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Os 50+ passam de 55 milhões de brasileiros; ou você já é ou será

Metade da população mundial já sofreu atitudes discriminatórias devido à idade, aponta relatório da OMS

 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Publicado em 7 de março de 2022 às 16h43.

Última atualização em 7 de março de 2022 às 17h08.

Por Mauro Wainstock*

Os 50+ já são mais de 55 milhões de brasileiros.

Ou você já está neste grupo ou em breve vai pertencer a ele. Assim eu espero!

Também torço para que você nunca precise enfrentar o etarismo ou ageísmo (preconceito etário).

Trata-se de uma lamentável realidade. O relatório “Global Report on Ageism”, produzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), alertou que metade da população mundial já sofreu atitudes discriminatórias devido à idade.

São bilhões de pessoas. Inacreditável!

No prefácio do documento da OMS, o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatiza: “O preconceito de idade tem consequências sérias e de longo alcance para saúde, bem-estar e direitos humanos das pessoas e custa bilhões de dólares à sociedade”. Com certeza!

Particularmente no ambiente de trabalho, esta discriminação é vivenciada por mais de 55% dos profissionais no mundo, de acordo com recente pesquisa do portal DiversityInc.

Outro número impressionante foi revelado pela Comissão de Direitos Humanos da Austrália: se 5% mais pessoas com 55+ estivessem trabalhando, o país teria um acréscimo de cerca de US$ 35 bilhões na economia anualmente.

E o que acontece nos Estados Unidos, país liderado por Joe Biden, de 79 anos?

De acordo com o Federal Reserve, 53,2% do patrimônio das famílias dos EUA é controlado pelos baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964).

No entanto... veja o que os estudos concluíram:

“US$ 850 bilhões foram perdidos em produtividade, em apenas um ano, por causa do preconceito etário” — The Economist Intelligence Unit.

“Em 2020, 78% dos americanos 50+ foram vítimas do etarismo no ambiente profissional” — Generations Today.

E tem mais: a Equal Employment Opportunity Commission recebeu mais de 14 mil denúncias de discriminação por idade e obteve US$ 76 milhões em compensação para os reclamantes.

Enquanto isto, no Brasil...

Você sabia que, de acordo com pesquisa realizada pela FGV, a população 60+ tem o maior poder aquisitivo entre todas as faixas etárias?

E que 76% dos brasileiros 50+ são a única ou a principal fonte de renda das residências do país? Esta foi uma das conclusões do estudo “Diversa-Idade”, realizado pela GNT/Rede Globo.

A previsão do IBGE é de que, até 2050, 30% da população do país seja formada por pessoas 60+.

A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995 Art. 1º, é direta: “É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade”.

Na maioria das vezes o preconceito se apresenta de forma velada: levantamento realizado pela plataforma InfoJobs apontou que 70,4% dos profissionais com mais de 40 anos já sofreram preconceito no mercado de trabalho por conta da idade.

Não se trata apenas de números frios. Todos somos extremamente influenciados de alguma forma pelo impacto causado por este nocivo comportamento.

O “Guia de Gerações”, desenvolvido pela TIM Brasil em parceria com o HUB 40+, consultoria de diversidade etária, traz uma construtiva provocação: “Quem nunca ouviu alguém receber uma crítica sobre seus cabelos brancos? Quem nunca percebeu a restrição de idade em uma vaga de emprego?”

Neste sentido, surgiu o “Atualiza”, movimento criado por especialistas para combater toda e qualquer forma de discriminação baseada na idade.

De acordo com o grupo, “a convivência multigeracional é geradora de valor. A interação de pessoas de diversas idades e experiências alimenta e potencializa as relações entre equipes e pessoas, melhora a cultura interna e ajuda na tomada de decisões”.

Já o “Guia para Jornalistas na Cobertura do Envelhecimento”, elaborado pela Dínamo Editora, com o apoio da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, enumera alguns “mandamentos”, entre os quais:

  • Não usarás o diminutivo “Velhinho” e outros que infantilizam a velhice. Idosos não são crianças.
  • Não divulgarás informações sobre novos medicamentos “milagrosos” para a cura do Alzheimer ou, pior, para a “cura” do envelhecimento.
  • Não associarás velhice com decrepitude ou degradação. Trata-se de linguagem pejorativa quando tirada do meio científico. O termo “velho” também pode ser associado a algo gasto, por isso alguns idosos se sentem ofendidos com ele.
  • Deixarás no passado termos como “asilo”. A palavra ficou associada a locais que abrigavam idosos abandonados. O conceito de “Instituições de longa permanência”, que são residências para idosos que não podem mais continuar em suas próprias casas ou com suas famílias, é totalmente diferente.
  • Lembra-te de que idosos também são fontes. Eles devem ser ouvidos — e não apenas em reportagens sobre doenças.
  • Coloca-te no lugar do idoso ao escrever sobre ele. Quanto falta para você completar 60 anos? Você vai chegar lá!

E, por falar em 60+, tive o privilégio de participar, a convite do LinkedIn, de uma live com a empresária Luiza Helena Trajano que, com a experiência acumulada em seus 70 anos, sugeriu: “Temos de substituir o preconceito pelo pós-conceito”.

Disse tudo!

Não basta não ser etarista, é preciso atuar como antietarista. Ou você já é ou será. Assim eu espero!

*Mauro Wainstock tem 30 anos de experiência em comunicação. Foi nomeado LinkedIn Top Voice e atua como mentor de executivos sobre marca profissional. É sócio-fundador do HUB 40+, consultoria empresarial focada no público acima dos 40 anos.

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