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Viúvas de acidente da Chapecoense reclamam de "abandono"

Eles também exigem respostas às perguntas sobre a responsabilidade pelo acidente

Chapecoense: eles também exigem respostas às perguntas sobre a responsabilidade pelo acidente (Jaime Saldarriaga/Reuters)

Chapecoense: eles também exigem respostas às perguntas sobre a responsabilidade pelo acidente (Jaime Saldarriaga/Reuters)

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Reuters

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 21h37.

Última atualização em 30 de agosto de 2017 às 22h57.

São Paulo - As famílias dos mortos no acidente aéreo envolvendo o time da Chapecoense estão apelando por justiça e reparações e disseram em entrevistas nesta quarta-feira que se sentem "abandonadas" pelo clube e companhias de mídia.

No mesmo dia em que jogadores da Chapecoense se encontraram com o papa em Roma, representantes da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo da Chapecoense disseram à Reuters que mais coisas precisam ser feitas para ajudá-los financeiramente e psicologicamente.

Eles também exigem respostas às perguntas sobre a responsabilidade pelo acidente.

"Não foi uma tragédia, foi uma tragédia anunciada", disse Fabienne Belle, cujo marido César Martins era fisiologista do clube. "A Chapecoense e as companhias precisam assumir responsabilidade institucional diante das vidas que eles não zelaram."

Setenta e um passageiros e tripulantes morreram quando um avião que levava a equipe da Chapecoense caiu na Colômbia no final de novembro, quando o time disputaria a final da Copa Sul-Americana, em Medellín.

Autoridades da aviação da Colômbia descobriram que a companhia aérea boliviana LaMia havia economizado combustível, fazendo com que o avião colidisse contra uma montanha antes de chegar ao aeroporto.

O chefe-executivo da companhia aérea, que foi preso e aguarda julgamento por homicídio culposo, nega as acusações. O co-proprietário da companhia era o piloto do avião e morreu na queda.

Uma das principais queixas da associação é que o clube insistiu em contratar a LaMia mesmo após os métodos da companhia terem sido questionados pelos jogadores.

Em uma viagem à Barranquilla, na Colômbia, para uma fase anterior do campeonato, a equipe foi levada da fronteira boliviana para o aeroporto em uma van que não possuía portas, disse Belle. A equipe chegou 22 horas após o planejado, o que deveria ter feito com que o clube tomasse maior cuidado com seus funcionários, dizem as viúvas.

"O que aconteceu antes determinou o que aconteceu naquela noite", afirmou Belle, presidente da associação, em entrevista em São Paulo.

"A Chapecoense fez isto antes em muitas viagens. Havia uma falta de supervisão. Uma de nossas preocupações é educacional, para garantir que isto não aconteça novamente."

O diretor de Comunicações da Chapecoense, Fernando Matos, disse que o clube se reuniu com a associação na semana passada para discutir diversos pontos levantados, mas se negou a abordar questões específicas.

"Foi estabelecido que o clube e associações não tratarão de assuntos desta natureza através de meios de comunicação", declarou Matos.

Política de seguros

Uma das principais queixas das viúvas é a falta de acesso aos documentos sobre a investigação. O grupo, que possui 54 membros de 16 famílias, não recebeu acesso aos detalhes do seguro do acidente da LaMia.

Algumas famílias foram pagas através de planos de seguros de vida, mas a seguradora do acidente ofereceu 200 mil dólares para cada família como pagamentos "humanitários", disse Belle.

"É como se fosse, aqui no Brasil a gente costuma falar, um prêmio de consolação", disse. "É claro que algumas famílias estão pensando em aceitar, porque há nove meses não tem receitas."

Sem maior transparência do clube, as famílias dizem estar lutando para conseguir maiores pagamentos.

Algumas viúvas também expressaram ressentimento com as companhias de mídia envolvidas. Vinte jornalistas de nove empresas diferentes morreram no acidente, mas as famílias de alguns também sentem que receberam pouca assistência ou informação.

"O que é mais revoltante é que todas as empresas que fazem parte desse acidente, nenhuma delas reconheceu a sua responsabilidade", disse à Reuters Mara Paiva, cujo marido Mário Sérgio era comentarista da Fox Sports. "A maioria abandonou o caso e jogou tudo para o clube."

A Fox Sports informou que "adotou todas as medidas que estavam ao seu alcance para diminuir a dor das famílias e possibilitar a elas um maior conforto". A companhia disse que não iria listar as medidas, mas que continuará a fazer tudo possível para ajudar os enlutados.

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