Jair Bolsonaro: em simulação de primeiro turno ele está logo atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Ranu Abhelakh/Reuters)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 26 de março de 2022 às 09h00.
Um dos eleitores mais fiéis ao presidente Jair Bolsonaro (PL) são os evangélicos, com sua base do governo composta por diversos integrantes desta fé religiosa. Nos últimos meses, o postulante à reeleição perdeu o apoio desta parcela da população, mas recuperou de forma bastante expressiva, como refletem os números da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA.
Segundo os dados, em novembro do ano passado, 33% dos evangélicos votavam no presidente Bolsonaro em um eventual primeiro turno das eleições presidenciais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vinha logo atrás, com 30% das intenções de voto. Na pesquisa do dia 24 de março, Bolsonaro tem 54% da preferência dos evangélicos, contra 21% de Lula, 7% de Sergio Moro (Podemos), 6% de Ciro Gomes (PDT), e 1% de João Doria (PSDB).
A sondagem ouviu 1.500 pessoas entre os dias 18 e 23 de março. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-04244/2022. A pesquisa EXAME/IDEIA é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Confira o relatório completo aqui.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, explica que este crescimento entre os evangélicos se deve ao fato dos demais nomes da chamada terceira via não ganharem força nos últimos meses. "É uma reacomodação de bolsonaristas, ou de pessoas mais favoráveis ao presidente nesse momento", avalia.
Nos números gerais, se o primeiro turno das eleições presidenciais fosse hoje, o ex-presidente Lula teria 40% dos votos, e o presidente Bolsonaro estaria em segundo lugar, com 29%. Ciro Gomes e Sergio Moro teriam 9% cada.
O petista só perderia para o atual presidente em uma faixa de renda. Entre aqueles que recebem de 3 a 6 salários mínimos, Bolsonaro tem 40% das intenções de voto, contra 32% de Lula. Na parcela mais pobre do eleitorado, que ganha até um salário mínimo, é onde está a maior diferença entre os dois, neste caso em favor do ex-presidente: 46% X 19%.
A preferência dos evangélicos por Bolsonaro também é vista em um teste de segundo turno contra Lula. O atual presidente teria 60% das intenções de voto, contra 29% do petista. Brancos e nulos somam 8%, e as pessoas que não sabem são 3%.
A região Centro-Oeste é outra parcela em que Bolsonaro tem vantagem. O presidente teria 50% das intenções de voto em um segundo turno, contra 35% do petista. É a única região brasileira em que Bolsonaro venceria Lula. Em todas as outras, Lula sai na frente, sendo a maior vantagem no Nordeste (65% a 30%), seguido de Sudeste (47% X 37%), Norte (47% X 42%), e do Sul (43% X 39%).
No cenário geral de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, os números se mantiveram próximos aos da última pesquisa (de 24 de fevereiro), dentro da margem de erro. O ex-presidente ganhou 1 ponto percentual na disputa com Bolsonaro, e o atual presidente ganhou 2 pontos. Com esta alteração, o embate entre os dois está 50% X 37% das intenções de voto, em favor do petista.
Analisando os que declaram votar branco ou nulo, houve uma redução de 3% nesse grupo, em comparação com a última pesquisa, o que indica uma definição maior do eleitor conforme o dia da votação se aproxima e o cenário eleitoral fica mais claro.
Logo que lançou sua pré-candidatura, no fim do ano passado, Sergio Moro ganhou a simpatia do eleitorado e chegou a ultrapassar Ciro Gomes nas pesquisas seguintes, figurando com 11% das intenções de voto. Com o passar do tempo, o seu nome perdeu fôlego e agora ele está empatado com o pedetista, em uma simulação de primeiro turno.
Mas a situação não é só ruim para o ex-juiz e ex-ministro do governo Bolsonaro, toda a terceira via, somada, não chega a 24% das intenções de voto. Para Maurício Moura, o cenário fica cada vez mais claro que a disputa pelo Palácio do Planalto ficará entre Lula e Bolsonaro.