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151 dias na linha de combate

Médico descreve, em artigo especial para Bússola, a experiência de estar na frente de batalha num dos hospitais de campanha contra a Covid-19

No Brasil foram mais de 4,7 milhões de infectados e 150 mil mortes (Getty/Getty Images)

No Brasil foram mais de 4,7 milhões de infectados e 150 mil mortes (Getty/Getty Images)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 20h55.

Atuar na frente de batalha contra qualquer ameaça à saúde das pessoas faz parte da vocação médica. Juramos exercer a medicina de forma criteriosa e, neste ano que ficará marcado na história como o ano da pandemia do coronavírus, atuamos como um exército de profissionais que tiveram seus juramentos colocados à prova.

O início da pandemia foi marcado por incertezas e insegurança, mas nada disso nos inibiu a deixarmos em casa nossas famílias, filhos, esposas e maridos, pais e mães, e formarmos a primeira linha de combate, mesmo cientes dos riscos para nossa própria saúde. Foi preciso nos organizarmos, nos unirmos, estudarmos e nos aperfeiçoarmos para oferecer um acolhimento melhor e um tratamento mais humanizado, digno da nossa profissão.

No Hospital de Campanha do Anhembi, éramos uma equipe de 779 médicos. Trabalhamos por 151 dias até que a unidade fosse desativada. Registramos mais de 7 mil internações, com 85% de altas e 13% dos pacientes transferidos para leitos de terapia intensiva. Quase 10% de todos os casos notificados na cidade de São Paulo passaram pelo Hospital de Campanha do Anhembi no período de seu funcionamento. Os números são altos, mas a taxa de mortalidade foi menor do que 0,5%. Sem dúvida, um resultado excepcional, mas ainda há um caminho importante pela frente.

A Covid-19 já infectou mais de 40 milhões de pessoas no mundo e causou a morte de mais de 1,1 milhão de pacientes. No Brasil, até agora, foram mais de 4,7 milhões de infectados e 150 mil mortes. A vacina está a caminho, mas as previsões apontam que, até sua efetiva disponibilização, o número de mortes no mundo deve chegar a 2 milhões.

Torcemos para que esta previsão não se concretize e que o número de infectados diminua cada vez mais com os cuidados de higiene, o uso de máscara e o distanciamento social. Se isso não acontecer, estaremos de prontidão e ainda mais preparados para cuidar de nossos pacientes em hospitais públicos e privados sempre, seja de Covid-19 ou qualquer outra enfermidade, para que cada pessoa possa voltar com saúde para suas famílias.

* Vital Passos Junior é médico com especialidade em Clínica Médica e Gastroenterologia pela faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo e Diretor de Operações da OGS Saúde

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