Bússola

3 perguntas sobre novas gerações rurais para Cristiane Nascimento, da FNO

Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade da Fundação Norberto Odebrecht já mudou a vida de muitos jovens na Bahia

Fundação Odebrecht (Fundação Odebrecht/Divulgação)

Fundação Odebrecht (Fundação Odebrecht/Divulgação)

B

Bússola

Publicado em 22 de abril de 2022 às 15h35.

Última atualização em 22 de abril de 2022 às 15h36.

Todo ano mais de dez mil beneficiários diretos e indiretos são atendidos e 150 comunidades impactadas no Baixo Sul da Bahia pela Fundação Norberto Odebrecht. A região é conhecida por baixos IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano), mas os números tiveram melhorias nos últimos anos.

O trabalho constante da entidade é feito com o objetivo de preparar adolescentes, de 14 a 18 anos para uma vida no campo com mais recursos, fortalecendo a agricultura familiar e as comunidades onde se encontram.

Para saber mais sobre o trabalho da fundação no estado, a Bússola ouviu Cristiane Nascimento, responsável por Sustentabilidade, Parcerias e Comunicação e líder do PDCIS (Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade), da Fundação Norberto Odebrecht.

Recentemente, a especialista apresentou sua dissertação de mestrado que teve como tema o impacto do programa na população local.

Bússola: Existem diversos programas no país voltados para o adolescente e o jovem. Qual o diferencial do PDCIS?

Cristiane Nascimento: O programa olha para o adolescente e jovem rural, da agricultura familiar, e leva a educação para o desenvolvimento sustentável, preparando-o para ser protagonista da sua vida no campo. Ele é preparado para ser líder da sua comunidade e aprende a usar a tecnologia para gerir melhor a sua própria cultura, entre tantas outras coisas.

A população rural é considerada, pela ONU, como vulnerável, por ter pouco acesso às políticas públicas, mas com o programa é possível que eles mesmos se organizem cada vez mais. Desta forma, ele não está alienado do mundo, está mantendo a sua tradição familiar agrícola com orgulho, ao mesmo tempo que a moderniza e leva a comunidade consigo.

No método de Pedagogia da Alternância, no qual o aluno passa uma semana morando na escola para cada duas que recebe visita dos monitores em casa, que são profissionais especialistas em ciências agrárias. Desta forma, realmente tem a oportunidade de aplicar, com apoio da família, tudo o que aprende dentro da sala de aula. O programa tem como principal diferencial o olhar atento para o jovem da zona rural e seu contexto, sem tentar tirá-lo de lá, mas enriquecendo-o no seu próprio ambiente.

Bússola: Em 19 anos, certamente já existe muita experiência acumulada. Quais foram as principais conquistas desse período e como o PDCIS está hoje?

Cristiane Nascimento: Diversas! Destaco aqui dois grandes marcos recentes do PDCIS: o primeiro foi um estudo independente, realizado em 2018, que comprovou que para cada R$ 1 investido no Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade, PDCIS, R$ 2,13 retornam em benefícios para a sociedade. Outro resultado do estudo foi evidenciar que 65% das famílias que participam do programa, diminuíram a dependência de programas assistencialistas.

Dados amostrais deste estudo apontam que 84,89% dos atendidos afirmaram ter orgulho do campo e querer ficar, enquanto 88,38% dizem ter confiança nos conhecimentos adquiridos e querem trabalhar com a terra. Nos grupos de controle, que não participam do programa, esses dados são 59,46% e 52,63%, respectivamente. Esses números são resultado de aprender a cuidar melhor das próprias culturas e tornarem-se embaixadores na comunidade em que estão.

O segundo grande marco foi a sistematização da tecnologia social do PDCIS iniciada em 2019 e concluída em 2020, com a catalogação da memória, conceitos e práticas do programa social resultando em uma publicação muito completa sobre toda nossa história e vivência. A partir disso, entendemos a oportunidade de levar essa tecnologia para outros lugares e é para isso que temos trabalhado desde então.

Bússola: O programa atinge em média dez mil beneficiários por ano em mais de 150 comunidades. Como ele se sustenta? É possível que cresça mais ainda?

Cristiane Nascimento: O programa se sustenta com o envolvimento de diversos agentes, desde o poder público, investidores sociais privados, Organizações da Sociedade Civil parceiras e executoras do nosso programa cujos resultados das ações seguem uma governança específica para fazer face a tudo que é investido direta ou indiretamente.

Quanto a possibilidade do programa crescer já afirmo que, sim, isso é possível e já estamos vivendo essa realidade. As bases para expansão já foram constituídas e estamos prontos para oferecer nossa tecnologia social e transformar territórios rurais com baixos índices de desenvolvimento. Um exemplo concreto deste momento, são as tratativas que estamos tendo com o poder público e iniciativa privada para expandir o PDCIS em outras regiões, a exemplo da Ocyan, que recentemente assinou um memorando de entendimentos com a Fundação para reaplicar a tecnologia social no município de Macaé, no Rio de Janeiro.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedinTwitter | Facebook | Youtube

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaEducaçãoNovonor (ex-Odebrecht)ONUSustentabilidade

Mais de Bússola

Quais foram as cinco marcas mais comentadas no Rock in Rio 2024?

O marketing brasileiro não funciona por falta de investimento nas ferramentas certas

Como a paridade de gênero nas Olimpíadas e o sucesso das Paralimpíadas inspiram mudanças sociais

Healthtech brasileira mais que dobra faturamento e capta R$ 110 mi em Série B