto, a aposta da política pública é de levar conectividade por meio de fibra óptica, uma vez que ela permite maior estabilidade na conexão, uma maior velocidade e uma latência menor. A experiência toda de uso por meio da fibra óptica é melhor.
Dessa forma também foram destinados alguns bilhões de reais no edital do 5G para construção de uma uma rede de fibra óptica ao longo dos rios da região amazônica, no projeto Amazônia Integrada e Sustentável.
Com essa rede que está sendo construída, podemos chegar com fibra óptica nos municípios, no interior da amazônia, de tal forma que a conexão à internet seja mais adequada.
Esse projeto não vai resolver todos os desafios da região. Onde não conseguirmos ter uma abordagem por meio da fibra óptica, as soluções satelitais são muito adequadas.
O Brasil entrou na pandemia com 4,3 milhões de estudantes sem acesso à internet. Agora, o leilão das frequências de 5G arrecadou R$ 3,1 bilhões para levar conexão às escolas públicas. Como isso vai se dar na prática?
O edital estabeleceu a criação de um grupo e de uma entidade para fazer a conexão das escolas. Participam a Anatel, o Ministério das Comunicações e o Ministério da Educação. Neste momento, está sendo realizado um projeto piloto com 131 escolas em dez municípios brasileiros de todas as regiões do país, para testarmos modelos e soluções para levarmos conectividade, mas também apoio em termos de equipamentos e capacitação, para que as escolas passem por uma transformação digital.
Esse grupo — o Gape —, coordenado pelo conselheiro Vicente Aquino, está em processo de realização desse piloto, e a partir dos aprendizados, poderemos estender esse piloto para as mais de 13 mil escolas que hoje não têm conexão com a internet.
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