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Veja a repercussão da vitória de Jair Bolsonaro na imprensa internacional

"A vitória eleitoral de Bolsonaro resulta em uma mudança radical da política no Brasil. (...) O medo da ditadura está crescendo", afirmou o alemão Spiegel

Site da revista alemã Spiegel: vitória de Bolsonaro em destaque (Reprodução/Exame)

Site da revista alemã Spiegel: vitória de Bolsonaro em destaque (Reprodução/Exame)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 20h56.

Última atualização em 28 de outubro de 2018 às 21h15.

São Paulo — A imprensa internacional repercute neste domingo (28) a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT) na disputa pela Presidência da República. Os veículos destacaram uma "mudança radical" na condução da política no país com um representante da extrema-direita no poder.

"A vitória eleitoral de Bolsonaro resulta em uma mudança radical da política no Brasil. O ex-capitão do exército quer facilitar o acesso a armas, ocupar ministérios-chave com militares e possivelmente sair do Acordo de Mudança Climática de Paris", destacou o site da revista alemã Spiegel.

Segundo a Spiegel, o Bolsonaro, "chamado por muitos como Trump brasileiro, causou indignação na campanha eleitoral com declarações misóginas, racistas e homofóbicas". A publicação também chamou atenção para o fato de Bolsonaro ter expressado admiração pela ditadura militar de 1964 a 1985.

"Pouco antes da eleição, ele [Bolsonaro] disse que só aceitaria o resultado se ele mesmo fosse o vencedor. O medo da ditadura está crescendo. De acordo com o PT, mais de 50 ataques contra partidários do PT e membros da comunidade LGBT ocorreram no país nos últimos dias", ressaltou a Spiegel.

Já o francês Le Monde, ao anunciar a vitória de Bolsonaro, destacou que o novo presidente eleito promete "mudar o destino" do país. A publicação disse que Bolsonaro também é conhecido como "Trump dos Trópicos" e afirmou que o ataque sofrido por ele no dia 6 de setembro, quando levou uma facada durante passeata em Juíz de Fora (MG), foi um "ponto de virada na campanha".

O New York Times disse que o Brasil é o mais novo país a ingressar na extrema-direita, "elegendo um populista estridente como presidente, na mudança política mais radical do país desde que a democracia foi restaurada há mais de 30 anos".

"O novo presidente, Jair Bolsonaro, exaltou a ditadura militar do país, defendeu a tortura e ameaçou destruir, prender ou exilar seus oponentes políticos. Ele conquistou um profundo ressentimento no status quo no Brasil —um país assolado pelo aumento do crime e dois anos de turbulência política e econômica— e apresentou-se como a alternativa", afirmou a publicação.

O Washington Post destacou que a eleição de Bolsonaro adiciona o Brasil à lista crescente de países onde "nacionalistas de direita ferrenhos alcançaram a vitória nas urnas", citando os Estados Unidos, a Hungria e as Filipinas como exemplos.

"Bolsonaro fez uma campanha no 'estilo Trump', que fez uso pesado das mídias sociais e prometeu renegociar os acordos de troca de informações, colocar a economia antes da preservação do meio ambiente e dar um forte impulso ao combate ao crime. Ele demonizou os opositores e polarizou a nação com sua história de denegrir mulheres, gays e minorias", afirmou a publicação.

A CNN disse que a "vitória de Bolsonaro sobre Fernando Haddad, um ex-prefeito de esquerda de São Paulo, encerra uma das campanhas políticas mais polarizadoras e violentas da história do Brasil. A recessão prolongada, a crescente insegurança e um maciço escândalo de corrupção que abalou as instituições políticas e financeiras estavam entre as muitas questões consideradas pelos eleitores."

O italiano Corriere della Sera analisou a vitória de Bolsonaro, no que ele chamou de "uma reviravolta conservadora". O jornal destacou que, "nas últimas semanas, a campanha de Haddad tentou remover sua ligação à figura de Lula, ainda preso em Curitiba, por uma condenação por corrupção".

A publicação destacou que não foram suficientes os esforços de eleitores da esquerda brasileira no último dia de campanha do Haddad de conversarem com indecisos nas ruas para tentar converter seus votos a favor do ex-prefeito de São Paulo.

O jornal também citou o apoio de juízes e promotores que investigaram escândalos de corrupção no país, além de pessoas do mundo da cultura e do entretenimento que nem sempre foram alinhadas com a esquerda.

"Toda a mobilização ocorreu com o grito de 'ele não!'. O slogan que tentou em vão evitar um passo gigante para trás com a eleição de Bolsonaro, especialmente no que diz respeito aos direitos civis. E, segundo alguns, com alguns riscos que não devem ser subestimados pela democracia", afirmou a publicação.

O jornal argentino Clarín destacou que o "capitão chegou às eleições com uma fórmula totalmente militar, completada pelo general de reserva Hamilton Mourão, agora eleito vice-presidente e que, como Bolsonaro, elogia a última ditadura em seus discursos".

"O presidente eleito do Brasil prometeu mão dura contra o crime e permitirá a venda de armas a civis, além de anunciar uma linha neoliberal na economia, com privatizações e uma queda acentuada no tamanho do Estado", destacou o Clarín.

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