Bia Miranda e Buarque: influenciadores foram alvo de operação da Polícia Civil do RJ contra jogos de azar e lavagem de dinheiro. (Reprodução/Instagram)
Agência de notícias
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 09h40.
Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 11h45.
Uma operação da Polícia Civil do Rio deflagrada nesta quinta-feira tem como alvo 15 influenciadores digitais — entre eles Anna Beatryz Ferracini Ribeiro, a Bia Miranda, neta da cantora Gretchen, e Buarque — suspeitos de promoção ilegal de jogos de azar on-line, com indícios de lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
A ação, chamada de Desfortuna, tem diligências no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais e visa a cumprir 31 mandados de busca e apreensão.
De acordo com a Polícia Civil, os influenciadores usam as redes sociais para divulgar o jogo conhecido como "Tigrinho" e outros semelhantes. Segundo os agentes envolvidos na apuração, as postagens realizadas pelos investigados contêm promessas enganosas de lucros fáceis, com o intuito de atrair seguidores para essas plataformas de apostas, que são proibidas.
No curso das investigações, foram identificados sinais claros de enriquecimento incompatível com a renda declarada pelos influenciadores, que ostentavam nas redes sociais estilos de vida luxuosos, com viagens internacionais, veículos de alto padrão e imóveis de alto valor. Relatórios de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelaram movimentações bancárias suspeitas que, somadas, ultrapassam R$ 4 bilhões.
Além da promoção de jogos ilegais, os investigados são suspeitos de integrar uma organização criminosa estruturada, com divisão de tarefas entre divulgadores, operadores financeiros e empresas de fachada. A estrutura seria usada para ocultar a origem ilícita dos recursos, caracterizando assim a lavagem de dinheiro. A polícia também identificou conexões entre alguns envolvidos e pessoas com antecedentes ligados ao crime organizado.
"Eles estavam usando as redes para divulgar cassinos on-line. Não estamos falando de casas de apostas bet e sim cassinos on-line, promessas de ganho muito elevado, chances de mudança de vida", disse o delegado Renan Mello, da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD).
De acordo com ele, os influenciadores ostentam um padrão de vida bastante elevado.
"O problema é que esses jogos não entregam chances reais de ganho. A gente descobriu que eles fazem parte de uma estrutura organizada. Nessa primeira fase estamos arrecadando telefones e contratos para saber quais são os demais grupos criminosos por trás dessas redes."
O policial esclareceu que os influenciadores ganham em cima da perda dos apostadores e para fazer publicidade dessas plataformas, o que, segundo o delegado, gera lucros "absurdos".
"Quanto mais clientes e quanto mais prejuízos, maior é ganho desses influenciadores", disse Mello.
As investigações que resultaram na operação foram desenvolvidas de forma conjunta com o Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) e com o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD) da Polícia Civil.
O GLOBO tentou contato com a defesa de Bia Miranda — que está fora do país — e Buarque, que ainda não se manifestaram. O espaço segue em aberto.
Durante as buscas, o influenciador Mauricio Martins Junior, conhecido como Mau Mau, que tem mais de três milhões de seguidores no Instagram, foi levado a uma delegacia após agentes encontrarem uma pistola com suspeita de numeração suprimida em sua casa, em São Paulo. A arma será periciada e a situação será avaliada por uma autoridade policial.
Em Minas Gerais, foram cumpridos mandados contra uma influenciadora e um aliciador de criadores de conteúdo. Veículos importados também foram apreendidos. A polícia reforçou que o grupo acreditava que, por estar fora do Rio, escaparia da atuação policial.