Velódromo (Fernando Frazão/Agência Brasil/Agência Brasil)
AFP
Publicado em 27 de maio de 2017 às 15h56.
Última atualização em 27 de maio de 2017 às 16h03.
O velódromo utilizado durante os Jogos Olímpicos de 2016 vai voltar a receber competições, neste final de semana, depois de oito meses fechado e em meio à polêmicas sobre o futuro incerto das instalações olímpicas, que correm risco de se tornarem elefantes brancos.
Por conta do evento Bike Rio Fest, os amantes do ciclismo de pista poderão assistir o campeonato regional do Rio de Janeiro, entre outras competições e exibições de BMX.
As instalações foram reabertas no dia 6 de maio, para acolher escolas de ciclismo e treinos de alto nível. A pista é considerada uma das mais velozes do mundo e foi espaço para a quebra de dez recordes mundiais durante os Jogos Olímpicos.
"Agora que resolvemos todas as questões administrativas, queremos otimizar ao máximo a utilização do espaço. As equipes jovens já treinam três vezes por semana e queremos receber pelo menos uma competição nacional, a cada três ou quatro meses", explicou à AFP Robert Sgarbi, vice-presidente da Federação de Ciclismo do Rio.
Antes da reabertura, e apesar dos meses de inatividade, a climatização teve que permanecer ligada ininterruptamente para preservar a pista de madeira siberiana.
"A pista foi bem cuidada, tenho certeza que será uma ferramenta importante para o desenvolvimento de nosso esporte no Brasil. Ao voltar aqui, lembrei daquela efervescência do público durante os Jogos, me deu calafrios", lembrou Gideoni Monteiro, único representante brasileiro no ciclismo de pista nos Jogos do Rio e 13º colocado na categoria Omnium.
O velódromo do Rio é o único do país com pista de madeira coberta.
"Lá em casa em treino no cimento completamente deteriorado. É a primeira vez que posso treinar numa verdadeira pista de madeira. É outro mundo, vai muito mais rápido", comemorou Giovana Montanino, 17 anos, que veio de Curitiba para participar da Bike Rio Fest.
O projeto é velho conhecido por polêmicas, como por exemplo os longos atrasos nas obras, concluídas apenas um mês e meio antes das competições. Os organizadores chagaram a cancelar os eventos teste.
O projeto custou 168,4 milhões de dólares no total, apesar de outro velódromo já ter sido construído para os Jogos Pan-americanos de 2007. O problema é que esse último não cumpria as regras exigidas pela União Internacional de Ciclistas.
Agora, oito meses após o megaevento, o Parque Olímpico se parece cade vez mais a um cemitério de elefantes brancos.
A licitação para associação público-privadaacabou sendo anulada e a administração tem problemas com a Prefeitura e o Ministério dos Esportes: os dois últimos não dão perspectivas precisas sobre a utilização das instalações, atualmente abandonadas.
Apenas o Centro Olímpico de Tênis foi utilizado com maior frequência, mas para competições de vôlei de praia, após várias toneladas de areia terem sido despejadas sobre a quadra central para receber etapa do circuito mundial.
Enquanto isso, a Procuradoria do Rio de Janeiro realizou uma audiência pública, na segunda-feira (22), para debater o legado olímpico. O órgão pediu que fosse feito um calendário para reutilizar as instalações esportivas.