Jorge Viana: "Jorge Viana está compreensivo, mas dizendo que suspenderá toda a pauta", disse um líder da base aliada (Moreira Mariz/Agência Senado)
Reuters
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 09h58.
Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 11h09.
Brasília - O senador Jorge Viana (PT-AC), que assumirá a presidência do Senado após a oficialização do afastamento do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse a interlocutores que suspenderá as votações de projetos do interesse do governo, incluindo a PEC do teto de gastos, segundo reportagem no site do jornal O Globo nesta terça-feira.
"Jorge Viana está compreensivo, mas dizendo que suspenderá toda a pauta", disse um líder da base aliada que participou de reunião com Viana na casa de Renan na noite de segunda-feira, de acordo com o jornal.
Viana, no entanto, afirmou a repórteres ao sair da casa de Renan na noite de segunda-feira depois da reunião que ainda vai avaliar o que fazer caso assuma de fato a presidência do Senado, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello decidir pelo afastamento de Renan.
"Se eu assumir a presidência do Senado vou ter que ver o que fazer diante do calendário que nós temos e do tempo que temos até o recesso. Mas eu não vou antecipar nada antes que isso aconteça", disse o vice-presidente do Senado.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos é uma das prioridades do governo do presidente Michel Temer. A análise da proposta pelo Senado em 2º turno está marcada para o dia 13.
Pego de surpresa pela decisão do STF de afastar Renan, o Palácio do Planalto enviou emissários para dialogar com Viana e tentar conter o estrago que pode ser causado com um adiamento da votação da PEC, disseram à Reuters fontes do governo.
A avaliação do Planalto é que o senador petista é uma incógnita. Por ser de um partido de oposição, contrário à PEC, pode usar o cargo para adiar a votação. Ao mesmo tempo, a avaliação é de que Viana é conciliador e pode estar aberto a conversar.
Um assessor do PT no Congresso confirmou à Reuters que a intenção do partido é adiar as votações do interesse do governo.
"Enquanto o STF não resolver em definitivo a situação de Renan, a estratégia é ganhar tempo suspendendo a pauta. Isso prejudica o cronograma e empurra tudo para 2017", disse o assessor.
O plenário do STF deve analisar na quarta-feira a decisão liminar de Marco Aurélio, depois que Renan for notificado oficialmente da decisão nesta terça no Congresso.