Funcionário realizando manutenção em columbário, espaço dedicado a urnas funerárias (Grupo Zelo/Divulgação)
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Publicado em 4 de abril de 2024 às 07h00.
Última atualização em 4 de abril de 2024 às 10h19.
Por Lucas Provenza*
Os crematórios fazem parte da história recente do Brasil, sendo o primeiro construído em São Paulo, em 1974. De acordo com dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), entre 8% a 9% dos mortos no país são cremados. Enquanto isso, em países como os Estados Unidos, essa taxa está próxima dos 40%. No Japão 98% dos falecidos são cremados. No ano passado, as cremações realizadas pelo Grupo Zelo no Brasil, representaram 26,4% do total de serviços cemiteriais da empresa.
O fato é que, mesmo após 50 anos de prática, o avanço ainda esbarra em diversos fatores como a burocracia, a desinformação sobre o tema, o tabu da morte e, até questões religiosas.
De acordo com a Lei Federal nº 6.015, a cremação só pode acontecer mediante “declaração de vontade” registrada em cartório pelo indivíduo ou por meio de autorização de parente de primeiro grau juntamente com duas testemunhas. É preciso, ainda, que haja laudo de óbito assinado por dois médicos ou um médico legista. No caso de morte violenta, é necessária autorização judicial.
No aspecto religioso, em um país onde 89% da população acredita em um poder superior, conforme pesquisa da Global Religion 2023, também se leva em consideração as diferentes visões que pautam as diretrizes em torno desse processo.
Mas, mesmo diante de um cenário controverso e conservador, temos notado um importante crescimento na demanda pela prática nos últimos anos. Acredito que essa tendência esteja diretamente relacionada com a nova perspectiva sobre a morte herdada da pandemia e também pela democratização e avanço dos planos funerários no país, ampliando o acesso à esta prática.
Em dezembro de 2023, por exemplo, o total de planos do Grupo Zelo contratados com a opção de cremação ultrapassou a marca de 39 mil. Um levantamento nacional feito com a nossa base de prestação de serviços, que hoje possui mais de 200 unidades espalhadas por 13 estados e no Distrito Federal, sendo sete crematórios, apontou um crescimento de 72,76% na demanda pela cremação, comparando os últimos trimestres de 2022 e de 2023. Temos notado essa mudança inclusive no perfil socioeconômico das famílias que optam por este serviço
Observo que, com mais informação e cultura de planejamento entre as famílias, vem caindo por terra o senso comum de que esta é uma despedida para poucos. Por muitos, anos criou-se em torno da cremação, o mito de que é uma opção mais cara em relação ao sepultamento tradicional, o que não é verdade. Um dos aspectos que torna o custo-benefício mais atraente, por exemplo, é o fato de não precisar de um jazigo, que demanda um investimento inicial e custos de manutenção periódica.
A possibilidade de eternizar as memórias dos entes queridos de diversas formas, personalizando ainda mais a despedida, também é vista por muitos como uma vantagem. Após o processo, as famílias podem escolher levar as urnas ou guardá-las em columbários, que são espaços específicos para este fim, presentes nos cemitérios ou memoriais velatórios.
Seguindo a tendência de crescimento da prática no Brasil, os serviços de cremação pet também tiveram um aumento significativo entre os clientes do Grupo Zelo. Existem cemitérios e crematórios voltados exclusivamente para animais.
Seja dentro dos planos funerários ou de forma particular, os tutores podem optar até mesmo por realizar um velório e receber uma urna exclusiva do pet, para dar o destino desejado, preservando a memória daquele membro da família. Comparando o terceiro e quarto trimestre de 2023, no Grupo Zelo, a cremação de pets teve aumento de 60,2% na demanda.
Vejo como positiva e importante toda essa movimentação do mercado funerário e o crescimento nas demandas relacionadas ao setor nos últimos anos. O aumento nas cremações é mais um degrau que alcançamos nesta jornada. A pandemia desdobrou um novo cenário, que veio de encontro a consolidação do conceito de cuidado com a morte no Brasil. O que as famílias encontram hoje é um segmento mais bem estruturado, sem deixar de lado o atendimento humanizado.
*Lucas Provenza é CEO do Grupo Zelo.
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