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Zambelli vai à Justiça para barrar Renan na relatoria da CPI da Covid

Aliada de Bolsonaro, deputada tenta barrar nome de emedebista mesmo após Planalto ceder e fechar acordo por composição da comissão

Carla-Zambelli (Najara Araújo/Agência Câmara)

Carla-Zambelli (Najara Araújo/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de abril de 2021 às 18h04.

Última atualização em 19 de abril de 2021 às 18h11.

Aliada do presidente da República, Jair Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) ingressou com ação na Justiça Federal para impedir que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) seja relator da CPI da Covid.

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Com minoria na comissão, o Palácio do Planalto cedeu e aceitou o acordo fechado por senadores independentes e de oposição que definiu Renan na função. O emedebista tem feito duras críticas à gestão federal no enfrentamento da pandemia.

"A presença de alguém com 43 processos e 6 inquéritos no STF evidentemente fere o princípio da moralidade administrativa", escreveu a deputada no Twitter. Segundo ela, outros parlamentares também vão acionar a Justiça para barrar Renan.

Cabe ao relator elaborar o parecer final da CPI, podendo incluir o possível indiciamento de autoridades e recomendações sobre mudanças em legislações e outras medidas a serem adotadas. O texto, porém, deve ser aprovado pela maioria dos integrantes.

De acordo com a assessoria de Zambelli, a ação protocolada é contra senadores da CPI da Covid que se enquadrem nos casos legais de suspeição ou impedimento. O senador é pai do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB).

Repasses federais a governos estaduais são objetos de apuração da comissão. Além dele, o senador Jader Barbalho (MDB-PA), pai do governador do Pará, Helder Barbalho, integra o colegiado. Jader, porém, é suplente.

A CPI deve começar a funcionar nesta quinta-feira, 22, ou na próxima semana. O acordo fechado entre a maior parte dos integrantes prevê que Omar Aziz (PSD-AM) seja o presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) seja o vice, além de Renan na função de relator.

O Planalto agiu na semana passada para que o senador do MDB não fosse relator, uma função estratégica na CPI. Além de ser crítico de Bolsonaro, ele apoia o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os senadores bolsonaristas são minoria na comissão e o nome do alagoano deve ser confirmado. Na noite da última sexta-feira, 16 o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ligou para integrantes da comissão informando que o Executivo não tentaria boicotar mais a escolha de Renan.

Apesar disso, durante todo o fim de semana, apoiadores de Bolsonaro escreveram várias mensagens nas redes sociais contra a indicação de Renan para a função. Na tarde desta segunda, a hashtag RenanSuspeito ficou entre os assuntos mais comentados da rede social.

O ex-presidente do Senado disse ao jornal O Estado de S. Paulo desconhecer os motivos pelos quais o governo não quer ele como relator e afirmou que, se for escolhido para a tarefa, fará com a CPI investigue fatos e não pessoas. "Não sei que raiva o governo tem de mim", afirmou.

Outros investigados

Renan não é o único investigado a compor a comissão. Outros seis - quatro titulares e três suplentes - também são alvo de processos, incluindo nomes alinhados ao Palácio do Planalto, como o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI).

Até mesmo Aziz, que deve presidir a comissão, já foi alvo de operação da Polícia Federal que aponta desvios de recursos da saúde.

A investigação está relacionada ao período em que Aziz governou o Amazonas, de 2011 a 2014. A mulher do senador, três irmãos dele e um ex-chefe de gabinete chegaram a ser presos, em 2019, em um desdobramento do caso.

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