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Veja como foi o terceiro debate presidencial na TV

Em solidariedade a Bolsonaro, foi pedido para anular a regra de púlpito vazio para os ausentes

Candidatos em debate presidencial (Miguel Schincariol/AFP)

Candidatos em debate presidencial (Miguel Schincariol/AFP)

Janaína Ribeiro

Janaína Ribeiro

Publicado em 9 de setembro de 2018 às 18h41.

Última atualização em 10 de setembro de 2018 às 14h54.

São Paulo — O terceiro debate oficial entre os candidatos à presidência, com transmissão às 18h deste domingo, 9, pelo Estado, Rádio Eldorado, TV Gazeta, Rádio Jovem Pan e Twitter conta com seis candidatos já confirmados nesta eleição e cujos partidos alcançaram a cota mínima de cinco parlamentares para justificar a participação obrigatória: Geraldo Alckmin (PSDB); Ciro Gomes (PDT); Marina Silva (Rede); Henrique Meirelles (MDB); Guilherme Boulos (PSOL) e Alvaro Dias (Podemos). Após ter confirmado presença, Cabo Daciolo (Patriota) anunciou que não vai comparecer ao encontro.

Líder nas pesquisas e internado no Hospital Albert Einstein, na zona sul da capital, Bolsonaro não vai participar do debate. O ataque sofrido pelo candidato pode fazer com que o tom hostil que vinha norteando as campanhas seja deixado de lado. Os rivais devem evitar ataques diretos ao presidenciável do PSL e ser cautelosos ao abordar o episódio do atentado. 

Fernando Haddad (PT) não vai participar do evento porque, oficialmente, ele ainda é candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, cujo registro foi indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada. O PT tem até terça-feira, 11, para trocar de candidato e, até o momento, Haddad é o nome mais provável para o lugar de Lula, condenado e preso na Lava Jato.

Não haverá bancada destinada ao PT. Em solidariedade a Bolsonaro, foi pedido para anular a regra de púlpito vazio para os ausentes. O pedido foi atendido.

Com mediação da jornalista Maria Lydia Flandoli, debate teve cinco blocos.

Primeiro, Meirelles fez um pergunta para Alckmin sobre como o radicalismo não ajuda a resolver os problemas de saúde, educação e segurança do país e se, ele diz que prega a conciliação, como quando Bolsonaro estava ainda na sala de cirurgia, seu programa eleitoral o atacava e se isso não seria o contrário de pacificação.

Segundo Alckmin, ele nunca pregou qualquer incitação a violência. "Sou contra qualquer tipo de radicalismo".

Em sequência, Ciro Gomes dirigiu uma pergunta a Marina Silva sobre como estancar a vazão escolar. Cumprimentou a Bolsonaro, "apesar de não pensar nada como ele, mas me solidarizo".

Marina afirmou ser um momento difícil, em que faltam duas candidaturas, uma por momento judicial, outra pelo ataque ao candidato do PSL.  "Sem educação não vamos a lugar nenhum, minha proposta é que seja de qualidade, com acesso a educação integral".

Alckmin questionou Álvaro Dias sobre as Santas Casas de Misericórdia, em situação gravíssima. Quais seriam as propostas do seu governo para as Santas Casas.

Segundo Dias, há desvios em excesso. "SUS é um grande programa mal executado, os planos de saúde com problemas de ressarcimento. Ocorre que os planos são os mais beneficiados, e as agências de saúde não fiscalizam os convênios. Beneficiamos de um lado e sofremos as consequências de outro. Quem paga é o contribuinte", disse.

Segundo Alckmin, que existe a necessidade de corrigir  tabela do SUS, principalmente nos procedimentos que já estão defasados.

No início do segundo bloco, jornalista pergunta a Henrique Meirelles se ele acha moralmente correto manter dinheiro em paraísos fiscais.

O emedebista responde que a conta nas Bermudas diz respeito a uma fundação que usará o dinheiro em educação no Brasil quando ele falecer. “Isso está declarado no imposto de renda”. “É um pequeno valor declarado na receita federal”, explica.

Ciro Gomes afirmou que Meirelles é honesto, mas que “o Brasil permite de uma forma imoral que ele, que comandou a autoridade monetária, mantenha dinheiro no exterior".

Na tréplica, o emedebista ressalta que ganhou tudo que tem “com suor de seu rosto” e critica adversários que acumularam patrimônio na política.

Jornalista convidada em debate afirmou que após atentado a Bolsonaro, aumentou a divisão entre esquerda e direita e o discurso do "nós contra eles"  favorecendo o clima de extremismo que culminou no atentado contra o candidato. Foi questionado a Boulos o que o próximo presidente deve fazer para quebrar com a radicalização no sistema brasileiro.

