Condições que permitam aos colaboradores desconectar-se nos horários de descanso serão fundamentais para prevenir o esgotamento (fizkes/Getty Images)
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Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 15h00.
Saúde mental no trabalho é um assunto sério, que pode impactar o desempenho até mesmo das empresas mais bem organizadas e com números de investimento mais expressivos.
Dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) revelam que cerca de 30% dos profissionais brasileiros sofrem de burnout, impactando diretamente o bem-estar dos colaboradores e o desempenho financeiro das empresas.
Um estudo da Vittude, de programas de saúde mental corporativos, em parceria com o Opinion Box, aponta que 40% das pessoas percebem o trabalho como uma fonte significativa de estresse e desgaste mental.
Nos próximos meses, mudanças regulatórias irão redesenhar as prioridades corporativas, como a Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1), que exigirá o gerenciamento de riscos psicossociais nas empresas. Com essas alterações, a saúde mental, antes vista como um diferencial, torna-se uma exigência no ambiente de trabalho.
Para ajudar as companhias de diversos tamanhos a se preparar, especialistas listam cinco tendências desse setor para 2025:
A NR-1, em vigor a partir de maio de 2025, passa a demandar que organizações incluam o mapeamento de fatores psicossociais em seus relatórios de gerenciamento de riscos, a serem apresentados periodicamente ao governo. "Será obrigatório identificar parâmetros psicossociais, adotar medidas preventivas contra o adoecimento mental, gerenciar a sobrecarga de trabalho e promover ambientes saudáveis, livres de assédio", explica Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude.
Investir em programas de saúde mental deixará de ser um diferencial e se tornará uma vantagem estratégica no mercado de trabalho. "Empresas que priorizam o bem-estar de seus colaboradores serão mais atrativas para talentos, especialmente das novas gerações, que valorizam ambientes que promovam equilíbrio e qualidade de vida", afirma Tatiana.
Equipes só prosperam em ambientes onde se sentem seguras para se expressar sem medo de julgamentos. Sendo assim, o treinamento de líderes será crucial para sustentar essa segurança psicológica. Carine Roos, especialista na criação de ambientes corporativos humanizados e CEO da Newa, consultoria de impacto social, afirma que "urge a necessidade de se criar uma cultura organizacional que promova confiança, empatia e resiliência, de modo que as pessoas sintam-se seguras em seu ambiente de trabalho e em suas vidas cotidianas. Priorizando o descanso e a saúde mental, as organizações criam uma cultura de valorização e respeito, em que os colaboradores se sentem à vontade para compartilhar ideias, buscar apoio e colaborar sem receio de julgamentos".
O uso de tecnologia para promover a saúde mental ganhará força em 2025. Ferramentas como aplicativos de meditação, plataformas de telepsicologia e sistemas de análise de bem-estar ajudarão empresas a monitorar e apoiar a saúde emocional de suas equipes.
"Empresas que investem em soluções tecnológicas para mapear fatores de risco, oferecer apoio psicológico remoto e promover atividades preventivas se posicionam à frente no cuidado com seus colaboradores", explica Tatiana. Além disso, essas ferramentas possibilitam abordagens personalizadas e acessíveis, aumentando o engajamento dos funcionários com programas de saúde mental.
Com a crescente demanda por jornadas de trabalho flexíveis, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional será uma prioridade. Empresas que revisam suas políticas para evitar sobrecarga, como a implementação de semanas reduzidas ou políticas de "desconexão digital", terão melhores resultados no combate ao burnout.
"Condições que permitam aos colaboradores desconectar-se nos horários de descanso serão fundamentais para prevenir o esgotamento e aumentar a produtividade no longo prazo. Isso demonstra um comprometimento das organizações com a qualidade de vida de suas equipes, gerando retenção de talentos e satisfação", finaliza Carine.
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