Brasil

Vítima de racismo, árbitro vai processar o Esportivo

Márcio Chagas da Silva ficou insatisfeito com a punição aplicada ao Esportivo pelos atos racistas que sofreu em jogo do Campeonato Gaúcho


	Dilma recebeu o jogador Tinga e o árbitro Marcio Chagas, ambos com histórico recente de sofrer atos racistas
 (Reprodução/Facebook/Palácio do Planalto)

Dilma recebeu o jogador Tinga e o árbitro Marcio Chagas, ambos com histórico recente de sofrer atos racistas (Reprodução/Facebook/Palácio do Planalto)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2014 às 20h26.

São Paulo - Insatisfeito com a punição aplicada pela Justiça desportiva ao Esportivo pelos atos racistas que sofreu em jogo do Campeonato Gaúcho (multa de R$ 30 mil e perda de cinco mandos de campo), o árbitro Márcio Chagas da Silva decidiu abrir um processo cível e criminal contra o clube. "Não me sinto derrotado. Já que a punição esportiva não teve o alcance que eu imaginei, vamos partir para a Justiça comum. Vou me reunir com os advogados na segunda-feira para iniciar o processo", contou ele.

Márcio pretende abrir uma ação por injúrias racistas e também por danos materiais. No dia 5 de março, ao apitar a partida entre Esportivo e Veranópolis, em Bento Gonçalves, pelo Campeonato Gaúcho, o árbitro foi xingado de "macaco safado" antes do jogo, no intervalo e após o apito final. Além disso, ao deixar o estádio encontrou o seu carro amassado, arranhado e com bananas sobre o capô e o teto.

No julgamento da última quinta-feira, o Esportivo recebeu uma pena branda, que foi comemorada pelos seus dirigentes. O clube poderia perder pontos ou até ser excluído do campeonato. "Perdemos uma chance de dar uma basta no racismo. O que falta acontecer para que tomem uma providência? Uma tragédia?", disse, indignado, o árbitro, ao comentar sobre a decisão da Justiça desportiva no caso.

Embora secundários, os prejuízos materiais com o carro também preocupam o árbitro. "Vou ter que fazer um orçamento, pagar o conserto e aguardar. Vou atrás dos meus diretos como cidadão. Achei que essa punição fosse prever algo com relação ao conserto do meu carro. Foi provado que aconteceu dentro do clube", disse Márcio.

O julgamento de quinta-feira durou mais de quatro horas. O relator Paulo Abreu votou pela aplicação das penas máximas: exclusão do campeonato e multa. Paulo Nagelstein pediu multa de R$ 20 mil e perda de mando de campo de cinco jogos. Álvaro Paganotto seguiu o relator. Por fim, o presidente Marcelo Castro, com voto peso dois, decidiu pela multa de R$ 30 mil e perda cinco mandos para o Esportivo. O clube passa a cumprir a pena a partir deste fim de semana.

Acompanhe tudo sobre:EsportesFutebolPreconceitosProcessos judiciaisRacismo

Mais de Brasil

Justiça nega pedido da prefeitura de SP para multar 99 no caso de mototáxi

Carta aberta de servidores do IBGE acusa gestão Pochmann de viés autoritário, político e midiático

Ministra interina diz que Brasil vai analisar decisões de Trump: 'Ele pode falar o que quiser'

Bastidores: pauta ambiental, esvaziamento da COP30 e tarifaço de Trump preocupam Planalto