“Primeiro temos que diferenciar o que é violência e ódio na política e o que é polarização social”, disse Boulos, citando a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), no Rio de Janeiro, e os tiros em um ônibus da caravana de Lula no Rio Grande do Sul - ambos não solucionados.

Questionado por jornalista sobre a lei dos agrotóxicos, Álvaro Dias diz que é preciso fiscalizar “com rigor” a aplicação dos produtos. Boulos afirmou ser “absolutamente contra o PL do veneno”.

“Quando nós evoluirmos e pudermos substituir a utilização dos agrotóxicos, poderemos eliminar o uso de forma irrestrita. Ou usamos ou não vamos alimentar a população mundial”, rebate Dias.

No início do terceiro bloco, Meirelles perguntou para Alckmin a respeito do crime organizado no estado de SP que "exporta facções" no país. Alckmin afirmou sobre a diminuição do número de homicídios em São Paulo de 13.000 em 2001 para 3.000 em 2017 e ter alocado presos perigosos nos presídios paulistas.

Boulos lembrou que que o Judiciário teve aumento de salário, além de magistrados como Sergio Moro utilizarem auxílio-moradia mesmo com imóvel próprio. Candidato disse que estes são “moralistas sem moral” e promete  “acabar com isso em uma canetada”.

Em sua vez de questionar, Ciro Gomes pergunta a Marina Silva sobre propostas para acabar com filas para exames e consultas com especialistas. Segundo candidata da Rede, projeto de governo é  transformar o SUS no “plano de saúde dos brasileiros”, com a ajuda do candidato a vice, Eduardo Jorge (PV) - “um dos idealizadores do SUS”.

Marina indagou a Boulos sobre os índios desterritorializados - qual sua proposta para sanar com esse problema.
Boulos afirmou que pretende em seu governo demarcar os territórios quilombolas no país, as terras indígenas, e a política de desmatamento zero.

Marina disse que os índios não podem ficar a "mercê da própria sorte. Um país com 8 bilhões de quilômetros quadrados tem lugar pra todo mundo".

No fim do terceiro bloco, foi registrado quase 60 mil interações com a #GazetaEstadaoJP e os candidatos (por ordem) com maior número de inserções na rede-social, foram: Ciro, 46%; Boulos, 18%; Marina Silva, 12%;  Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles 9%; Álvaro Dias, 6%.

As perguntas do quarto bloco foram escolhidas pelo Twitter. O candidato escolhido para responder foi sorteado e o mesmo definiu qual o adversário para comentar a resposta.

A primeira pergunta foi a respeito do Museu Nacional, no Rio. Qual a posição dos candidatos frente a ausência de verbas necessárias para a preservação e melhoria da tecnologia em museus e órgãos vinculados à cultura?

O candidato Ciro Gomes foi sorteado para responder a pergunta. "O incêndio do Museu Nacional é a manifestação trágica e aguda desse fenômeno. O Brasil impôs à nossa nação 20 anos de congelamento de investimentos em educação, saúde, segurança, ciência, cultura e tudo mais que interessa ao povo. Todos os nossos programas não serão verdadeiros e um insulto à esperança que estamos semeando se não houver revogação dessa emenda", disse. O candidato ainda afirmou que o Museu do Ipiranga é a próxima vítima dessa natureza, e questionou  Alckmin como solucionar a questão.

"Temos bom exemplo em SP com parcerias que podemos levar para o governo federal". 

A próxima pergunta foi referente aos Correios. "Qual a solução para os Correios? Privatizar ou abrir mercado para a concorrência"?

" A roubalheira, a politicagem e a falta de eficiência faz com que hoje os Correios fiquem na situação estão. O que é público não é necessariamente incompetente, ineficiente. No meu governo, vamos escolher pessoas com capacidade técnica e blindar as instituições públicas da politicagem, do toma-lá-dá-cá" - disse Marina Silva. Já Guilherme Boulos afirma que o caminho não é privatizar. "A gente sabe onde deu quando se privatizou. Temos que ter eficiência e transparência na gestão". 

Boulos discorreu sobre igualdade salarial e que criará a "lista suja do machismo". "Qualquer empresa que pague menos para mulher do que para homem não vai poder fazer negócios com o Estado e vai ter o seu nome exposto", disse. 

Sobre educação, Meirelles afirmou que deve-se dar o mínimo de direito de aprender ao estudante, "e não de passar de ano. Vamos criar o Prouni extendido às creches", disse.

 

 

 

 

 

 

 

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