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Voluntários deixam família e trabalho para ajudar vítimas no Rio

Morador de Nova Friburgo que perdeu a família e a casa se apresentou aos Bombeiros como voluntário

Área alagada pelas chuvas em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro (Valter Campanato/ABr)

Área alagada pelas chuvas em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 10h43.

Nova Friburgo, RJ - Numa catástrofe natural que destruiu bairros inteiros, tirou mais de 700 vidas e deixou milhares de desabrigados, os trabalhos de apoio e reconstrução não seriam possíveis sem a ajuda de voluntários.

Na Região Serrana do Rio de Janeiro, o pedido das autoridades foi prontamente atendido, e centenas de pessoas já colaboravam nos dias seguintes à tragédia.

Em meio a tantas histórias dramáticas, algumas impressionam. Leandro da Silva Machado, de 38 anos, era morador da localidade de Campo do Coelho, uma das mais afetadas em Nova Friburgo. O temporal que começou na noite de 8 de janeiro destruiu sua casa, matando sua mulher, o filho, tios e primos.

Leandro sobreviveu porque estava trabalhando no centro da cidade naquela semana. Somente na quinta-feira, dois dias após a tragédia, ele conseguiu voltar para casa e descobriu que a família havia morrido soterrada.

Apesar da profunda tristeza, ele decidiu se apresentar como voluntário no Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo.

"Eu perdi a minha família, mas sei que outras precisam de ajuda. Nessa hora a gente não tem que pensar na decepção de cada um. O que importa é a humanidade e a sensibilidade das pessoas", ele explicou.

Em Nova Friburgo, ele usa o conhecimento que tem da região e sobrevoa a cidade com as equipes de resgate, ajudando a localizar do alto as áreas ainda isoladas pelas avalanches.

Como perdeu a casa, Leandro está morando provisoriamente no próprio quartel, mas em breve ganhará um quarto na casa de uma família que deseja retribuir a boa ação do morador.


Leandro não é o único que deixou o sofrimento de lado para ajudar os outros. Histórias como a dele se repetem a cada esquina das cidades atingidas pela força das águas e mostram que a solidariedade é a palavra de ordem em meio a dor.

Leuciane Fagundes, de 21 anos, também de Nova Friburgo, não perdeu ninguém da família, mas teme pela mãe que mora em uma área de risco.

Ela conta que ouviu uma solicitação na rádio e sentiu que precisava ajudar. Decidiu faltar ao trabalho em uma confecção de roupas para cooperar com a Prefeitura e a Defesa Civil.

Em uma semana ela contabiliza colaboração no resgate de vítimas, no recebimento e na distribuição de doações. Segundo ela, todo o esforço vale à pena.

"É bem gratificante escutar um agradecimento de uma criança ou de um idoso, isso motiva bastante", diz.

Leuciane conta que faz o que está ao seu alcance para ajudar as famílias. "A sensação de participar e estar perto das pessoas é bem agradável", completa.

De acordo com a Defesa Civil, a queda de luz nas horas posteriores aos deslizamentos impossibilitou o cadastramento geral dos voluntários em Nova Friburgo.

As autoridades estimam que só na cidade mais de 1 mil de pessoas estejam colaborando nas tarefas de resgate, atendimento médico e distribuição de doações.

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