Bolsonaro: ex-presidente é condenado por todos os crimes apontados pela PGR (Mateus Bonomi / AFP)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 11 de setembro de 2025 às 15h51.
Última atualização em 11 de setembro de 2025 às 16h54.
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira, 11, para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por todos os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da União (PGR) na denúncia de tentativa de golpe de Estado em 2022.
A ministra Cármen Lúcia votou para acompanhar Alexandre de Moraes, relator da ação, e Flávio Dino. Luiz Fux votou pela absolvição de seis acusados em todos os crimes e para a condenação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.
O julgamento está 3 a 1 para a condenação dos acusados em todos os crimes. O ministro Cristiano Zanin, presidente da Turma, iniciará o seu voto na sequência.
"O Brasil só vale a pena porque nós estamos conseguindo ainda manter o Estado Democrático de Direito e todos nós, com as nossas compreensões diferentes, estamos resguardando isso e só isso. O direito que o Brasil impõe e que nos julgadores fazemos valer", disse a ministra ao concluir o seu voto.
Ministra Cármen Lúcia em sessão extraordinária do STF (Rosinei Coutinho/SCO/STF/Divulgação)
Os crimes pelos quais já há maioria pela condenação de Bolsonaro e mais sete réus são:
Os oito réus são:
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro fala à imprensa no Senado Federal, em Brasília, em 17 de julho de 2025 (Mateus Bonomi/AFP)
Alexandre Ramagem em sessão no Senado quando ainda era diretor da Abin (Marcos Oliveira/Agência Brasil)
Almir Garnier Santos durante cerimônia em abril de 2021
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (Adriano Machado/Reuters)
Ex-ministro da Defesa durante sessão no Senado Federal (Roque de Sá/Agência Senado/Flickr)
Ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto (José Dias/PR/Flickr)
Mauro Cid durante depoimento da CPMI dos Atos de 8 de Janeiro de 2023 (Geraldo Magela/Agência Senado/Flickr)
Antes de iniciar o seu voto, Cármen fez algumas considerações sobre o caso. A ministra destacou que a circunstância desse julgamento é de mostrar que a "lei é para ser aplicada para todos" e que os fatos narrados na denúncia não foram negados.
"O que há de inédito, talvez, nessa ação penal, é que nela pulsa o Brasil que dói. A presente ação penal é quase um encontro do Brasil com o seu passado, o seu presente e com o seu futuro", afirmou.
A ministra disse ainda que é significativo analisar o processo no ano de comemoração dos 40 anos da redemocratização e lembrou o aniversário da Constituição, em 5 de outubro.
Ao justificar a condenação dos réus, Cármen afirmou que houve método e organização das ações golpistas ao longo do governo Bolsonaro, com ataques às urnas eletrônicas e ao Judiciário. Ela afirmou que Bolsonaro era o líder da organização criminosa.
A ministra citou ainda os planos para impedir a posse do presidente Lula, como o Punhal Verde Amarelo e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A magistrada afirmou que o evento não foi "banal" e nem um passeio de domingo após o almoço.
"Eu tenho por comprovado pela Procuradoria-Geral da República que Jair Messias Bolsonaro praticou os crimes que são imputados a ele na condição de líder da organização criminosa", disse.
Cármen Lúcia também rejeitou todas as preliminares levantadas pelas defesas de Bolsonaro e dos demais acusados. Com isso, o Tribunal rejeita os pedidos de anulação da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos réus, nega as alegações de cerceamento de defesa e que o STF não deveria julgar a ação.