MORO E BOLSONARO: o ex-ministro disse que o presidente tentou interferir em inquéritos federais. / REUTERS/Adriano Machado (Adriano Machado/Reuters)
Ligia Tuon
Publicado em 4 de maio de 2020 às 10h58.
Última atualização em 4 de maio de 2020 às 13h24.
A avaliação negativa do governo Bolsonaro saltou sete pontos percentuais (p.p.), de 42% para 49%, após a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, diz pesquisa XP Ipespe divulgada nesta segunda-feira, 4.
Já a avaliação positiva do governo caiu 4 pontos percentuais, indo de 31% para 27%. São os piores números para o governo desde que a pesquisa começou a ser feita no início da gestão, em janeiro de 2019.
A XP/Ipespe ouviu 1.000 pessoas em todos os estados do país nos dias 28, 29 e 20 de abril, pouco após o anúncio de demissão do ministro no último dia 24. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.
A avaliação dos governadores está estável desde o início de abril em 44% de ótimo/bom, enquanto a do Congresso voltou a piorar: a taxa de ruim/péssimo foi de 32% para 40% no mesmo período.
Enquanto isso, a porcentagem daqueles que estão com "muito medo" do coronavírus foi de 41% para 48% em uma semana, enquanto a taxa daqueles que não tem medo foi de 21% para 18%.
A avaliação da atuação do governo Bolsonaro no enfrentamento da doença também vem piorando. A taxa de ruim/péssima foi de 48% para 54%, enquanto a de ótimo/bom foi de 30% para 23%.
A confiança no futuro do governo Bolsonaro também está em deterioração. A expectativa negativa para o restante do governo passou de 38% para 46% enquanto a positiva foi de 35% para 30%.
No início do governo, a expectativa positiva para o governo estava em 63% e apenas 15% dos brasileiros esperavam que o mandato fosse ruim ou péssimo.
A pesquisa mostra ainda que a nota média atribuída ao presidente caiu de 5,1 na pesquisa divulgada em 24 de abril para 4,7. A de Moro, por outro lado, passou de 6,2 para 6,5 no mesmo período.
A única personalidade política com nota média mais alta do que Moro é o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que no entanto foi de 7,8 para 7,2 desde a última pesquisa.
A parcela de entrevistados que considera que a demissão de Moro terá impactos negativos para o restante do governo ficou constante em 67%. Porém, a parcela de pessoas que acreditam que a corrupção terá aumentado ou aumentado muito daqui a seis meses explodiu e foi de 30% para 45%, um salto de 15 pontos.
Sobre o novo ministro da Justiça e de Segurança Pública, André Mendonça, 69% dizem acreditar que ele terá uma atuação com interferências do presidente, enquanto apenas 19% esperam uma atuação independente.
O levantamento mostra ainda que cresceu a percepção negativa em relação à economia. Hoje, 52% acreditam que a economia está no caminho errado, contra 47% na semana passada. Os que veem a economia no caminho certo caíram de 35% para 32%.
Sobre a melhor maneira de recuperar a economia depois da crise provocada pelo coronavírus, 62% acreditam que Bolsonaro deve mudar a política econômica, com mais investimentos do governo, enquanto 29% acham que o presidente deve manter as reformas estruturais e a redução de gastos públicos, buscando uma maior participação do setor privado.