Vacina: imunizante contra a varíola comum tem 83% de eficácia contra a varíola do macaco. (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 2 de junho de 2022 às 16h48.
A pandemia de covid-19 ainda não teve um fim decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) porque a vacinação ainda é desigual pelo mundo, levando ao surgimento de variantes que podem aumentar significativamente o número de casos, como temos visto recentemente no Brasil, apesar das altas taxas de imunização, se comparado a outros países - incluindo mais desenvolvidos.
E antes mesmo do planeta ter uma condição mais favorável em relação ao coronavírus, uma outra doença ligou o alerta das autoridades de saúde: a varíola do macaco. Os números de casos no mundo não chegam a 300, entre suspeitos e confirmados, e os governos monitoram a situação, pensando até em estratégias de vacinação.
No Brasil, o Ministério da Saúde monitora quatro casos suspeitos de varíola do macaco. Um dos casos que está em investigação é no Ceará, e outro em Santa Catarina. Um terceiro, que pode ser suspeito, também foi relatado no Rio Grande do Sul. Há o monitoramento também de um paciente de 16 anos, no Mato Grosso do Sul. Por enquanto, nenhum caso foi confirmado no país.
De acordo com o governo federal, os pacientes do Ceará e de Santa Catarina estão isolados e em recuperação, com constante monitoramento das equipes médicas e de vigilância em saúde. "A investigação dos casos está em andamento e será feita coleta para análise laboratorial", diz a pasta.
Não existem tratamentos específicos ou vacinas contra a varíola dos macacos, mas a OMS ressalta que a vacina para a varíola tradicional, que foi erradicada com a campanha de imunização que durou até a década de 1970, é até 85% eficaz para prevenir casos da versão que se espalha hoje.
Quem nasceu na década de 1980 para frente não recebeu doses da vacina porque a doença foi considerada erradicada no Brasil em 1973. Também não há consenso na comunidade científica se quem tomou a vacina ainda tem algum tipo de proteção.
O Ministério da Saúde não tem estoques do imunizante contra a varíola, mas o ministro, Marcelo Queiroga, disse que está trabalhando com a Organização Pan-Americana da Saúde para monitorar a situação.
Caso haja necessidade, o país poderia importar doses via organismos internacionais para vacinar grupos mais vulneráveis, como profissionais de saúde, por exemplo. A vacina não seria exatamente a mesma usada décadas atrás, mas uma versão mais atualizadas.
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A varíola do macaco, ou ortopoxvirosis simia, é uma doença rara cujo patógeno pode ser transmitido do animal para o homem e vice-versa.
Seus sintomas são semelhantes, em menor escala, aos observados em pacientes antigos de varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e dorsais durante os primeiros cinco dias.
Depois, aparecem erupções — no rosto, palmas das mãos e solas dos pés —, lesões, pústulas e finalmente crostas.
A doença foi identificada pela primeira vez em humanos em 1970 na República Democrática do Congo, em um menino de 9 anos que vivia em uma região onde a varíola havia sido erradicada desde 1968.
Desde 1970, foram registrados casos humanos de "ortopoxvirosis simia" em dez países africanos. No início de 2003, também foram confirmados casos nos Estados Unidos, os primeiros fora do continente africano.
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A infecção nos casos iniciais se deve ao contato direto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou membranas mucosas de animais infectados.
A transmissão secundária, de pessoa para pessoa, pode ser resultado do contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias, lesões na pele de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados com fluidos biológicos ou material das lesões de um paciente.
"Provavelmente é muito cedo para tirar conclusões sobre o modo de transmissão ou assumir que a atividade sexual é necessária para a transmissão", disse em entrevista anterior à AFP Michael Skinner, virologista do Imperial College London, Science Center (SMC).
A "varíola do macaco" geralmente se cura por conta própria, com sintomas que duram de 14 a 21 dias.
Analisando as epidemias, a taxa de mortalidade apresentou grande variação, mas se manteve abaixo dos 10%. Estima-se que a cepa da África Ocidental, a mesma que afeta casos britânicos, tenha uma taxa de mortalidade em torno de 1%.
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(Com informações da AFP e Agência O Globo)