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Venezuela denuncia "corrupção generalizada" no governo Temer

O governo de Maduro, aproveitou a sabatina de Direitos Humanos, para alertar sobre a violência urbana, o feminicídio e a crise política instaurada no Brasil

Governo Temer: Caracas pediu que o País se "abstenha do uso da força, execuções sumárias por parte de forças de ordem" (Nacho Doce/Reuters)

Governo Temer: Caracas pediu que o País se "abstenha do uso da força, execuções sumárias por parte de forças de ordem" (Nacho Doce/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 5 de maio de 2017 às 07h40.

Genebra - O governo da Venezuela usou uma sabatina de direitos humanos do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar a corrupção no governo de Michel Temer, além das violações ocorridas no País.

O discurso, entre os mais de cem países que tomaram a palavra, foi o mais duro, refletindo a crise diplomática que existe entre Caracas e Brasília nos últimos meses.

"Estamos profundamente preocupados com a corrupção generalizada no governo", disse nesta sexta-feira a delegação de Caracas.

O governo de Nicolás Maduro tem sido criticado pelo Itamaraty por sua violência contra a oposição, em protestos nos últimos dias.

O Brasil também tem alertado sobre as ameaças para a democracia, diante das medidas adotadas por Caracas. Mas, nesta sexta-feira, foram os venezuelanos quem usaram esses argumentos para atacar o Brasil.

Caracas, por exemplo, pediu que o País se "abstenha do uso da força, execuções sumárias por parte de forças de ordem, principalmente na guerra contra as drogas".

"Pedimos medidas urgentes contra a tortura, mortes violentas e assassinatos, superlotação e condições degradantes em prisões", disse.

Ainda no que se refere à violência, a Venezuela cita a ocorrência de 5 mil mortes de mulheres no Brasil por ano, assim como 500 mil casos de estupros ou tentativas de violência sexual por ano. Os dados são do Ipea.

Além disso, o governo de Maduro pediu o "restabelecimento da democracia e estado de direito, fundamental para os direitos humanos, afetados pelo golpe de Estado contra a presidente Dilma Rousseff".

Citando a discriminação contra mulheres, indígenas, afrodescendentes e a violência contra crianças de rua, a Venezuela ainda criticou a Emenda Constitucional 95, que congela gastos por 20 anos.

A emenda, segundo Caracas, é incompatível com obrigações internacionais e vai afetar 16 milhões de pessoas.

"A situação de direitos deu um passo para trás de 20 anos, com o fim do status ministerial da pasta de Direitos Humanos", completou a delegação da Venezuela.

No total, 109 governos se inscreveram para cobrar respostas do Brasil, o que deve ocorrer durante esta sexta-feira. Mas o Broadcast apurou que países avaliam a possibilidade de usar o exame com fins políticos e levantar o debate sobre a corrupção. Outro tema será o impacto dos cortes de orçamentos nos programas sociais, também denunciado por relatores da ONU.

Países membros das Nações Unidas são obrigados a passar por uma Revisão Periódica Universal, um mecanismo criado nas Nações Unidas para examinar todos os aspectos de direitos nos países de forma regular.

Para se preparar para o questionamento, a entidade elaborou um raio-x completo sobre a situação brasileira nesse período desde o último exame do País, em 2012.

Nele, a entidade revela profundas violações de direitos humanos, regressão em assuntos como terras indígenas e a incapacidade em reduzir a violência policial e as crises nas prisões.

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