Christopher Garman, diretor de Estratégia para Mercados Emergentes e América Latina do Eurasia Group (Lela Beltrão / EXAME/Exame Hoje)
Vanessa Barbosa
Publicado em 14 de agosto de 2014 às 10h34.
São Paulo - A morte trágica de Eduardo Campos nesta quarta-feira não só chocou o país como também deixou o pré e o pós-eleição mais nebulosos. O PSB tem agora 10 dias para anunciar seu novo candidato à presidência. Vice da chapa, Marina Silva é a escolha mais natural.
Para Christopher Garman, diretor de Estratégia para Mercados Emergentes e América Latina do Eurasia Group, uma eventual candidatura seguida de vitória da ambientalista seria um experimentalismo político interessante.
Ele reconhece, contudo, que aos olhos dos investidores estrangeiros Marina é uma estranha. Esta e muitas outras questões estão em aberto e o trabalho para respondê-las será grande.
"Acho que a equipe econômica não deve ser desmantelada. Mas aí tem duas ressalvas a se fazer, todo o histórico politico dela envolve relações mais contenciosas dado seu ativismo ambiental; tampouco há clareza sobre sua posição macroeconômica", avaliou Garman, durante o EXAME Fórum 2020, que ocorreu nesta quarta-feira (13), em São Paulo.
Segundo ele, o perfil e história econômica da Marina Silva torna difícil de antecipar como seria sua politica econômica. "O que a gente sabe da Marina é que ela não passou pelo teste de um candidato com condições concretas de chegar lá e ganhar a presidência", pondera.
Aécio perde votos com candidatura de Marina
As campanhas eleitorais neste ano caminhavam para uma polarização que não se via há muito tempo. A estratégia politica do governo era combativa em relação ao PSDB, que tem Aécio Neves como candidato.
Na visão do analista, uma eventual candidatura da Marina pode "roubar" votos do tucano e a probabilidade de ter um segundo turno aumenta.
"Marina tem mais capacidade de imprimir uma visão renovadora e tem a vantagem de capturar um eleitorado que quer mudança ou que tenha desavenças com a politica atual ".
Agora, quem é mais provável para chegar no segundo turno, Marina Silva ou Aécio Neves?
"Ainda é cedo para cravar, mas nossa avaliação inicial é de 50% a 50%", diz Garman.
Marina no segundo turno
Na visão da consultoria, entre todos os possíveis candidatos que poderiam entrar no pleito contra Dilma Rousseff, Marina Silva era a candidata mais forte.
"Se ela chegar no segundo turno, vai ser uma eleição mais difícil para Dilma", prevê.
Ele explica que a campanha do PT se baseia em reforçar o que foi alcançado até hoje, como o aumento da renda da população e o incremento da classe média.
"É um discurso que indaga: diante dessas conquistas, em quem você, eleitor, confia para entregar suas novas demandas e críticas? Em nós que estamos aqui ou em um novo partido?"
Mas esse discurso é difícil de se encaixar com Marina, admite Garman. "Ela tem a capacidade de imprimir uma imagem de renovação que surpreendeu os analistas na última campanha eleitoral".
Na corrida eleitoral de 2010, Marina Silva abocanhou 19,33% dos votos válidos no primeiro turno.