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Venezuelanos buscam melhores condições de vida no Amazonas

Entre 2014 e 2015, a Polícia Federal em Manaus registrou aumento de 402% nos requerimentos para entrada no país

Manaus, capital do Amazonas: população escolher governador para mandato de 14 meses (Bruno Kelly/Reuters)

Manaus, capital do Amazonas: população escolher governador para mandato de 14 meses (Bruno Kelly/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 4 de março de 2017 às 17h27.

Última atualização em 4 de março de 2017 às 17h44.

Depois de Roraima, o Amazonas passou a ser uma opção para venezuelanos que deixaram o país em busca de melhores condições de vida. A Venezuela enfrenta grave crise política e econômica, com escassez de alimentos, e essa situação está levando a população vizinha a procurar refúgio no Brasil. Entre 2014 e 2015, a Polícia Federal em Manaus registrou aumento de 402% nos requerimentos para entrada no país.

Até outubro do ano passado, foram 782 pedidos de refúgio, 115,8% a mais que em 2015, quando foram protocoladas 367 solicitações.

O venezuelano Elias Peres chegou a Manaus no fim de janeiro com a mulher e o filho, de 4 meses. Ele conta que estava desempregado e passando fome. "Aqui, a gente come um pouco melhor. Lá ficava três dias sem comer. A Venezuela não tem nada. O governo não está ajudando em nada", afirmou.

Um grupo de trabalho, formado por 12 instituições, sob a coordenação da Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, está monitorando a presença dos imigrantes. Levantamento feito em fevereiro identificou 117 venezuelanos na capital amazonense, sendo 95% indígenas, que atravessaram a fronteira no município de Pacaraima, em Roraima. A maioria está vivendo no bairro Educandos, no centro, e na Rodoviária de Manaus em abrigos improvisados. A secretária da pasta, Graça Prola, conta que algumas famílias aceitaram ir para um abrigo público onde recebem comida e assistência de saúde. Outros imigrantes recusaram a ajuda e estão pedindo esmola nas ruas.

"O abrigo ofertado pela Arquidiocese de Manaus, da Pastoral do Imigrante, inicialmente eles recusaram. Depois, duas ou três famílias foram e ainda permanecem lá. A maioria dos imigrantes que veio para cá é formada por mulheres. Não sei se é uma prática cultural, mas é uma prática elas pedirem esmola em lugares movimentados. Isso aconteceu em Boa Vista e ocorre com regularidade em Pacaraima", disse Graça Prola.

Segundo a secretária, a maioria dos imigrantes está com a documentação pessoal e de permanência no Brasil em situação irregular. Eles informaram, no entanto, que não pretendem ficar no país por muito tempo.

"Pelo que falam, ele estão em busca de capital, de dinheiro para voltar para a cidade deles e comprar mantimentos porque lá estão sem alimentos e com fome. Alguns disseram que pretendem voltar no fim de março. Pela legislação que regulamenta a migração, eles podem e devem procurar a Polícia Federal para solicitar asilo, refúgio e ou visto de permanência. Só que essas solicitações devem ser espontâneas, não podem ser referenciadas", afirmou.

Graça Prola informou ainda que foi feita uma solicitação à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para que haja maior fiscalização nas cidades de Pacaraima e Boa vista, em Roraima, no sentido de impedir que imigrantes sem documentação embarquem em ônibus para outras cidades e estados.*Com a colaboração da TV Cultura no Amazonas

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