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Chefe do MEC diz ser favorável à entrada da polícia nas universidades

Abraham Weintraub afirmou nesta terça-feira (14) que a "autonomia universitária não é soberania"

MEC: estudantes organizam greve contra o corte de 30% (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

MEC: estudantes organizam greve contra o corte de 30% (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de maio de 2019 às 14h19.

Última atualização em 14 de maio de 2019 às 14h28.

Brasília — O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou nesta terça-feira (14) ser favorável à entrada da polícia nas universidades. "Autonomia universitária não é soberania", disse, durante café da manhã com jornalistas.

Weintraub argumentou que, no passado, a regra pode ter feito sentido, mas atualmente é dispensável. "Entendo por que no passado foi criada essa soberania universitária. Mas hoje não tem necessidade de a polícia não poder entrar no campus", disse, para mais tarde completar: "Por que as universidades têm regras diferentes do resto do Brasil?".

A relação entre o ministro e universidades federais se deteriorou nos últimos dias, depois do anúncio do contingenciamento de recursos para o setor e das críticas feitas ao desempenho de cursos de Humanas.

A Associação Nacional de Dirigentes de Ensino Superior (Andifes) publicou uma nota em que ressaltou, entre os argumentos, a autonomia universitária.

Nesta terça, Weintraub se referiu às universidades como "torres de marfim" e que a autonomia das instituições deve se dar também na área financeira, com a criação de mecanismos que permitam a busca de recursos e patrocínios.

"Hoje elas não podem... Não estou falando em cobrar, sou contra cobrar dos alunos de graduação." Mas, emendou, o ideal seria a criação de mecanismos para que "empresas se tornem patronas de instituições, possam construir prédios, colocar nomes nas novas instalações", disse.

"Essas torres de marfim que a gente criou impedem que renda possa ser gerada para ser usada na pesquisa", completou.

É esperada para esta quarta-feira (15) uma greve nacional do setor de educação em protesto contra o contingenciamento de recursos do MEC, uma medida que atingiu sobretudo as universidades federais. 

Nesta terça-feira (14), o prédio do MEC amanheceu cercado por homens da Força Nacional de Segurança Pública. O secretário executivo da pasta, Antoni Paulo Vogel, afirmou que a proteção foi pedida pelo MEC.

"Temos de estar preparados para evitar qualquer tipo de problema. Simples assim." 

Weintraub se esquivou de fazer comentários sobre a greve. Durante o café da manhã, ele condicionou a liberação dos recursos bloqueados à aprovação da reforma da Previdência e não descartou novos cortes. 

Weintraub procurou ainda reduzir a importância do bloqueio sofrido pela pasta que lidera, citando outros ministérios que tiveram contingenciamentos maiores, como Defesa.

O ministro disse ter recebido 50 reitores nos poucos dias no cargo e que, de acordo com relatos, a conta das universidades está em dia e "a vida segue normal". "Se tiver algum problema, vou até o Ministério da Economia, para abrir uma exceção. A gente vai atrás", completou.

Mas, de acordo com o ministro, o impacto do bloqueio das contas seria sentido pelas universidades apenas no segundo semestre. Weintraub queixou-se de estar sendo perseguido por críticos e não poupou elogios à equipe econômica, em especial ao ministro Paulo Guedes.

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