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3 formas de conseguir o equilíbrio verdadeiro entre carreira e vida pessoal 

Executiva da A&M, Lilian Giorgi compartilha suas práticas de equilíbrio entre carreira, família e bem-estar pessoal, com foco na sintonia e não na simetria. 

Equilibrar-se não é fazer tudo. É permitir-se estar inteira (Freepik)

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Publicado em 28 de julho de 2025 às 10h00.

Por Lilian Giorgi*

Durante muito tempo, imaginamos o equilíbrio entre vida pessoal e profissional como uma equação exata. Uma tentativa de medir, em horas e tarefas, o quanto devemos a cada área da vida. Mas a prática mostra outra coisa. Para quem vive uma rotina em que liderar projetos estratégicos divide espaço com a gestão de uma casa, refeições em família e uma agenda cheia de compromissos pessoais, equilíbrio não tem a ver com simetria. Tem a ver com sintonia.

Descobri isso não nos livros, mas nos intervalos entre reuniões importantes, nos jantares com meus filhos adolescentes e também nos momentos em que fecho o notebook e me permito dançar ballet clássico, pintar ou simplesmente ficar deitada em silêncio ouvindo o ronronar dos meus gatos. São fragmentos da minha rotina que me lembram que equilíbrio é a forma como nos mantemos inteiras, mesmo diante da multiplicidade de papéis.

Esse tema vai além do bem-estar. Ele afeta diretamente os resultados das organizações. Segundo a Gallup, profissionais que percebem um bom nível de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal têm até 21% mais engajamento. Já a ISMA-BR aponta que 70% dos trabalhadores brasileiros apresentam sintomas de estresse laboral. Estamos falando de uma questão de saúde pública, mas também de estratégia empresarial.

Na minha trajetória como psicóloga e executiva, testei muitas práticas até encontrar algumas que, de fato, se sustentam no tempo e na realidade. A seguir, compartilho três delas. Não como receita, mas como convite à experimentação.

1. Respiros com propósito: abrir espaço para o que não estava previsto

No começo da minha carreira, a ideia de deixar um espaço vazio na agenda me causava culpa. Com o tempo, percebi que são justamente esses espaços que criam a margem para o inesperado: uma conversa com alguém do time que não estava planejada, a leitura de um artigo fora da minha área, ou até um momento de introspecção ao som de uma música que me inspira.

Estudos da Universidade de Stanford mostram que pausas deliberadas favorecem a criatividade e a capacidade de resolução de problemas complexos. Hoje, agendar esses respiros não é um luxo, mas uma prática de gestão da energia. E energia, no mundo atual, é tão valiosa quanto tempo.

2. Escolhas de impacto: redefinir o que realmente vale o dia

Há dias em que temos dez demandas na mesa. Mas, com maturidade, aprendemos a perguntar: o que realmente precisa ser feito hoje? O que, se for concluído, já justificará o esforço do dia? O que eu posso delegar para as pessoas maravilhosas que integram meu time?

Essa é uma provocação que aplico não apenas ao trabalho. Também me pergunto qual cuidado pode restaurar minha energia ou qual gesto pode fortalecer um vínculo importante. Às vezes, isso significa preparar uma refeição com meus filhos. Outras vezes, é simplesmente respeitar meu limite. A Teoria do Progresso, de Teresa Amabile, nos lembra que pequenas vitórias em atividades de alto valor têm enorme impacto na motivação e no bem-estar. Não se trata de fazer mais, mas de fazer melhor.

3. Curiosidade sem função: manter viva a mulher que aprende

Muitas vezes, ouvimos que devemos aprender o tempo todo, mas quase sempre dentro de um propósito utilitário. Eu escolhi manter viva uma curiosidade que não tem meta. Aprendo por prazer. Me permito pintar aquarelas, explorar novos movimentos na dança, ler sobre temas que não estão no meu dia a dia.

A neurociência mostra que esse tipo de aprendizagem voluntária estimula áreas do cérebro ligadas à resiliência e à adaptação. E mais do que isso: nos lembra que somos mais do que cargos. Quando ampliamos nossos horizontes pessoais, ganhamos repertório para liderar com mais empatia, criatividade e presença.

Equilíbrio não é estabilidade. É presença

Nada disso acontece de forma perfeita. Há dias mais desorganizados, outros mais silenciosos. Mas existe uma decisão contínua de manter-me conectada com o que é essencial. Não busco uma vida onde tudo esteja sob controle. Busco uma vida em que eu esteja presente em cada parte dela, no trabalho, na família, em mim.

Equilibrar-se não é fazer tudo. É permitir-se estar inteira, mesmo quando os papéis se entrelaçam. E quando isso acontece, algo potente emerge: a mulher que cuida, que entrega, que sente e que transforma. Não em blocos separados, mas como um só corpo, com voz, intenção e afeto.

*Lilian Giorgi é Managing Director na A&M.

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