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Vazamento sugere que Deltan se comunicou com desembargador do TRF-4

Deltan diz ter conversado com João Pedro Gebran Neto, relator dos casos da Lava Jato, cinco meses antes dele dar um voto sobre operador da Petrobras

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Eduardo F. Filho

Publicado em 12 de julho de 2019 às 11h44.

Última atualização em 12 de julho de 2019 às 12h22.

São Paulo - Um novo vazamento de mensagens revelado nesta sexta-feira (12) pela VEJA em parceria com o site The Intercept Brasil sugere que houve comunicações do procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, com instâncias superiores sobre casos em andamento.

As conversas são sobre Adir Assad, um dos operadores de propinas da Petrobras e de governos estaduais, condenado por Sergio Moro em 2015 a nove anos e dez meses de prisão.

O desembargador citado é João Pedro Gebran Neto, relator no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), órgão encarregado de julgar em segunda instância os processos da Lava Jato.

Cinco meses antes de Gebran anunciar sua decisão, Deltan comentou com colegas do Ministério Público Federal que o desembargador estava escrevendo seu voto mas achou as "provas de autoria fracas em relação ao Assad".

Às vésperas do julgamento, já em junho de 2017, Deltan então aciona o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, que fica em Porto Alegre, sede do TRF4.

“Cazarré, tem como sondar se absolverão assad? (…) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação…”, escreve Dalla­gnol.

É uma referência a um acordo de delação que a Lava Jato negociava em paralelo e que seria fechado dois meses depois das conversas. 

“Olha quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fosse absolver… Acho difícil adiar”, responde Cazarré. Na sequência, Dalla­gnol volta a citar o desembargador Gebran:

“Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad…”. Dalla­gnol termina pedindo ao colega que não comente com Gebran o episódio “para evitar ruído”.

Moro costuma citar, como prova de sua integridade, o fato de que a grande maioria das suas decisões foi confirmada em instâncias superiores.

Delação de Cunha

Na semana passada a VEJA publicou uma capa com diálogos entre Deltan e Moro mostrando que o então juiz era contra a delação do ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB).

As mensagens sugerem, ainda, que Moro teria orientado procuradores a anexar provas para fortalecer a parte acusatória num processo.

Ainda na semana passada, no dia que completou um mês dos vazamentos, o Intercept divulgou a primeira mensagem em áudio de Deltan.

Era uma comemoração de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que negou um pedido do jornal Folha de S.Paulo para entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Entenda os vazamentos

Desde o dia 09 de junho, o Intercept vem revelando uma série de conversas privadas que mostram Moro e procuradores, principalmente Deltan Dallagnol, combinando estratégias de investigação e de comunicação com a imprensa no âmbito da Operação Lava Jato.

Segundo as revelações, o ex-juiz sugeriu mudanças nas ordens das operações, antecipou ao menos uma decisão e deu pistas informais de investigações nos casos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O site é de Glenn Greenwald, um jornalista americano vencedor do prêmio Pulitzer por ter revelado, em 2013, um sistema de espionagem em massa dos EUA com base em dados vazados por Edward Snowden.

Como as revelações vieram a público por uma reportagem, ainda será necessária uma extensa investigação, provavelmente conduzida pela Polícia Federal, para confirmar as implicações jurídicas.

O vazamento de informações sigilosas no âmbito da Lava Jato tem sido comum desde o início da operação em 2014.

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