Aeroporto de Guarulhos (foto de arquivo): paralisação de parte das atividades em ao menos oito cidades brasileiras (Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 19 de dezembro de 2022 às 18h17.
Última atualização em 19 de dezembro de 2022 às 18h28.
A greve dos tripulantes de companhias aéreas nesta segunda-feira, 19, levou ao atraso de mais de 100 voos ao longo do dia. Parte dos pilotos e comissários entrou em greve nesta manhã, com paralisação de atividades em oito cidades brasileiras.
Até às 16h30, eram pelo menos 103 atrasos registrados.
A paralisação ocorreu em aeródromos de São Paulo, Guarulhos, Campinas, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza, das 6h às 8h. Por decisão cautelar (provisória) do Tribunal Superior do Trabalho (TST), proferida na última sexta-feira, 90% dos trabalhadores tiveram de manter suas funções no período de greve. A multa diária em caso de descumprimento foi fixada em R$ 200 mil.
A GRU Airport, concessionária que administra o terminal em Guarulhos, orienta os passageiros a procurar as companhias aéreas para saber o status dos voos.
A greve teve efeitos pequenos no início desta segunda-feira. Em Congonhas, por volta das 7h, havia quatro voos com atrasos: os 4032 e 4106, da Azul, com destino ao aeroporto de Santos Dumont e Belo Horizonte, respectivamente; além dos voos 1444 e o 1300, da Gol, com destino a Brasília e à capital mineira.
Antes disso, atrasaram voos também para Vitória e Recife. Não havia filas nem tumulto nas áreas de check-in. No saguão do aeroporto, um grupo de tripulantes fez um pequeno protesto a favor das reivindicações da categoria.
No Santos Dumont, até 8h, havia dois voos cancelados, o 4645, da Azul, com destino a Guarulhos, e o 2054, da Gol, para Confins. Já os voos em atraso eram três: o 2024, da Gol, para Campinas; o 4031, da Azul, e o 1011, da Gol, ambos para São Paulo.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que representa a categoria em greve, reivindica a reposição salarial pela inflação, medida pelo INPC, mais 5% de aumento real.
O TST media as negociações da campanha salarial da categoria, cuja data-base é dezembro. As conversas, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNE), tiveram início em outubro.
De lá para cá, foram apresentadas três propostas das empresas, recusadas pela categoria. A mais recente delas foi votada no último domingo e prometia reposição inflacionária e 0,5% de aumento real, abaixo do demandado pelos trabalhadores. O texto foi rejeitado por 76,43% da categoria.
Atualmente, o piso salarial de um comissário de voo é de R$ 2.277,43. Já o de um piloto de avião comercial é de R$ 9.400.
Além do reajuste salarial, o SNA pede que sejam respeitados os dias de folga dos tripulantes.
"A maneira pela qual a greve foi organizada respeita a decisão do TST. A operação está mantida e todos os tripulantes estão em serviço neste momento. A categoria passou por perdas nos últimos dois anos em meio à pandemia enquanto as empresas aéreas já têm números superiores aos de 2019, com querosene subsidiado pelos governos, e aumentaram o preço das passagens", diz Henrique Hacklaender, presidente do sindicato, à Agência O Globo.
Ele diz que, embora a reivindicação de aumento salarial esteja em 5%, a categoria “espera algum tipo de composição [negociação]” com as linhas aéreas. Para ele, o respeito às folgas, por outro lado, é imprescindível.
"Os tripulantes muitas vezes não têm o horário das suas folgas definido e, quando têm, essas folgas são alteradas com frequência. Ninguém quer ver o tripulante operando cansado e mal remunerado. Na última proposta, as empresas incluíram uma cláusula sobre venda de folgas, na contramão do que queremos."
Na sexta-feira, as empresas aéreas entraram com processo de dissídio para tentar barrar a greve de pilotos e comissários, que coincidiu com a alta temporada de viagens de fim de ano.
Hoje, a rotina de um piloto é composta de 12 horas seguidas de trabalho. O restante do tempo, que deveria ser dedicado ao descanso, engloba o deslocamento dos funcionários até os hotéis e, depois, a volta para o aeroporto.
Segundo Leonardo Souza, diretor de Assuntos Previdenciários do Sindicato, após o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC-117), as tripulações passaram a ser “otimizadas ao extremo”, gerando estafa entre os trabalhadores.
"O mínimo que temos de ter são 12 horas de repouso entre uma jornada e outra. Agora, elas já contam o deslocamento do aeroporto para o hotel e depois a volta. Tem localidades que as empresas estão colocando a gente para sair 1h30 antes da decolagem. Então, efetivamente, o tempo de hotel entre check-in e check-out não tem nem 10 horas" afirmou.
(Com informações da Agência O Globo)