Brasil

Violência contra jornalistas volta a ser discutida no Senado

Além de repudiar a violência por parte de manifestantes ou policiais, participantes se opuseram às sugestões e iniciativas de criminalizar os movimentos sociais


	Protestos no Rio de Janeiro: debate sobre violência contra jornalistas voltou a ser pautado pelas ocorrências durante os protestos populares que tomaram as ruas do país a partir de junho de 2013
 (Fernando Frazão/ABr)

Protestos no Rio de Janeiro: debate sobre violência contra jornalistas voltou a ser pautado pelas ocorrências durante os protestos populares que tomaram as ruas do país a partir de junho de 2013 (Fernando Frazão/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de abril de 2014 às 15h16.

Brasília - A convite da Comissão de Direitos Humanos do Senado, parlamentares, representantes de entidades que reúnem jornalistas e empresas de comunicação e integrantes de organizações sociais como o Movimento Passe Livre (MPL) voltaram a discutir, hoje (1º), em Brasília, a violência contra profissionais de imprensa.

Embora a maioria dos casos de agressão e assassinatos de comunicadores esteja associada à cobertura policial e política, o debate voltou a ser pautado pelas ocorrências durante os protestos e manifestações populares que tomaram as ruas do país a partir de junho de 2013.

Além de repudiar a violência por parte de manifestantes ou de policiais, os participantes do debate se opuseram às sugestões e iniciativas de criminalizar os movimentos sociais e os que protestam pacificamente, defendendo que os agentes de segurança sejam melhor capacitados a lidar com a situação.

Diretor de Relações Institucionais da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), José Carlos Torves destacou que a crescente violência contra os profissionais da imprensa não está associada às recentes manifestações populares.

"Essa violência não começou com as manifestações de junho, muito menos com o assassinato doloso do cinegrafista [da TV Bandeirantes] Santiago Andrade [atingido na cabeça por um rojão disparado por dois manifestantes]. Ela já vinha crescendo muito nos últimos cinco anos", declarou Torves. Ele destacando que, na maioria dos casos, os agressores de jornalistas são os policiais e não os manifestantes. "Por isso precisamos discutir soluções e achamos que implementar um protocolo para padronizar a atuação das polícias de todo o país é fundamental".


Segundo o diretor executivo da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, cerca de 70% das agressões contra jornalistas relatadas à entidade foram cometidos por policiais militares.

Para Pedreira, além de preparar os agentes de segurança pública a lidarem com as manifestações, é preciso aproximar jornalistas e os responsáveis pelas operações a fim de que estes conheçam as especificidades do trabalho dos profissionais de imprensa.

A ANJ também cobrou que os órgãos públicos simplifiquem as exigências para as empresas interessadas em adquirir equipamentos de proteção como coletes à prova de bala - cuja compra, de acordo com Pedreira, exige autorização especial.

A entidade também é favorável à adoção de um protocolo que uniformize a atuação policial durante protestos. O texto está sendo elaborado pelo Ministério da Justiça, com a colaboração de secretários de Segurança Pública de todo o país.

Chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, Marcello Barros, reforçou que o governo federal não busca criminalizar as manifestações sociais, mas sim garantir a segurança dos próprios manifestantes e das pessoas que estejam trabalhando ou perto das aglomerações. E evitar atos de vandalismo contra o patrimônio público ou privado. "As manifestações obrigaram o Poder Público a olhar com mais cuidado para aquilo que estava ocorrendo nas ruas. Evidentemente, a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes [Santiago] trouxe muito mais calor ao tema".

Quanto ao polêmico uso de máscaras durante os protestos, ato que se quer coibir por meio dispositivos legais que regulamentem o artigo constitucional que veta o anonimanto em manifestações, o cinegrafista e integrante do Movimento Passe Livre, Clede Pereira, lembrou que muitos dos manifestantes costumam cobrir o rosto simplesmente para se proteger dos efeitos das bombas de gás lançadas por policiais, bem como para evitar futuras represálias.

Acompanhe tudo sobre:mobilidade-urbanaMovimento Passe LivrePolítica no BrasilSenadoTransporte públicoViolência policialViolência políticaViolência urbana

Mais de Brasil

Brasil pode ser líder em aço verde se transformar indústria com descarbonização, dizem pesquisadores

Cassinos físicos devem ser aprovados até 2026 e temos tecnologia pronta, diz CEO da Pay4fun

Com aval de Bolsonaro, eleição em 2026 entre Lula e Tarcísio seria espetacular, diz Maia

Após ordem de Moraes, Anatel informa que operadoras bloquearam acesso ao Rumble no Brasil